Direito de Mãe ✓

Capítulo XV

Com o decorrer dos dias, as coisas ainda estavam difficiles para Anahí e Alfonso, ele sentia falta dela em cada canto da casa, de como era a sensação do corpo dela ao lado do seu em todas as manhãs, do riso, das conversas, ele sentia falta de tudo, absolutamente tudo por isso nos últimos dias ele bebia até literalmente apagar, lidar com a falta dela era algo que ele não estava sabendo lidar, algo para o qual ele nunca se planejou, esta separado dela era algo que ele nunca imaginou acontecer. Então ele focava no trabalho e a noite bebia até apagar, trabalhava de ressaca e a mudança era notória para todos. Ele parecia um trapo em forma de gente. Por isso Ucker e Paul o chamaram para conversar quando já não aguentavam mais ver o amigo daquele jeito.

Paul: Eu nem imagino quanto deve estar sendo difícil a separação de vocês, mas Poncho você precisa seguir em frente, não falo no sentido de desistir dela, de desistir de viver, mas que tome um foco que mude suas atitudes, não dá para beber todos os dias, vir trabalhar de ressaca, você vai acabar perdendo seu emprego dessa forma, está sem condições de trabalhar dessa forma.

Alfonso: Ela foi embora, ela me deixou depois de dez anos, a mulher que eu amo foi embora, e eu sou um estúpido que a deixei ir, um idiota. A culpa é minha. Ucker e Paul se olharam, estava difícil.

Ucker: Se quer saber, ela não esta diferente. Confessou e ganhou total atenção do Alfonso que até então estava de cabeça baixa.

Alfonso: Ela está mal, não é? A culpa é minha. Eu ligo quase todos os dias para os pais dela para saber como ela está, mas eles nunca me dizem realmente o que esta acontecendo, acho que a Annie pede para eles não me contarem nada. Se lamentou.

Ucker: Ela esta mal sim. A Dul disse que chora todos os dias, fica trancada no quarto, não quer comer, não dorme direito. Se é para ficarem desse jeito é melhor vocês voltarem, porque vai acabar um de vocês parando no hospital.

Alfonso: Ela não quer saber de mim, Ucker. Acha que eu não pedi, que quase implorei para ela ficar? Eu pedi, mas só que não dei a única coisa que ela queria.

Ucker: E por que não deu? É um filho, Poncho. Eu sei que você quer ser pai tanto quanto ela quer ser mãe. 

Alfonso: É claro que quero ser pai, ainda mais um pai do filho dela. 

Ucker: Então pare de adiar, diga a ela, que vão ter um bebê, que vai ser diferente dessa vez, tira umas férias, vai viver um pouco.

Alfonso: Eu não posso, porra! Acha que eu nego um filho a ela porque eu quero? Eu sempre estou envolvido em casos perigosos e eu morro se por minha causa acontecer alguma coisa a ela, imagine ao meu filho, eu vou me culpar pelo resto da vida.

Ucker: Então está na hora de você rever suas prioridades, seu trabalho ou sua família. Por que ela é uma mulher linda, Poncho. Homens é que não vão faltar para dar a ela o que você não deu em dez anos. Disse saindo da sala do amigo.

Alfonso: Acha que ela vai se apaixonar por outro homem? Perguntou com medo de ouvir a resposta.

Paul: Você se apaixonaria por outra mulher? Perguntou.

Alfonso: Não tenho olhos para outra mulher a não ser a minha. Disse com convicção que o amigo podia sentir o quanto aquilo era sincero.

Paul: Então se o que ela senti o mesmo que você, o que eu tenho certeza que sente,  ela não se apaixonaria por outro homem, mas existe uma diferença entre se envolver, se apaixonar e amar alguém. Ela pode estar com alguém, mesmo sem amá-lo da mesma maneira que ama você.

Alfonso: Não suportaria ver a Annie com outro homem. Aquela mulher é minha desde os 16 anos. Tem ideia do que é construir uma vida ao lado de alguém? Me sinto totalmente sem rumo.

Paul: Então se empenhe ainda mais para resolver esse caso, para poder reconquistar a sua esposa recomeçar com ela, tire umas férias do trabalho, a leve para viajar depois que resolvermos essa investigação e depois que conseguir reconstruir sua família não coloque seu trabalho acima da sua família. 

Alfonso: A Nina terminou com você, porque você trabalhava demais. Questionou o amigo. 

Paul: Não Poncho. A Nina terminou comigo, porque estava apaixonada pelo meu irmão. O meu trabalho foi só uma desculpa para não me magoar com a verdade. Mas eu já percebia como ela olhava para ele, como parecia tentar negar o que sentia.

Alfonso: E o Ian sabe disso?

Paul: Acho que ela não teve coragem para contar, ainda mais depois que o Ian começou a namorar a sua amiga Maite. Alfonso assentiu sem dizer mais nada - Agora vai para casa, vai tomar um banho, comer alguma coisa e descanse. Amanhã você vem trabalhar e espero que venha bem.

Alfonso: Está bem, mas não vou para minha casa, tudo me lembra a Annie lá.

Paul: E para você vai?

Alfonso: Vou para casa dos meus pais, vou ficar hoje lá. Amanhã vejo o que faço.

Paul: Poncho, sem bebidas. Alertou o amigo.

Alfonso: Com certeza Dona Ruth não vai deixar eu me afogar no copo de Whisky.  

Paul: É sério, Poncho. Tenta se manter firme, mesmo que pareça difícil no momento, você precisa estar centrado para conseguir resolver tanto a vida profissional quanto a pessoal. Eu terminei um relacionamento que não chegou nem a metade do que você tinha com a Anahí e foi difícil, mas bebendo, se lamentando pelos cantos não vai resolver seus problemas no casamento e muito menos trazer a Anahí de volta. 

Alfonso: No fundo eu sei de tudo isso, mas a dor me sufoca sabe? Dói muito saber que por culpa minha ela foi embora. 

Paul: Então faça as coisas diferentes daqui por diante. 

Alfonso: E eu vou.