Capítulo IV

1.2K 73 39
                                    

Alfonso naquele dia, literalmente chegou tarde à casa. Tanto que Anahí não aguentou esperar e já dormia. Ela sabia que há algum tempo o marido sempre chegava tarde, chegou a suspeitar que ele pudesse ter outra, mas só pelo jeito como faziam amor, ou como ele era carinhoso com ela, afastou o pensamento para longe. Se ele tivesse outra mulher no mínimo estaria distante, era como ela pensava.

Ele tentou ao máximo fazer o mínimo de barulho possível para não acordar a esposa. Tomou um banho e foi esquentar o jantar. Ele odiava os dias que chegava tarde em casa, gostava de passar um tempo com a mulher antes de dormir, mas precisou ficar até tarde trabalhando, ele queria terminar aquele caso o mais rápido possível, mas parecia que nunca encontrava provas suficiente para prender definitivamente Carlos Ponce, sabia que o homem estava envolvido com mais que corrupção e ele estava como alvo. Mas mesmo com ameaças ele não ia desistir,  não ia parar até que colocasse Carlos e a corja dele atrás das grades. Ele esteve horas no fórum em uma reunião com Sérgio Mouro, os dois tinham sede de justiça. Mas o fato do caso que era pra ser em meses ter se tornou um ano, o desmotivava. E para completar as palavras de Ucker não saiam da sua mente. Era lógico que ele queria um filho com a mulher, doía muito dizer não a ela, mas no momento ele não podeira, ele não teria paz para cuidar do filho e da esposa. Mas ao mesmo tempo que queria protegê-la sentia a esposa escorrer pelos seus dedos.

Ele ainda ficou um pouco na sala vendo TV até ir se deitar. Abraçou Anahí formando uma conchinha gostosa. Ele não se imaginava sem ela, sem dormir junto a ela, eram anos juntos, uma vida juntos. No ano que vem seriam dez anos desde que a conheceu e não se arrependia de ter casado com ela. Ele dormiu sentindo o cheiro que tanto amava.

Quando Anahí despertou sentiu os braços do marido a apertando pela cintura. Nem tinha visto a hora que ele chegou, mas já imaginava que era bem tarde, se virou para o marido e o observou dormir, sorriu ao admirá-lo e ficou ali pensando em como seria se tivessem um filho, se puxasse ao pai ela iria adorar, seria perfeito para ela se o filho deles fosse parecido com Alfonso, deu um selinho nele e sentiu Alfonso resmungando, mas ainda dormia, saiu da cama sem acordá-lo. Queria preparar um bom café da manhã para os dois, foi até o banheiro e fez suas primeiras higienes do dia e seguiu para cozinha. Quando tudo já estava quase pronto ela ouviu um toque de celular, era o dele. Estava na sala, não queria acordá-lo, mas poderia ser importante, assim que pegou o aparelho viu três ligações perdidas, estava com o nome de mulher Sherlyn. Estranhou nem sabia quem era, mas após três chamadas não atendida, ela tinha mandado uma mensagem.

Poncho, precisamos conversar, ontem não deu para falarmos tudo. Acho que bebemos além da conta e esquecemos o mais importante. Kkkk

Venha até a minha casa. Bjs.

Anahí sentiu o coração apertar, ele tinha outra mulher, era isso? Quanta intimidade! A mulher o chamou de Poncho e eles tinham bebido juntos por isso tinha chegado tarde. Ela sentiu as lágrimas queimarem em seu rosto. Não queria acreditar que depois de nove anos ele a traia e não tinha coragem de contar a verdade a ela, preferia  enganá-la. Se perguntava como podia ter se enganado tanto. Ela foi para o banheiro, sentia uma vontade absurda de chorar e sabia que não ia aguentar. Era por isso que ele não queria um filho? Porque tinha outra? Por quase quatro anos ela tentou engravidar, parou com os anticoncepcionais, sabia que não poderia fazer isso, mas depois de grávida ele não poderia falar nada, mas foi inútil. Passou um ano transando com o marido sem tomar nada e o bebê não veio, fez o exame e estava tudo bem, sabia que com Alfonso também estava tudo bem, porque eles tinham feito axames pré- núpciais antes de se casarem. Então ela só podia pensar que era porque realmente Deus não queria. E agora além de não ter um filho, de ter feito a vontade do marido durante anos, ele a enganava.

Alfonso quando acordou sentiu falta da esposa na cama, abriu os olhos e realmente ela não estava. Aos poucos ele se levantou, foi até o banheiro lavou o rosto e escovou os dentes, ela não estava na cozinha, nem no outro quarto, nem na sala.

Alfonso: Annie? A chamou. - Amor? Chamou pela segunda vez pensando se ela tinha saído.

Anahí: Estou aqui. Disse entrando na sala. Ela estava no banheiro do corredor e aproveitou para lavar o rosto.

Alfonso: O que aconteceu? Disse se aproximando e a segurando pelo rosto. - Você chorou? Perguntou a observando por mais que ela tivesse lavado o rosto, os olhos vermelhos assim como o nariz denunciava o choro.

Anahí: Não é nada demais. Só tive um sonho ruim e fiquei assim por causa da Dulce também. Mentiu e ele sabia.

Alfonso: Eu te conheço. Sei que não é isso, mas quando quiser me contar. Estarei aqui. Ela assentiu. Na mesa ele tentou animá-la, mas ela estava distante, ele queria entender o que tinha acontecido para ela estar daquele jeito. Quando saiu para trabalhar deu um beijo na esposa e saiu, só no carro ele viu a mensagem. Ele dirigiu até a casa de Sherlyn para saber o que ela tinha para falar.

Sherlyn: Você demorou em. Disse assim que o viu na porta.

Alfonso: Desculpe, eu só vi sua mensagem quando estava no carro e vim direto.

Sherlyn: Entre, precisamos conversar seriamente. Disse dando passagem a ele.

Alfonso: E o menino?

Sherlyn: Está na escola, minha mãe já o levou assim poderemos conversar mais a vontade. Ele se sentou no sofá.

Alfonso: E então? Disse a observando pegar um envelope e o entregar. Ele pegou com curiosidade quando abriu quase não acreditou. - Isso é sério?

Sherlyn: Seríssimo. Disse sorrindo.

Direito de Mãe ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora