A Senhora de Aser portava uma aparência imaculada, suas expressões eram delicadas e suaves, os olhos carregavam inocência e ingenuidade. Os cabelos longos caiam sobre os ombros e o vestido liso e sem adornos acariciava sua pele, seus pés estavam descalços contra o mármore, a impressão que tinham de sua imagem era que com uma simples brisa ela se desvaneceria.
-Deina minha criança, levante-se-. Sua voz era terna e calorosa, a Mestra do templo fez um gesto com a mão para que a Sarcedotisa se levanta-se.
-Minha Senhora precisa de algo?- A Loira questionou de forma gentil.
Os olhos de prata brilharam impercetívelmente com uma luz afiada de compreensão.
- Está cheirando a incenso-. A Senhora bateu as unhas no braço do trono de mármore branco em afirmação, o único objeto em toda a sala branca.
- Estava em oração ao nosso Senhor, ofereci alguns incensos em busca de bênçãos para nossa equipe- A Explicação surgiu facilmente.
-Algum sinal do Senhor?-
-Não-. A Sarcedotisa negou sinceramente, nem mesmo um indício de hesitação apareceu em seus olhos ao mentir.
A Mulher no trono soltou um ruído de compreensão, e suas unhas continuaram a tamborilar no mármore.
- Se os de Ascher fossem menos teimosos teriam evitado o desastre... Dois Jovens tão talentosos e nem mesmo corpos inteiros foram deixados... O ultimo estágio será sangrento, seria bom que pudéssemos conseguir uma bênção- A Senhora suspirou em pesar.
Deina acenou em acordo, sem emitir uma palavra. Não poderia citar nada sobre a arena, indiferente à seus sentimentos pessoais, algumas coisas são melhores que fiquem em sua mente.
Não se podia dar ao luxo de cometer um deslize e se comprometer, mesmo que o gosto amargo inundasse sua boca.
O rosto permaneceu impassível e seus os olhos não mudaram.
-Faça mais algumas preces em nosso nome- Ordenou.
A Sarcedotisa de olhos parteados respondeu com um aceno simples e se preparou para sair.
-Deina querida-. Os dedos pararam de tamborilar.
A Loira virou calmamente com uma expressão questionadora, encontrando os olhos de sua Senhora cravados nela.
- Feliz aniversário, dezesseis é uma idade importante, peça para que preparem algo que gosta-.
Deina acenou com um sorriso aparentemente envergonhado e se retirou da sala.
A expressão fria tomou conta e seus punhos se cerraram. Enquanto estivesse sob os olhos da Senhora, apenas concordaria com oque a mulher à sua frente dissesse e ordenasse.
Acenderia incensos, passaria à mensagem de seus Senhor e faria suas preces em nome da equipe.
Enquanto estivesse sob o manto deste Santuário corrupto teria que acender mais velas da almas à cada vez.
Mas enquanto estivesse sob o manto também teria que acender algumas velas à menos.
Ela faria suas preces pela equipe, mas não garantiria que eles receberiam uma bênção.
Repentinamente de bom humor, A Sarcedotisa dos Olhos de Prata fez seu caminho para as cozinhas, acompanhada de sua amiga.
CELINA P.O.V
-Qual a sensação de ter asas?- O questionamento surgiu suavemente por meus lábios.
O céu ilusório dos meus sonhos finalmente escureceu, as estrelas disputavam entre elas para decidir qual era a mais chamativa e a lua cheia pairava em toda sua glória prateada.
Meu corpo estava deitado entre os canteiros das flores, tupilas negras e rosas douradas balançavam suavemente.
Os cabelos castanhos e dourados de Íris eram visiveis de esguelha, a fada deitou no sentido contrario ao meu e a flor que nunca desabrochava estava entre nossas cabeças.
-Não são práticas, mas na maioria do tempo esqueço que elas estão aqui, a sensação de voar por conta própria é indescritível faz você pensar que pode alcançar qualquer lugar, te faz pensar ser invencível-. Ela riu como se lembrasse de algo divertido, era a primeira vez que eu à vi rindo tão livremente.
Quando retornamos da Arena, nenhum dos outros soltou uma única palavra, apenas me observaram de modo, que para eles, parecia sutil.
Não foi.
A Concordância tácita que chegaram de não mencionar o fato que testemunhei duas mortes brutais, me irritou. Todo o caminho de volta era como se estivessem pisando em cacos de vidro e qualquer movimento em falso eu quebraria e entraria em seus pés.
Então quando voltamos a mansão-prisão, imediatamente me joguei nos lençois da cama e me enrolei em silêncio, Shady pareceu aderir a regra não dita de todos os outros e não veio para o quarto.
Fiquei sob os lençois sentindo o entopercimento tomar conta dos músculos e a sensação de facas sob a pele, me enrolei o máximo que podia na tentativa de encerrar os tremores e fixei o olhar em um ponto da parede.
Meu único pensamento era a cor vermelha cegante e o cheiro pungente de sangue, impregnado nas minhas narinas.
Até que em algum momento minha mente parou de funcionar e me vi em pé no jardim, dessa vez sob o céu notuno.A Sensação de poder alcançar qualquer lugar, de repente eu invejava Íris por ter asas.
A Sensação de ser invencível, mesmo que fossem apenas sensações foram as que nunca consegui sentir.
- Duas pessoas morreram hoje-. Comentei e observei o céu limpo, imune de todas as consequências e desastres do mundo.
De repente eu invejei o céu, por permanecer impassível.
Íris apenas acenou com a cabeça esperando que eu continuasse.
- E eu não sinto nada sobre isso-. Soltei uma risada, a pura amargura escancarada no som.
- Me sinto mal por não sentir nada, mas não sinto pelas mortes, meu único sentimento é para o cheiro de sangue e aquele vermelho que tomou conta da arena, o vermelho vivo que me faz perder a cabeça e querer explodir em chamas de raiva e tristeza, odeio aquilo, quero queimar aquela arena ate que vire cinzas e não reste sequer um vestígio para trás-.
A Fada não expressou reação, apenas continuou ali em silêncio, observando as estrelas, diria que sua respiração era pacífica mas de repente percebi que Íris não respirava.
De alguma forma senti que o silêncio dela era diferente dos outros que estavam,provavelmente, na sala agora. Íris responderia a tudo que eu perguntasse e comentaria tudo que eu falasse, quisesse ou não ouvir, seus únicos momentos de silêncio eram quando se perdia em seus próprios pensamentos e memórias quais não ousei perguntar.
Mas esse silêncio também era diferente de seus momentos melancólicos.
Sentindo a brisa noturna no rosto notei o que o silêncio de Íris significava.
Compreensão.
Uma compreensão silênciosa e inconsciente.
Notei a lua perfeita no céu, digna de uma pintura.
E de repende senti inveja da Lua, que pairava distante e silênciosa.
Ja faz um tempo... Enfim, o EAD suga toda a minha vontade e força de escrever virtualmente, favor cancelem logo isso pq alem de ser (pra mim) inútil, por motivos de aprendizagem 0, tira minha produtividade que eu poderia estar usando em outras coisas.
Seguinte: O que estão achando da minha escrita em terceira pessoa? O planejado é que com exceção da Celina e do Ian, todos os outros personagens sejam narrados em terceira. Então opiniões são importantes pois estou testando a possibilidade. Sejam construtivos <3

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Dragões:A Domadora
FantasyCelina, uma estudante de um colégio de elite do ensino medio,aparentemente bolsista, com uma típica vida escolar. Tem sua vida mudada após um evento inesperado durante uma das excursões da escola. Após uma discussão com sua mãe ela toma a decisão de...