Capítulo XXI

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Notas iniciais:


Você não sabe, mas é que eu tenho cicatrizes que a vida fez e tenho medo de fazer planos, de tentar e sofrer outra vez...


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POV. Lúcia

Charlie demorou a entrar no galpão, e isso me deixava preocupada. Será que ele estava fazendo serviço extra com Alexia? Se sim, qual serviço extra seria esse?

Voltei a prestar a atenção em Thomas antes que minha mente começasse a me pregar ainda mais peças.

- O que você acha da boate? Está gostando de lá ou quer fazer alguma mudança? - perguntou-me.

- Eu acho que a decoração dele não condiz muito com as atividades exercidas lá - respondi simples.

- Vou abrir a planta dela aqui no notebook e você vai me dizendo o que acha que precisa mudar e vamos ver o que eu posso fazer a respeito disso.

Quando ele abriu a planta comecei a dizer o que eu achava.

- A cor dele é muito morta. Ao invés de tudo preto e marrom podemos colocar um vermelho no fundo do palco. Ele só tem um pole dance, as meninas precisam ficar revezando para usar, como temos uma área muito grande no fundo do palco poderíamos colocar uns três pole dances nele, mas não colados, elas precisam de espaço para se movimentarem nas barras - Thomas ia ajeitando o que eu pedia no computador.

- Assim? - perguntou-me.

- Isso. Além disso, podia tirar esse marrom morto do fundo do bar e colocar um tom de roxo para dar um destaque e contraste com as bebidas, uma iluminação mais intimista ao invés dessas muito expostas. Ah! E essas cadeiras em frente ao palco poderiam mudar. Ao invés de só cadeiras poderiam ser colocadas umas mesas pequenas para umas três ou quatro cadeiras no máximo, tendo em vista que pelo dia ali funciona apenas como um barzinho. A área da pista de dança poderia ter uma iluminação igual ao restante que eu disse sair do preto e ter uns tons de roxo com vermelho e algum toque de preto só para dar um diferencial.

Assim que terminamos de fazer o projeto Charlie entrou no galpão soltando fumaça pelos ouvidos.

- Lúcia, venha aqui - chamou-me autoritário.

- Charlie, venha aqui rapidinho antes, estava trabalhando com Lúcia em umas mudanças, mas preciso que você veja e me diga se aprova para eu ordenar que façam o que mudamos.

Charlie bufou e veio ao nosso encontro.

- Lúcia sugeriu algumas mudanças na boate, e eu, particularmente adorei.

- Você pensou nessa mudança toda? - Charlie perguntou-me relaxando em sua cadeira.

- Sim, mas se não gostou não tem problema, eu não me meto mais em suas coisas - falei já me desculpando.

- Está bom. Só estou furioso por terem feito isso só agora, se eu soubesse desse seu talento com decoração eu teria te consultado na boate que vamos abrir. Por falar nela, ainda temos um mês, se não me engano, até ela ficar pronta. Você acha que pode ver se precisa de alguma coisa nela?

- Sério isso? - perguntei confusa.

- Sério. Mas isso você faz amanhã. Agora, eu quero que você venha comigo. Thomas, dê a ordem para que comecem as mudanças imediatamente.

Thomas assentiu e Charlie me levou até o seu escritório. Todos naquele galpão olhavam para mim como se eu fosse mais uma quenga e isso me matava.

Chegamos em seu escritório e ele me puxou para um abraço, o que eu estranhei.

- O que houve? Aconteceu alguma coisa? Por que estamos aqui? - perguntei confusa.

- Você me contaria se algo tivesse errado com você ou comigo? - perguntou me deixando ainda mais confusa.

- Sim, mas porquê a pergunta?

- Se alguma coisa acontecesse e você tivesse que ir embora, você me diria ou apenas sumiria?

- Charlie, eu não sei. Por quê isso agora?

- Apenas me responda Lúcia.

- Acho que sim. Agora me explique o motivo disso.

- Eu faço coisas que não me agrado, e tenho medo de você descobrir e deixar a minha mãe.

- Se tem medo é só me dizer, não acha?

- Não, justamente porque eu não gosto disso.

- Assim fica difícil viu, mentir nunca é a solução - respondo bufando.

- Eu sei, mas não é algo que aconteceu apenas depois de você, eu sou assim desde sempre, então você não precisa saber, e se souber não pode ficar com raiva de mim.

Eu não respondi mais. Seria inútil conversar com ele dessa forma.

- Vem cá - disse me puxando para o seu colo e beijando meu pescoço.

- Charlie, eu não quero ser só mais uma na sua cama - falei o afastando - Se você não quiser ficar comigo tudo bem, mas eu não gosto que todos achem que eu sou uma puta e que você me come quando te convém, só porquê você é o fodão.

- Então o que você quer de mim Lúcia? Pensei que o que nós temos era o suficiente.

- Eu gosto de estar com você, Charlie. Mas eu tenho sentimentos, eu não sou um objeto descartável que você usa quando quer e quando não quer me deixa de lado, eu não sou uma de suas prostitutas.

- Eu sei porra, eu sei. Mas eu não estou pronto para nenhum relacionamento sério.

- E eu não estou pronta para ser só mais uma. Eu vou descer, resolva o que você tem que resolver. Vou ver se precisam de mim em mais alguma coisa e vou para casa.

Eu não esperei sua resposta, simplesmente saí daquele escritório.


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Notas finais:

Obrigada por lerem.

Amo vocês 😘😘❤❤

I'm not HolyOnde histórias criam vida. Descubra agora