Notas Iniciais:
"Quando você vier pra casa
Pode ser que você chegue
E descubra que eu fui embora"
(Respect - Aretha Franklin)É assim que me sinto sabendo que não poderei mais voltar para casa...
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P.O.V - Lúcia
Era para ser mais uma manhã de estudos e orações. Acordei às quatro e meia da manhã como em todos os outros dias, tomei um banho, coloquei o meu Hábito Religioso (nome das roupas das freiras, madres, noviças...), fui tomar café da manhã no refeitório junto com as outras noviças, voltei para o quarto, escovei os dentes e fui para a aula, fui a primeira a chegar, como sempre.
A professora chegou e tinham poucas meninas em sala. Não entendo como ainda chegavam atrasadas se sempre ficavam de castigo por causa disso. Na verdade eu até sei o motivo de chegarem atrasadas, Pattie e Karol sempre iam às farras juntas, davam um jeito de pular o muro e saíam, quando chegavam era em torno das 3hs da manhã, mas só porque as madres acordavam cedo e elas não queriam ser pegas fora do quarto antes das 4hs. Normalmente saiam com umas roupas que a madre superior dizia ser do inimigo, roupas de prostitutas, e maquiagem que combinava com o estilo. Elas me chamaram algumas vezes, mas nunca quis ir com elas.
No meio da aula a Madre Teresa foi me chamar na sala dizendo que Cecília (a madre superior) queria falar comigo e eu ouvi algumas meninas cochichando me chamando de santa do pau oco e que eu deveria ter aprontado alguma coisa. A Madre Teresa com certeza ouviu, pois tratou de me defender.
- Não que seja da conta de vocês, mas ela não fez nada de errado, apenas há uma pessoa esperando por ela na sala de Cecília. Que Deus perdoe os pensamentos pecaminosos e caluniosos de vocês.
Atravessei a porta e a madre a fechou com rapidez me encaminhando até a sala de Cecília. Chegamos até lá e uma mulher que não me era estranha estava me olhando como se quisesse me avaliar.
- Lúcia, sente-se – disse-me a Madre Cecília.
- Aconteceu algo? – perguntei confusa.
- Vou deixar vocês duas conversarem, vocês precisam de um momento a sós.
Madre Cecília e Madre Teresa saíram e me deixaram a sós com a mulher.
- Você está linda Lúcia. A última vez que a vi, você tinha uns seis ou oito anos.
- Eu não sei quem é a senhora, me desculpe.
- Sou Louise Kiefer, amiga da sua mãe, na verdade é por ela que estou aqui. Parei de ver a sua mãe quando ela conheceu Rodrigo e ela começou a entrar para o tráfico. Mas fui visitá-la há alguns meses e ela me falou que te mandou para cá para te proteger, e quando eu fui vê-la hoje, ela teve uma parada cardíaca, a levei para o hospital, mas infelizmente ela não resistiu, sua mãe morreu de overdose essa manhã querida. Vim te contar porque você merece saber a verdade, sua mãe a amava, nunca ache que era o contrário, ela me pediu para te entregar uma carta, mas a Madre não me deixa te entregar ela aqui. Estou organizando um funeral digno para a sua mãe e acho que você deve vir se despedir dela. Depois você ficará um tempo na minha casa se quiser e decide se quer morar comigo.
- Eu irei ao velório, mas não sei se quero ir morar contigo - falei perdida em pensamentos.
- Você tem tempo para escolher isso, vou chamar a Madre para irmos.
- Tudo bem – respondi.
Fui para o meu quarto arrumar algumas roupas enquanto Louise conversava com a Madre Cecília e pouco depois Madre Teresa entrou em meu quarto com uma mala na mão.
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I'm not Holy
AksiEla nunca quebrou uma única regra em toda a sua vida, muito pelo contrário, sempre foi muito certinha e empática com todos a sua volta. Ele nunca foi certinho, nunca seguiu os padrões, ao contrário dela, ele sempre quebrou regras e ama o proibido. E...