Acordei na sala da casa de Zack. Eu estava simplesmente horrível... os cabelos ressecados, olheiras enormes e ainda chorava.
Quando levantei, Zack apareceu segurando uma cerveja e disse:
— Têm algumas coisas do Cameron no quarto. Acho bom você dar uma olhada, eu não consegui abrir a mala dele.
Assenti. A mala que veio da Austrália estava em cima da cama. Eu sei que ninguém tinha culpa pelo ocorrido, mas eu odiava pensar que tudo poderia ter sido evitado se ele não tivesse viajado.
Tentei abrir, mas estava muito cheia. Por fim, consegui e vários pertences foram lançados no chão. Chorei, me sentia muito sensível. Peguei todas as suas coisas e guardei de volta, com carinho. Achei duas pulseiras vermelhas e um bilhete ao lado. Comecei a ler:
Aproveitando essa onda de cartas, eu estou escrevendo esse bilhete. Espero que goste das pulseiras, elas representam a lenda akaito ito. Você já ouviu falar, não é? Quando eu ganhar esse campeonato, comprarei alianças para nós. Te amo, Mollie.
É claro que eu já tinha ouvido falar. Há uma lenda oriental que diz que quando nascemos, um fio vermelho que é impossível de se ver com "olhos humanos" é amarrado no dedo mindinho de duas pessoas. Pessoas que estão predestinadas a ficarem juntas, almas gêmeas.
Independente do que acontecer, independente do tempo que passar, essas duas pessoas estarão ligadas pelo fio vermelho e ele nunca irá se romper. Os dois podem se envolver com outras pessoas e terem outros relacionamentos, mas estarão destinadas a ficarem juntas.
Quanto mais longo for o fio, mais longe e tristes as pessoas ligadas estarão. A experiência do amor verdadeiro só se vive com a pessoa que estiver na outra ponta do fio vermelho.
E as pulseiras que Cameron havia comprado (uma para mim e outra para ele) representavam isso. Eu me sentia como a história que Cam havia me contado certa vez na praia, sobre a lua ser apaixonada pelo Sol. Eles podiam se ver eventualmente, em um eclipse. Agora eu sabia exatamente como a lua se sentia, com saudades do Sol... entretanto, eu não tinha um eclipse ou algo do tipo para me reencontrar com o meu amor de verão. O meu amor eterno.
Zack me distraiu de meus devaneios.
— Ele deixou alguma coisa para você?
Sorri e apontei para as pulseiras.
— Akaito Ito em... — ele sorriu.
— Parece que essa lenda é bem famosa, não é?
Zack deu de ombros.
Olhei mais uma vez para a mala e me deparei com um pequeno objeto em forma de prancha. Senti algo estranho. Era o colar que eu havia comprado para Cam.
— Fique com isso, Zack. Cam gostaria que você ficasse com isso.
— Por que você acha isso? — ele levantou uma sobrancelha.
— Não sei... eu só sinto.
E passamos a tarde toda contando boas histórias sobre Cameron... guardando suas coisas. Zack era um bom amigo, ele queria me animar apesar de estar tão triste quanto. E eu havia descoberto que minha tia não tinha jogado as minhas roupas chiques fora, apenas guardado. Leslie queria que eu aproveitasse o verão de maneira certa.
Após terminarmos de arrumar tudo, fui para a casa da minha mãe. Nada tinha mudado ali depois da minha partida.
— Eu fiquei irritada quando você saiu daqui sem avisar. — Minha mãe surgiu de repente na sala de estar.
— Desculpe, mãe. Mas...
— Não há necessidade de se explicar, Mollie. Eu sei que seu pai precisava de você.
Sorri. Tia Leslie cozinhou àquela noite, e estávamos parecendo bons amigos. Papai, mamãe, minha tia, Gwen e eu. Conversando sobre assuntos fúteis. Ninguém ousou tocar no nome de Cameron. Era muita dor para mim.
E no dia seguinte, partimos. No feriado de ação de graças, mamãe iria nos visitar. E no Natal. Nas férias de verão do ano seguinte, eu iria voltar para Ocean City. Esse era o combinado. O casamento de Jefferson e Gwen ficaria para o próximo ano.
Assim que cheguei em casa, avistei uma garota loira na porta da minha casa... era Paula. Pedi para meu pai ir falar com ela e fiquei observando tudo dentro do carro.
— Com licença, senhor Hans... eu gostaria de falar com a Mollie.
— Ela não quer falar com você, sinto muito.
— Por favor, eu imploro...
Não iria deixar o meu pai nessa situação com aquela falsa. Desci do carro e fui até ela.
— Seja breve. — Falei, enquanto meu pai entrava e arrumava as coisas.
— Certo. Eu sei que não há chances de você me perdoar, mas mesmo assim quero pedir desculpas por tudo. Peter é realmente um idiota... sei que você avisou e eu deveria ter escutado, mas fui uma tola. Não espero que tudo volte ao normal, quando ainda éramos amigas. Me desculpe, Mollie. — Então ela deu um sorriso tímido e foi indo embora.
Não quero guardar rancor de ninguém. O único sentimento que reina em mim é a tristeza profunda e quero superar... mas sei que não vou.
— Paula, volte aqui! — gritei e ela se virou em minha direção — Eu aceito as suas desculpas.
Sorrimos e eu entrei. As coisas pareciam em paz entre todos que eu conhecia. Nas noites seguintes eu sonhei com Cam. Eu nunca iria tirar aquela pulseira vermelha.
Me esforçava ao máximo para prestar atenção nas aulas. Precisava ser aceita na UW. Eu estava conseguindo, Cameron me apoiava, onde quer que ele estivesse.
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Apenas por um Verão
RomanceMollie Hans só se preocupava com uma coisa: a viagem para Ibiza nas férias de verão. Ela havia planejado isso com os seus melhores amigos. Bem, se é que pessoas que falam pelas costas e se importam mais com as aparências podem ser chamadas de "melho...