Notas iniciais:
E agora que eu sei de tudo, eu não sei como reagir...
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POV. Lúcia
Eu estava atordoada. Era isso que ele não queria que eu descobrisse? Que tipo de pessoa faz isso com outra? Ele é realmente um humano?
Minha cabeça estava me matando, tinham perguntas e mais perguntas rondando na minha cabeça.
Ele torturou aquele homem por nada, ele não o estava interrogando nem nada, ele apenas quis o matar.
Eu sei que ele ouviu meu grito. Eu não consegui controlar, estava e ainda estou horrorizada com tudo o que eu vi.
Tudo bem que o cara o roubou e que matou alguns homens dele, mas precisava disso tudo?
Saí do meu transe quando vi o carro de Charlie me seguindo. Para onde eu iria agora? Não conheço ninguém aqui além dele, dos meninos e da mãe dele. Eu não podia voltar para o galpão, nem ir para a boate. Teria que despistar ele de alguma forma, ir para a mansão e me trancar em meu quarto. Mas como?
Lembrei-me de umas saídas em zigue zague que possuiam duas saídas, uma mais longa que a outra, se eu fosse rápida o suficiente poderia pegar a saída mais curta e chegar com alguns minutos de antecedência na mansão. E era tudo o que eu precisava.
Continuei acelerando, xingando mentalmente com raiva por meu carro não ser o R8 e correr mais do que isso. Fiz manobras rápidas e agradeci mentalmente aquele filho da puta por ter me ensinado algo que prestasse.
Peguei a saída certa e assim que passei daquele trecho acionei o nitro.
Não sei quanto tempo esse percurso durou, só sei que no meio do caminho acionei meu celular e mandei um dos seguranças abrirem o portão pq eu estava chegando e estava com pressa.
Coloquei meu celular em meus seios sem tirar o foco da estrada e assim que meu carro cruzou os portões e eu parei próximo a porta de entrada da mansão saí correndo do mesmo e fui correndo mais ainda assim que escutei seus pneus cantando no gramado.
Quando entrei na mansão Louise me chamou, murmurei um "agora não" sem nem parar para falar com ela e continuei correndo até o andar de cima.
Graças ao meu bom Deus que eu consegui entrar em meu quarto, trancar a porta, arrastar o sofá para a frente da mesma e me trancar em meu closet, empurrei outro sofá, agora para a porta do mesmo e me sentei em uma poltrona tremendo.
Ouvi batidas abafadas vindas da porta do meu quarto e me encolhi ainda mais em minha poltrona. Eu estava atordoada de medo. Aquele não era o meu Charlie. Ou será que o meu Charlie nunca existiu e sempre foi esse?
Meu celular começou a tocar sem parar. Eu desliguei todas as ligações dele. Ele começou a mandar mensagens para mim e eu só sabia chorar.
"Abra essa porta Lúcia, vamos conversar, não é nada disso que você está pensando".
"Por favor pequena, abre aqui".
"Eu só vou sair quando você abrir a porta para mim e nós conversarmos".
"Era disso que eu tinha medo".
"Lúcia, abre essa porta, porra".
"Não era para você descobrir assim".
"Ouça-me antes de tomar qualquer decisão".
Eu lia suas mensagens e era como se estivessem enfiando diversas facas em mim. Eu não conseguia controlar o choro. Eu chorava tanto que soluçava.
Abri uma das portas do meu imenso closet e peguei uma coberta, eu não queria dormir na minha cama, eu ia ficar aqui, trancada em meu closet o resto da noite e, quem sabe, amanhã o dia todo.
Juntei uns edredons em uma fronha simulando um travesseiro e deitei em meu tapete fofinho, me cobrindo logo depois.
Coloquei meu celular no silencioso e fiquei encolhida num canto do tapete. Demorei a pegar no sono, pois toda vez que eu fechava os olhos aquela cena se repetia em minha mente.
Quando acordei já eram quase meio dia. Procurei um conjunto de moletom, uma lingerie, arrastei o sofá de volta ao seu lugar, destranquei a porta do closet, peguei meu celular, o joguei na cama e fui tomar um banho de banheira para relaxar.
Minha cabeça estava latejando diante de tudo que eu estava processando.
Após quase uma hora na banheira, me enxaguei e me vesti com um roupão. Saí do banheiro, vesti o conjunto de moletom que eu havia separado mais cedo, passei uma maquiagem básica para esconder minhas olheiras e olhos inchados, amarrei meu cabelo em um coque não tão bem feito, peguei meu celular e tinham quase cem ligações de Charlie, mais um monte dos meninos e umas quarenta de Louise, fora as mensagens de texto e as mensagens do Whatsapp.
Ignorei tudo, respirei fundo e arrastei o sofá da frente da porta do meu quarto destrancando a mesma. Peguei meu celular, as chaves do meu carro e abri a porta devagar. Assim que saí um dos seguranças ia falar algo em seu walkie talkie, mas fiz que não com os dedos e ele parou.
Desci as escadas torcendo para não encontrar nenhum deles e fui direto para a cozinha. Cármen havia preparado uma moqueca de camarão com macarrão ao molho branco e suco de laranja para mim. A agradeci com um sorriso e sentei em um canto qualquer da cozinha para começar a comer.
- Está tudo bem senhorita? - perguntou-me.
- Eu sei que você sabe de tudo Cármen, não precisa fingir mais comigo. Apenas deixe-me comer em paz, eu preciso de tempo para colocar meus pensamentos em ordem - digo suspirando - Ah! Peça para prepararem meu carro, eu vou sair assim que acabar de comer, não quero que ativem meu GPS nem que instalem um rastreador, se não eu mesma taco fogo no carro.
- Sim senhora - disse com os olhos arregalados e retirou-se da cozinha.
Terminei de comer em paz e fui em direção ao meu carro. Revistei o mesmo, conferi se tudo estava como eu deixei, mas notei que tinham mexido em meu notebook, porque ele não estava da forma que eu havia o largado aqui. O liguei e fui conferir se meu rastreador e GPS estavam ativos, para a minha sorte, ele encontrava-se desativado e eu estava offline novamente. Fechei a porta, liguei a chave e esperei que abrissem os portões para que eu pudesse sair dali o mais rápido possível.
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Notas finais:
Obrigada por lerem.
Amo vocês 😘😘❤❤
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I'm not Holy
ActionEla nunca quebrou uma única regra em toda a sua vida, muito pelo contrário, sempre foi muito certinha e empática com todos a sua volta. Ele nunca foi certinho, nunca seguiu os padrões, ao contrário dela, ele sempre quebrou regras e ama o proibido. E...