45

2.2K 266 48
                                    

CELINA P.OV

Encarei meu amigo coberto de sangue,ele estava sentado em uma maca devolvendo meu olhar.

Suspirei derrotada e retirei a máscara,estávamos sozinhos pois dispensei todos os curandeiros.

-Vamos cuidar do mais grave primeiro-Apontei para o corte gigantesco em diagonal sobre seu peito.

Como ele ainda esta em pé perdendo tanto sangue?

Em silêncio acenou a cabeça em concordância e começou a tirar sua camisa,o pedaço tecido,que a essa altura era inútil,foi jogado em algum lugar nos cantos do cômodo.

Engoli em seco.

Minha respiração prendeu,meu fôlego foi tomado ao ver a imagem de Ian,que estava de costas para mim, semi-nu a minha frente.

Se não estivessemos na situação atual,não me incomodaria em passar alguns minutos o observando.

Controle-se Celina!

Sacudi um pouco a cabeça numa tentativa de reperar o foco.

Quando meu amigo se voltou ao seu lugar original,pude ver a gravidade do corte.

Era fundo...muito fundo e ia de seu ombro ao final de seu tórax.

Respirei fundo e me pus a limpar o ferimento.

Não posso cura-lo com o ferimento nesse estado,a não ser que queira mata-lo de uma infecção.

Tentei ao máximo controlar o tremor em minhas mãos.

-É a sua primeira vez limpando um corte?-Ele riu da minha expressão.

-É a minha primeira vez limpando algo desse nível...um corte não é a primeira vez-.respondi

Ele levantou a sobrancelha em questionamento.

-Eu tinha uma amiga,nos éramos amigas de infância,digamos que estavamos sempre nos arrebentando fugindo das encrencas que caiamos-.Soltei uma risada

-Como ficávamos sozinhas em casa tínhamos que dar nosso jeito-.

Ele me observou ainda mais curioso.

-Que tipo de encrencas?-

Me diverti lembrando daqueles dias,nos enfiamos em cada enrascada que deixaria minha mãe incrédula...

-Bem uma vez nos pichamos o carro do diretor...-Ele arregalou os olhos em resposta a minha confissão.

-Não me olhe assim!Ele mereceu,canalha...nos escrevemos palavras tipo"Assediador" ou "pedófilo",mas os vizinhos viram e chamaram a polícia,eu nunca corri tanto-Ele soltou uma gargalhada alta.

Que logo sumiu dando lugar a um gemido de dor.

-Pare de se mexer!-Censurei.

Passei algum tempo desinfetando o ferimento,enquanto isso contei algumas de minhas aventuras.

Era bom relembra-las,mas mesmo assim disfarcei minha tristeza a cada frase.

Por fim hora de curar.

-Isso pode doer- Avisei.

As chamas de tom azul apareceram na minha palma,o que deixou meu paciente assustado.

-O que você vai fazer?-Perguntou.

Enviei um olhar irritado.

-Calado!-Concentrei meu olhar no ferimento.

Minha mão ficou inteiramente envolvida em chamas e então a coloquei no ombro de Ian,que deixou escapar um gemido doloroso.

Dragões:A DomadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora