Capítulo IX

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Notas iniciais:

Quando meus sonhos
forem maiores que
os meus medos,
tudo começará a fluir
(D.L)

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POV. Charlie

James assentiu com a cabeça e a levou para um dos quartos que também era monitorado aqui no escritório. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa ela começou.

- Por que diabos você me trouxe aqui? - falou gritando e com as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

- Você queria saber mais sobre o que estávamos escondendo de você, querida, então aqui está - falei sem demonstrar nenhum sentimento em meu tom de voz.

- Por que me deixou na sala assistindo isso? Você não sabe que a minha mãe me abandonou e morreu depois de ter virado prostituta? - falou sem conseguir se controlar.

- Lúcia, eu - fiz uma pausa tentando me acalmar - Eu quero te mostrar o meu mundo e que, a partir de hoje, vai ser seu também, eu não consigo administrar tudo sozinho, queria que conhecesse para me ajudar a tomar conta das coisas, você como patroa é maravilhosa, nem parecia a freira devota que chegou assustada em minha casa na semana passada.

Ela não me respondeu e virou-se para ir embora. Segurei em seu braço e a puxei para mim. Ela parecia querer me matar e ao mesmo tempo se jogar em meus braços. A puxei para os meus braços sem nenhum aviso prévio, experimentando a sua boca maravilhosa que me leva a loucura. Desço minha mão da sua cintura para a sua coxa, tento abrir o zíper do seu short e a sinto gelar com meu toque, mas acaba se afastando de mim.

- Charlie eu não - respira fundo tentando acalmar seus batimentos cardíacos.

- Vamos descer - digo-lhe sorridente.

Tranquei a porta do escritório, acionei o alarme e descemos para encontrar os meninos. Thomas e Edward nos olharam desconfiados e perguntaram onde o James estava.

- Ele foi "testar" - Lúcia falou fazendo aspas no ar - a nova dançarina.

- Mas quem faz isso não é o Charlie? - perguntaram a irritando.

- Falou certo, era. Enquanto eu estiver aqui, quem manda sou eu - respondeu autoritária.

Eles não protestaram, mas dava para perceber em suas expressões o quanto eles estavam confusos. A chamei para dançar, ela aceitou e fomos para a pista de dança, todas as prostitutas que trabalhavam lá começaram a nos encarar da cabeça aos pés, como se estivessem nos avaliando. Eu não ligava para o que elas cochichavam, estava mais focado em dançar com Lúcia do que prestar atenção nos outros.

- Charlie, eu não sei se vou ser a pessoa certa para comandar isso aqui enquanto estiver fora. Tudo aqui me faz lembrar a minha mãe - falou observando a minha reação.

- Seja para elas o que não foram para a sua mãe Lúcia, você vai se sair bem, eu a deixei conduzir a entrevista porque confio em seu potencial e sei que não vai me decepcionar.

- Sua mãe sabe sobre essas boates?

- Ela sabe de tudo, querida.

Ela afastou-se um pouco de mim para observar minha expressão, então voltou a dançar comigo.

- Ela apoia você ganhar dinheiro de forma ilícita? Cometendo um crime e tudo mais?

- Você não sabe nem de um terço dos negócios, querida. E quer saber? Eu sei que você não quer nem vai voltar para o convento porque tudo isso aqui é mais atraente do que ficar rezando o terço - respondi convencido.

- Eu não vou embora porque aqui eu tenho uma mãe e um lar para voltar correndo quando eu ficar assustada - falou me ignorando.

A beijei novamente na frente de todo mundo, eu não vejo as pessoas ao meu redor, mas sinto os olhares de repulsa e reprovação em cima dela da maioria dos presentes. Ela se afasta o mais rápido possível de mim.

- Charlie, eu não posso, não vou me meter entre você e a Alexia, muito menos desapontar a Louise, ela me acolheu quando eu não tinha mais ninguém e quando ninguém mais me queria, ela não merece que eu a "agradeça" ficando com o filho dela, que ela já me pediu para que eu ficasse longe.

- Lúcia, não há mais nada entre eu e a Alexia, somos só colegas de trabalho.

- Vocês tiveram uma história e eu sei que em você nada mudou, porque vocês não terminaram, ela foi embora sem dar explicação nenhuma, eu sei que você transa com ela ainda, eu os ouvi algumas vezes, isso só nesse pequeno período que estou aqui, imagine antes, não vou ficar com alguém que ainda não se resolveu com o seu passado, eu não mereço ser o step de ninguém, eu quero alguém inteiro, não alguém dividido entre sei lá quantas partes, porque além da Alexia ainda tem as suas prostitutas daqui. - respirou fundo tentando se acalmar - Eu quero ir para casa, aqui já deu para mim, se não puder me levar eu pego um táxi.

- Eu te levo - respondi-lhe sem demonstrar nenhum tipo de sentimento, nem em minha voz, nem em minhas atitudes.

A levei até os meninos e falei que ia a levar para casa, mas que depois voltava. Eles assentiram.

- Se você vai voltar ainda, eu pego um táxi, não vou estragar sua noite. Aproveite que a Alexia não está aqui e leve uma das suas prostitutas para a cama, eu me viro - falou sem expressão nenhuma.

- A freirinha está mostrando suas garras - Edward falou.

- Calem a boca, eu não autorizei nenhum de vocês a falarem assim com Lúcia - falei irritado - E você Lúcia, deixe de ser teimosa, já falei que te levo embora, é perigoso eu te deixar com qualquer um, por que você acha que eu vou te ensinar a dirigir? Você mesma sabe que essa atividade é ilegal, tem um monte de gente querendo se vingar de mim, não vou te deixar sozinha.

Suspirou murmurando um simples "Ok" e foi andando em direção a saída.

Abri a porta do carro para que ela entrasse, fechei a mesma, dei a volta e entrei no meu lado e comecei a dirigir para a mansão. A viagem estava silenciosa, até que eu percebo que tinha alguém nos seguindo e começo a bufar quase inaudivelmente e ligo para Thomas.

"Estamos saindo da boate já chefinho".

"Ok".

" Tem um carro te seguindo".

"Já percebi".

"Do meu carro mesmo eu vou poder te dar todas as coordenadas possíveis".

"Não demorem" - falo isso e desligo.

Olho para Lúcia, que aparenta não compreender o que se passa, até que eu quebro o silêncio que pairava sobre nós.

- Lúcia, coloque os cintos, estamos sendo seguidos.

Um misto de culpa e ódio me tomam por inteiro. Ela coloca o cinto e se segura no banco, olha de relance para o painel do carro e percebe que estamos a quase 200km/h.

A adrenalina começa a tomar conta dela, pois a mesma olha para trás na esperança de termos despistado o carro que nos seguia com toda essa velocidade, mas de nada adianta.


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Notas finais:

Obrigada por lerem.

Amo vocês 😘❤

I'm not HolyOnde histórias criam vida. Descubra agora