Capítulo XIV

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Notas iniciais:

Eu assistia pela minha janela
Sonhando com o que poderia ser
E se eu teria um final feliz
Eu rezava
Tentando ao máximo
alcançar o que queria
Mas quando eu tentava falar
Parecia que ninguém
conseguia me ouvir
Queria fazer pertencer
a este lugar
Mas tinha algo tão errado
com esse lugar
Então eu rezava
Para que eu pudesse
me libertar


******



POV. Charlie

Mandei Cármen preparar algo para Lúcia comer já que a mesma estava doente e não desceu para jantar, antes que eu subisse e a arrastasse pelos cabelos para que ela pudesse manter sua alimentação saudável a fim de melhorar logo, e não fazer birrinha como a mesma estava fazendo.

Cármen colocou tudo em uma bandeja e eu subi. Bati na porta do seu quarto e pouco depois ela abriu.

- Posso entrar? - pergunto.

- Entra. Coloque isso em qualquer lugar, eu como já. Eu já ia descer para jantar, mas obrigada.

- Lúcia, eu queria me desculpar novamente por tudo que aconteceu ontem e... - paro de falar assim que vejo a carta aberta em cima da sua cama.

Merda!! O que será que tem nessa carta e o que ela sabe?

- Charlie, precisamos conversar - diz serena, ao perceber para onde eu estava olhando.

- Sou todo ouvidos - falo tentando não transparecer a ansiedade e angústia por não saber o que estava acontecendo.

- Senta aqui - diz apontando para a sua cama.

- Eu estou bem em pé, e ... - ela me interrompe.

- Senta - diz mais autoritária do que o normal.

Fiz o que ela estava me pedindo, porque ninguém manda em mim.

- O que você quer me dizer, pode me explicar? - pergunto assim que me sento.

- Você quer me contar o que você faz ou eu devo acreditar em tudo o que eu li sobre você? - pergunta-me serena.

- E o que é que você sabe, exatamente, sobre mim e sobre o que eu faço? - pergunto olhando diretamente em seus olhos, como um caçador olha a sua presa antes do abate.

- Não importa o que eu sei ou acho que sei sobre você e sobre o que você faz - diz suspirando - O que importa é o que você vai me dizer. Eu quero saber de você, Charlie.

Como assim não importa o que ela sabe? Claro que importa.

- Charlie, por favor. Me diz o que eu perguntei e eu deixo você ler a carta - fala manhosa.

- O que você quer que eu diga Lúcia? Que eu sou um cafetão você já sabe e já viu como as coisas funcionam basicamente. Quer que eu te diga que além disso eu sou um traficante de armas, drogas, pessoas, órgãos e o que mais eu conseguir traficar? Quer que eu diga que sou o herdeiro legítimo de uma máfia da qual não tenho o mesmo sangue que o seu fundador, mas que como eu sempre o segui e fui seu melhor aprendiz, fui, inclusive, melhor do que seus próprios filhos e ele me deu o domínio de tudo que era dele? Quer que eu diga que mato pessoas sem nem piscar os olhos ou até mesmo de olhos fechados, sem exitar ou sem sentir remorso algum? Porque acho que você sabe disso muito bem, acho que desde que você chegou aqui você sabe disso - falei com raiva e medo evidente em meus olhos.

Eu estava com medo, mas medo de quê? Que ela deixasse a mim e a Louise assim como a Alexia fez?

- Eu não sabia, desconfiava, mas não sabia - disse-me serena - Obrigada por me contar. Se quiser ler a carta, fique a vontade.

- Você não está com medo de mim? - pergunto-lhe confuso.

- Não, você tem cuidado de mim e me protegido desde que cheguei, você e Louise estão fazendo de tudo para me deixar à vontade aqui e eu aprecio isso. Eu só precisava saber a verdade dita por você.

Não respondi, afinal, eu não sabia o que dizer a ela, apenas peguei a carta e comecei a ler. Tremi ao ler que ela sabia sobre o pai dela e sobre a nossa rixa, assim como o alerta da sua mãe em "Espero que você seja inteligente o suficiente para não se envolver com ele".

Mas, afinal, ela está envolvida comigo? Ou melhor, eu estou envolvido com ela?

Claro que não neh seu imbecil, você não se envolve mais com ninguém desde que aquela vadia mentiu para você e fugiu de você.

- Você vai procurar o seu pai para dizer que está viva? - pergunto não querendo saber a resposta.

- Não. Eu não quero alguém em minha vida que rejeitou a minha mãe. Ela pode não ter sido a melhor mãe do mundo, e temo que tudo do que nós passamos seja por culpa dele. Pelo que li na carta, minha mãe ainda o amava apesar de tudo. E ele ia me tirar dela, ia tirar a única coisa que ela tinha dele e, depois dele, da mesma e isso acabou com ela. Eu não o quero na minha vida, assim como não quero que me conte nada sobre ele - disse-me tranquila.

- Admiro muito essa sua forma de pensar. Não sei o que eu faria se estivesse em seu lugar, mas sua decisão é sábia. Se em algum momento você mudar de ideia eu te ajudo a entrar em contato com ele, sem que ele saiba que sou eu e que você pode ser algum tipo de "arma" sobre mim.

- Tá bom, obrigada. Mas não se preocupe, eu não vou procurá-lo.

Não sei o motivo, mas ouvir ela dizer isso me deixou aliviado de mais.

- Obrigado por não surtar e não abandonar a Louise. Não sei o que seria de mim se você fosse embora agora que sabe a verdade e ela ficasse depressiva pelos cantos dessa casa.

- Eu não vou embora, amo estar aqui com todos vocês. Vocês se tornaram a minha família, a família que eu nunca tive.

- Mesmo assim, obrigado mais uma vez.

Puxei Lúcia para um abraço e a senti se aconchegar entre meu peito. A sensação foi estranha de mais, mas, ao mesmo tempo, uma sensação muito boa. Era como se eu fosse a sua proteção, o seu refúgio em meio ao caos que a sua vida tinha virado nas últimas semanas.


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Notas finais:

Obrigada por lerem.

Amo vocês 😘😘❤❤

I'm not HolyOnde histórias criam vida. Descubra agora