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CELINA P.O.V

Quando acordei continuei a encarar o teto do quarto por alguns minutos.
De alguma forma meu humor estava bom, mesmo não sendo as melhores lembranças da minha vida de alguma forma é facil encontrar conforto lembrando daqueles dias.

Tomando nota do conselho de Íris decidi ir em busca de uma vela.

Murmurando uma música desci a escada pulando alguns degraus, e chegando à sala vi que uma das servas estava limpando o local.
Como se pudesse ficar mais limpo, nos não fazemos bagunça, sempre que estamos aqui dentro nos dispersamos pelos cômodos da casa, cada um com seus afazeres.

-Você poderia me arranjar uma vela?-

Ela congelou por um momento e com um olhar de compreensão se retirou para algum lugar que não prestei atenção.

Me joguei no sofá e aguardei enquanto encarava o teto.

Íris disse que uma visita estava vindo, acho que é mais prático esperar aqui e poupar o trabalho de descer do quarto.

Vi que Amanda entrou no cômodo e sentou no chão, encostanda no sofá.

Ela pareceu indecisa, sem saber oque falar.

É engraçado como eles tomam cuidado e pisam ao redor.

Me faz lembrar do Cão-lobo.

Acho que ele tinha medo que eu me assustasse e saisse correndo.

-Bom humor?- perguntou.

Lhe dei um aceno.

-Lembrei de algo bom-.

Comentei enquanto encarava a luz do teto.

É engraçado como esse "mundo" ou "país", ainda não cheguei à conclusão se é um outro mundo ou dimensão, é tão parecido e ao mesmo tempo diferente do "normal".

Algumas coisas são tão familiares, como o dinheiro, eles usam a mesma moeda que no mundo "normal" se eu soubesse disso de ante-mão teria passado no banco antes de sair, enquanto outras sequer existem por aqui.

Estendi a mão em direção à luz, me dei conta que o esmalte preto foi danificado, pintei para combinar com o uniforme, mas milagrosamente as unhas continuaram intactas.
Encarei minha mão cobrir a luz e a luminosidade ultrapassar entre as brechas dos meus dedos.

Minha mão se fechou por alguns segundos e observei o modo como ela "segurou" a luz.

Me pergunto se seria tão fácil agarrar o pescoço daquele invasor, como meu punho pode cobrir à luz agora se eu tivesse despertado antes.

Eu ri, uma risada vazia e cheia de irônia.

Pensamentos inúteis, como se pudesse voltar no tempo, chorar pelo passado não é meu estilo.

Deixei o braço cair sobre meus olhos.

Escutei Amanda se mexer um pouco como se estivesse desconfortável.

Ela quer falar, mas espero que não fale.

Escutei alguns passos vindo da escada e outros vindo da direção oposta.

Meus sentidos tem se aprimorado cada vez mais nos últimos dias, consegui captar o cheiro de cera de vela e da escada o cheiro de Elris.

A serva silenciosamente colocou a vela a mesa de centro e então uma batida veio da porta de entrada, levantei e fiz um sinal para que ela não se incomodasse.

-Você pode ir por hoje-. Avisei, a serva parecia querer protestar mas ainda concordou em silêncio.

Me apressei em abrir a porta e então quase fui derrubada por um vulto branco.

Dragões:A DomadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora