A Criança se ajoelhava em frente ao altar, naquele canto escuro do templo, esquecido por todos os discípulos e mestres que já passaram por lá.
As paredes de mármore branco, riscado de dourado, se inclinavam para o céu infinito, com uma grandiosidade que tornava incrível que tal lugar tivesse sido esquecido, a entrada era guardada por um grande portão de ferro negro e não possuia um teto, deixando que o céu estrelado tomasse o lugar.
Lugar esse de simplicidade porém de uma aura sagrada que espreitava cada brecha no mármore.A Criança apoiava-se em um dos joelhos, seus cabelos loiros cobriam a lateral de sua face devido a sua cabeça inclinada, vestido de cor branca tremulava, os olhos fechados e uma expressão calma tomava sua face.
O gigantesco altar se erguia, imponente e desconsiderando toda a simplicidade restante do salão, a mesa de pedra de cor preta e brilhante, a figura de Aser se desprendia da parede.
A figura não tinha rosto ou expressão mas suas mãos eram delicadas e se estendiam abençoando a criança em sua frente.
A figura não tinha gênero, não seria possível dizer se era homem ou mulher, idoso ou jovem, apenas permanecia lá imutável e imortal. Abaixo das mãos de Aser estavam velas, milhares de velas acesas sobre a mesa de pedra, ao redor e nas laterais do altar, nenhuma mostrava sinal de antiguidade ou escorria cera decorrente ao calor do fogo e não importava o vento frio que entrava, as chamas uma vez que foram acesas não apagariam.
A loira se ergueu, os olhos prateados com um lampejo de tristeza visível, logo substituido por determição.
O que antes era uma oração silenciosa em sua boca se tornou um canto melancólico, o hino carregado de orgulho e irreverência irrompeu, o timbre melodioso reverberando nas paredes do mármore e subindo em direção ao céu escuro, cada verso tomado por fúria e lamento, a língua antiga e esquecida tomava forma pela voz bela da Sarcedotisa.
O canto continuou enquanto a loira caminhava em direção ao altar em passos firmes, seus pés estavam nús em contato direto com o mármore frio e ela não carregava nenhum adorno ou joia no corpo. Ao lado do incensário descansava uma pequena caixa simples de madeira, colocada por outra pessoa, algum tempo antes.
Os dedos finos e delicados acariciaram a caixa, abrindo lentamente a tempa, envolta em um pedaço de ceda vermelha descançava oque antes era uma rosa, restavam apenas três pétalas, douradas e finas como folhas de ouro como se ao passar de uma brisa elas se quebrariam.
A Sarcedotisa acariciou as pétalas e então recolheu uma delas, deixando as outras duas e fechou a caixa.
O Canto continuava fluindo de seus lábios sem pausa.
Ela então observou as velas por um momento, se digirindo a uma das poucas ainda apagadas, estendeu a pétala em direção à vela ao lado deixando que entrasse em contato com o fogo, então a pétala dourada se incêndiou com uma faísca dourada e a Sarcedotisa levou a as chamas de ouro ao pavil da vela apagada, que imediatamente acendeu com um crepitar animado em chamas normais. A pétala se desfez em cinzas de ouro na mão da Sarcedotisa que às jogou ao vento nos pés de Aser e ficou ali obsevando as chamas do novo fogo aceso esperando que talvez apagassem.
Os ultimos versos do canto estavam se aproximando e a vela continuava crepitando, o fogo balançando com a brisa que entrava no antigo salão.
Os portões foram abertos, e alguns passos ecoaram.
A Sarcedotisa sequer se virou, permanencendo com as costas retas ao encarar a vela e as chamas, o hino continuou ecoando por sua boca.Os passos continuaram mas ela ainda não se virou, observando as chamas dançarem cumprimentando a brisa noturna.
Não foi ate que os passos parassem e a pessoa não convidada se contesse que a Sarcedotisa se virou na direção de Aser, o rosto sem face e expressão, o corpo sem definição, as mãos abençoando e a coroa de flores na cabeça.
A Sarcedotisa encarou a divindade em transe, com a testa franzida, os olhos dourados suplicantes e o canto ecoando pelos lábios, as mãos de Aser pareciam querer descer para pega-la, e a brisa fria se tornou morna e confortável. E então a coroa de flores de Aser arderam em chamas que rapidamente tomaram conta da estátua, a sarcedotisa assustada recuou sem e fixou o olhar chocado no fogo que engolia as pedras.O Fogo azul e translúcido torcia e dançava sobre a pedra, então mexia-se e voltava a tentar queimar.
A Sarcedotisa se virou de costas para a estátua e viu uma discípula uma usando armadura leve lhe encarando.
Ela rapidamente começou a andar em direção a saída, seguida pela discípula e amiga.
A Vela recém acesa continuava queimando, as cinzas douradas espalhando pelo vento e Aser continuava imutável sem expressão.
Mas o fogo azul assombrava o subconciente da criança, que continuou em direção a saída tendo tomado uma decisão.
No momento que saiu do salão e os portões fecharam, a nova vela das almas continuava queimando e Aser continua em pedra.
Porém o Hino havia cessado, sua prece desesperada se encerrou e a floresta do templo tomava sua visão.
- A Senhora convoca sua presença-. Sua amiga lhe avisou, recebendo apenas um aceno de confirmação.
A Loira aprumou os ombros e então entrou em direção à floresta para retornar ao templo, os dedos em contato direto com o chão úmido e um sorriso pendendo no canto dos lábios.
Quando ela retornou ao templo a Vela das Almas queimava, iluminando o espírito daquele que morreu pela causa.
Aser continuava imortalizado em pedra e imutável pelo tempo.
Então quando ela chegou em frente a Senhora do templo, com o fogo azul assombrando seus pensamentos e o sorriso tomando conta, e se ajoelhou em frente à mulher, com a esperança se erguendo em seu peito.
O Salão esquecido do templo ainda absorvia seu lamento, mesmo quando o hino que a Sarcedotisa cantava já havia se encerrado.
O Hino do Antigo Reino continuava reverberando pelas paredes do Salão esquecido, enquanto as Velas das Almas continuavam acesas e queimando e ao mesmo tempo não, as chamas continuavam acesas balançando pelo hino que ja tinha se encerrado.
Então a Sarcedotisa levantou a Cabeça, os olhos de prata encarando a Senhora de Aser, A Pureza e Santidade.
Que foi corrompida diferente da Integridade de Ascher.
E então? interessante não é mesmo?
Edit: Gente cade as teorias?Eu gosto de torurar vcs
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Dragões:A Domadora
Viễn tưởngCelina, uma estudante de um colégio de elite do ensino medio,aparentemente bolsista, com uma típica vida escolar. Tem sua vida mudada após um evento inesperado durante uma das excursões da escola. Após uma discussão com sua mãe ela toma a decisão de...