Capítulo 31 - O pesadelo real

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Ele estava parado, com a mesma roupa que usara no feriado de 4 de Julho. E parecia muito feliz.

Eu não questionei o motivo de ele estar ali, no meu quarto. E então ele deitou em minha cama, sem dizer uma palavra sequer. Me abraçou. Senti o cheiro do mar invadir minhas narinas. E dormimos, abraçados.

Quando acordei pela manhã, procurei por Cameron. Nada. Achei muito estranho... não poderia ser um sonho. Eu o senti.

Desci a escadas e haviam panquecas na mesa.

— Bom dia, filha! Dormiu bem? — meu pai invadiu a cozinha.

— Eu tive um sonho bem estranho... Cameron veio para cá? — perguntei, enquanto prendia os cabelos.

— Não. — Jefferson pareceu sério. Depois soltou uma risada. — O amor é assim mesmo...

Gwen usava uma camisola branca e não parava de sorrir. Ela sentou no sofá e ligou a televisão. Me sentei e comecei a comer, ouvindo o noticiário.

Segundo testemunhas, Cameron Hall, de 19 anos...

Deixei minha xícara de café cair no chão. Estava apreensiva... meu Cameron. O que havia acontecido?

... estava surfando em Gold Coast, Austrália, quando um tubarão o puxou de sua prancha e o arrastou para dentro da água.

Coloquei as mãos na boca. Era inacreditável.

Hall conseguiu se soltar e retornar para a areia, onde foi socorrido por amigos.

Respirei, aliviada.

Mas ele perdeu muito sangue e acabou falecendo ainda no local.

Senti como se fosse vomitar... olhava atônita para a tela que mostrava vídeos gravados no campeonato de surf antes de tudo acontecer. Parecia que me faltava o ar. Apertei as mãos em punho tentando respirar normalmente.

Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e eu senti como se o chão fosse sumindo, e eu estava caindo... Deitei no chão e chorei, gritei. Era como levar uma facada no peito. Meu pai tentava me consolar em seus braços, mas de nada adiantava. Era tudo um pesadelo e eu esperava acordar o mais rápido possível.

Era como se alguém estivesse apertando o meu coração muito forte, e a dor era insuportável. Cam havia ido embora, para sempre. Eu estava perdida e intocável. Nada poderia me consolar naquele momento...

Passei o dia todo chorando em meu quarto. Meus olhos já estavam inchados, e eu não me importava. Não conseguia lidar com a dor que se instalava em mim. Então eu deitei embaixo da minha cama e me tentei me encolher ao máximo. Queria sumir.
 
 
Horas depois meu pai bateu em minha porta.

— Desculpe incomodar, filha... mas sua mãe ligou. Um tal de Zack Williams foi organizar as coisas de Hall, ele queria ser cremado e gostaria que as cinzas fossem jogadas no mar de Ocean City pela pessoa que ele mais amou em vida. Williams disse que você tem que fazer isso... — continuei em silêncio. — Amanhã conversamos melhor. Boa noite, filha.

Ele fechou a porta do quarto e eu me afundei em lágrimas, novamente.

Apenas por um VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora