Capítulo XIV

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Um ano depois.

Era espantoso perceber como em um ano muitas coisas poderiam mudar, Anahí sentia na pele cada mudança dos ultimos meses, era doloroso perceber que não tinha mais volta, que não daria para continuar, aceitar aquela situação já não dava mais. Ela viu Maite conhecer um homem e se dá uma nova oportunidade, Maite tinha conhecido Ian em uma festa da escola da filha, ele estava como sobrinho e se encantou pela morena, em poucos meses os dois estavam saindo juntos e namorando, a preocupação de Maite era Analu, mas a menina tinha aceitado bem o namoro da mãe, apesar de sempre ter achado que a mãe iria ficar com o tio Mane, mas o pai de sua amiga, nunca teve a oportunidade de conhecer sua mãe, no entanto ela gostava do Ian, ele fazia bem a sua mãe, então isso era o mais importante para Analu.

Anahí acompanhou cada escolha de Dulce e Ucker para um doador de semem, após muito tempo em conversas e até terapia de casal, Ucker e Dulce decidiram pela fertilização in vitro. Mas a escolha do doador que tornava o processo difícil, nenhum agradava ao casal, e Anahí temia que isso ainda fosse pelo fato do casal não aceitar totalmente aquela realidade, aquela escolha, porque bem no fundo, Anahí sabia que Dulce ainda era um pouco resistente a ideia.

No entanto, parecia que avida de todos seguiam, inclusive Sherlyn estava de namorado novo, Andrew, enquanto ela via Alfonso cada vez mais distante, mais ausente. Chegava a casa tarde e algumas vezes nem passava o fim de semana em casa, os dois não tinham mais um momento em casal, nem longe ele parecia o Alfonso por quem tinha se apaixonado, o trabalho era sua prioridade. Ela tinha jurado a si mesma que não aceitaria mais as desculpas do marido, sempre acontecia que ele colocava o trabalho na frente do casamento, da família, ela queria muito mais do que o marido estava oferecendo, queria ser amada, respeitada e ser mãe, esse era o maior sonho da sua vida e não iria mais adiar seu sonho por causa dele, mesmo que lhe doesse na alma seguir uma vida onde ele não estaria ao seu lado, ela tinha certeza que Alfonso sempre seria o amor da sua vida, mas pela primeira vez ela se colocaria em primeiro lugar. Já estava decidido. 


Alfonso já estava impaciente, olhava para as fotos em sua mesa tentando ver o que foi que ele e Paul tinham deixado passar. Viu o amigo entrar na sala e suspirar.

Alfonso: O que foi?

Paul: O Ian acabou de me ligar, problemas na delegacia. Os dois estavam no apartamento de Paul e Ian era o delegado interino após Paul precisar se afastar do trabalho por conta da investigação.

Alfonso: Algo grave?

Paul: Não, ele precisa da minha assinatura em uma das papeladas do arquivamento daquele caso do assassinato do Henrique. Paul suspirou odiava arquivar casos por faltas de provas.

Alfonso: Acho bom então terminarmos amanhã. E vê se descansa um pouco. Repreendeu o amigo sabia que Paul estava passando por um momento difícil, faziam cinco meses que ele e Nina tinham terminado o noivado e ainda era difícil para o amigo aceitar, mas ambos sabiam que era perigosos e arriscado, ele mesmo temia pela vida da esposa, mesmo que reconhecesse que o casamento já não ia muito bem por causa dele.

Paul: Você também, e tente consertar as coisas com a Annie. Alfonso assentiu, era tudo o que mais queria, mas agora parecia que era Anahí que não estava mais disposta a salvar o casamento. E quando Alfonso chegou à casa a supresa e o choque foi grande. Anahí estava sentada no sofá e ao seu lado tinham duas malas.

Alfonso: Annie, o que é isso? Perguntou totalmente surpreso.

Anahí: Eu estou indo embora. Disse decidida.

Alfonso: Mas...mas...por que? Disse sentindo o desespero.

Anahí: Como por quê? Ela soltou um riso irônico. - Eu tenho tentado há meses, Alfonso, venho tentando salvar nosso casamento há muito tempo, mas para você o seu trabalho é mais importante. Eu juro que tentei ser compreensiva, ser paciente, mas você não para mais em casa, eu mal te vejo, você parece outra pessoa.

Alfonso: Estou em um caso importante. Tentou explicar sentindo o coração acelerar.

Anahí: Esse é o problema, você sempre está, Alfonso. Eu o admiro, admiro seu trabalho, mas preciso me colocar em primeiro lugar, pelo menos uma vez na vida. Eu te disse da última vez que esteve naquele caso do Carlos que não ia mais adiar meu sonho, Alfonso.

Alfonso:  Annie, eu posso melhorar, tentar mudar as coisas. Se aproximou dela. - Não desiste assim da gente. Pediu a olhando nos olhos, que os dois estavam sofrendo isso era nítido.

Anahí: Vamos ter um filho, Alfonso? Você vai parar com as camisinhas? Eu vou poder para com os anticoncepcionais? Perguntou já sabendo a resposta.

Alfonso: Não é o momento. Ela suspirou.

Anahí: Nunca é, Alfonso. É sempre o seu trabalho, eu te pedi uma única coisa, a coisa mais importante da minha vida e você me negou por anos, os poucos meses que tentamos não superam os anos de negação. Eu quero ser mãe, eu sempre sonhei em ser mãe de um filho seu, mas não posso mais, Alfonso, não posso mais abrir mão do meu sonho por conta do seu trabalho. Eu sinto muito que tenha terminado assim, eu te amo, eu sempre vou amar, mas não posso mais.

Alfonso: Para onde você vai? Perguntou sabendo que não teria volta, ele não poderia dar a ela o que tanto queria, não agora, não com uma quarilha no rastro dele e de Paul. Primeiro teria que por a segurança dela em primeiro lugar e não poderiam ter um filho agora, ela grávia seria ainda mais vulnerável.

Anahí: Ficarei na casa da Mai hoje, e amanhã volto para Niterói, ficarei com meus pais. Disse sentida, no fim ela esperava que ele não concordasse com a separação, lá no fundo ela tinha esperanças para que ele pedisse que ela ficasse, que insistisse mais. Alfonso assentiu sem conseguir falar nada, claro que estava doendo, a estava perdendo, mas talvez longe dele ela estaria mais segura, ele não suportaria que ela passasse pelo mesmo episódio com os capangas do Carlos, ele não se perdoaria a por em perigo novamente. - Fique bem, Alfonso e se cuida. Disse com a coração apertado.

Alfonso: Quer que eu te leve? Perguntou sem conseguir encará-la.

Anahí: Não precisa, eu liguei para Mai ela vem me buscar. Alfonso assentiu outra vez.

Alfonso: Só posso pedir que se cuide também. Ela assentiu pronta para se virar e ir embora. -Annie.. a chamou e assim que ela se virou para encará-lo ele respirou fundo. - Eu quero que seja feliz, quero que viva e realize tudo o que deseja, eu te amo e quero sempre o melhor para você, se um dia precisar de mim, se na menor possibilidade ainda me quiser eu estarei aqui para você.

Anahí: Eu também te amo, Poncho, sempre vou amar você, eu sempre vou te querer, porque você é o amor da minha vida, mas eu..só não posso mais. Disse deixando as primeiras lágrimas virem. Ele não suportava a ver chorar, ou saber que ela sentia tanta dor como ele. A puxou e a abraçou.

Alfonso: Então não vai, fica comigo. Pediu em desespero para não perde-la.

Anahí: Não posso, Poncho. Não podemos mais viver assim ,e eu sei que isso só vai mudar quando você tiver resolvido o que tem no trabalho, mas eu não posso mais, eu não posso lutar sozinha e eu preciso desse tempo, me anulei por anos pelo nosso casamento, por causa do seu trabalho, mas eu não posso mais. Mesmo que meu coração esteja sangrando eu preciso pensar em mim. Ele assentiu.

Alfonso: Eu entendo e de verdade eu entendo, só me perdoa por não poder te dar a única coisa que me pediu, mas eu não suportaria por você em perigo outra vez, você e o nosso possível bebê, caso já estivesse grávida. Ela assentiu, também o entendia. Ele a beijou, um beijo de despedida.

Quando Alfonso viu Anahi fechar a porta, desabou. Ele sempre temeu que isso poderia acontecer um dia, mas estava difícil de imaginar como seria sua vida dali por diante sem ela, não eram dez dias, dez semanas, ou dez meses, Eram dez anos dividindo a vida com ela, dez anos de muito amor, cumplicidade e felicidade. Por isso nas poucas vezes que acontecia, aquele era o momento que ele se permitiu chorar, beber e desabar em dor. E com Anahí não diferente.

Com certeza seriam momentos dificies que eles enfrentariam, e que estavam longe de acabar.


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