Ele estava parado, com a mesma roupa que usara no feriado de 4 de Julho. E parecia muito feliz.
Eu não questionei o motivo de ele estar ali, no meu quarto. E então ele deitou em minha cama, sem dizer uma palavra sequer. Me abraçou. Senti o cheiro do mar invadir minhas narinas. E dormimos, abraçados.
Quando acordei pela manhã, procurei por Cameron. Nada. Achei muito estranho... não poderia ser um sonho. Eu o senti.
Desci a escadas e haviam panquecas na mesa.
— Bom dia, filha! Dormiu bem? — meu pai invadiu a cozinha.
— Eu tive um sonho bem estranho... Cameron veio para cá? — perguntei, enquanto prendia os cabelos.
— Não. — Jefferson pareceu sério. Depois soltou uma risada. — O amor é assim mesmo...
Gwen usava uma camisola branca e não parava de sorrir. Ela sentou no sofá e ligou a televisão. Me sentei e comecei a comer, ouvindo o noticiário.
Segundo testemunhas, Cameron Hall, de 19 anos...
Deixei minha xícara de café cair no chão. Estava apreensiva... meu Cameron. O que havia acontecido?
... estava surfando em Gold Coast, Austrália, quando um tubarão o puxou de sua prancha e o arrastou para dentro da água.
Coloquei as mãos na boca. Era inacreditável.
Hall conseguiu se soltar e retornar para a areia, onde foi socorrido por amigos.
Respirei, aliviada.
Mas ele perdeu muito sangue e acabou falecendo ainda no local.
Senti como se fosse vomitar... olhava atônita para a tela que mostrava vídeos gravados no campeonato de surf antes de tudo acontecer. Parecia que me faltava o ar. Apertei as mãos em punho tentando respirar normalmente.
Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e eu senti como se o chão fosse sumindo, e eu estava caindo... Deitei no chão e chorei, gritei. Era como levar uma facada no peito. Meu pai tentava me consolar em seus braços, mas de nada adiantava. Era tudo um pesadelo e eu esperava acordar o mais rápido possível.
Era como se alguém estivesse apertando o meu coração muito forte, e a dor era insuportável. Cam havia ido embora, para sempre. Eu estava perdida e intocável. Nada poderia me consolar naquele momento...
Passei o dia todo chorando em meu quarto. Meus olhos já estavam inchados, e eu não me importava. Não conseguia lidar com a dor que se instalava em mim. Então eu deitei embaixo da minha cama e me tentei me encolher ao máximo. Queria sumir.
Horas depois meu pai bateu em minha porta.— Desculpe incomodar, filha... mas sua mãe ligou. Um tal de Zack Williams foi organizar as coisas de Hall, ele queria ser cremado e gostaria que as cinzas fossem jogadas no mar de Ocean City pela pessoa que ele mais amou em vida. Williams disse que você tem que fazer isso... — continuei em silêncio. — Amanhã conversamos melhor. Boa noite, filha.
Ele fechou a porta do quarto e eu me afundei em lágrimas, novamente.
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Apenas por um Verão
Lãng mạnMollie Hans só se preocupava com uma coisa: a viagem para Ibiza nas férias de verão. Ela havia planejado isso com os seus melhores amigos. Bem, se é que pessoas que falam pelas costas e se importam mais com as aparências podem ser chamadas de "melho...