Capítulo 11 - Quem nada é peixe

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Certa vez, papai e mamãe me levaram para uma praia em Seattle. Eles iriam me ensinar a nadar, eu estava muito feliz. Tudo estava bem, nossa família estava contente. Mamãe me instruiu para ficar na parte rasa enquanto ela e o meu pai iam comprar alguma coisa. Como eu era pequena, desobedeci e tentei ir para a parte funda do mar e acabei me afogando. Meu pai disse que eu quase morri naquele dia, e mamãe chorou muito. Desde então, nunca mais entrei no mar e nem tentei nadar. Até hoje.

Cameron começou a dizer:

— Primeiro, segure na prancha e bata rapidamente com os pés. Estique os dedos dos pés e mantenha as pernas retas, alternando-as enquanto bate com os pés. Você vai sentir os tornozelos tensos, mas isso é normal. Bata com os pés como se eles fossem chicotes e mantenha as pernas juntas do quadril até o calcanhar, e do calcanhar até o tornozelo. Flexione os joelhos para que suas canelas façam um ângulo de 90°, em seguida, afaste as pernas e mova-as em círculo, mantendo suas coxas juntas o tempo todo. Faça um semicírculo com cada perna, da perna direita para esquerda e vice-versa, levando-as até o fim do círculo. Levante-as para repetir o processo.

Depois de um tempo fazendo tudo o que Cameron disse (e mais um pouco), ele falou que eu estava pronta para nadar. Eu tentei. Mas quando mergulhei, comecei a entrar em desespero. Senti Cameron me puxar de volta para a superfície.

— Você está bem? Vai ser um pouco complicado, mas tenho certeza de que vai conseguir. — Afirmei com a cabeça e continuamos a tentar.

Depois de uma longa tarde de treinos, Cameron disse que era melhor descansarmos e tentarmos de novo no dia seguinte. Concordei.

Voltei ao banheiro e coloquei as minhas roupas. Cam também havia vestido a camisa.

— Como você vai me ensinar a nadar se tem trabalho? — perguntei quando estávamos indo para a minha casa.

— Eu pedi folga por uns dias. Zack disse que não tem problema ficar no meu lugar.

— Ah, não! Eu não quero ser um fardo para você.

— Você não é um fardo. Além do mais, o dono do supermercado que me ofereceu esses dias de folga. Desde que comecei a trabalhar lá, tenho vivido só para aquilo. E ele disse que não tem problema eu receber o pagamento normal depois.

O chefe de Cam era um anjo. Lembrei do meu pai que também vivia para o trabalho.

Me despedi de Cam com um breve aceno assim que cheguei em casa. A tia Leslie estava deitada no sofá assistindo algo na televisão e Anne estava na cozinha. Leslie se levantou assim que me viu.

— Oi, querida! Onde você esteve?

— Eu estava aprendendo a nadar, tia. — Não deixei de notar os olhares surpresos das duas quando subi para o meu quarto.

Depois de jogar o meu biquíni em uma cadeira, lembrei de algo que eu não tinha feito durante o dia e que era importante. Não havia ido no lugar que Cameron disse que tinha Internet. Eu precisava olhar as minhas redes sociais. Seria melhor esperar o outro dia, ele estavam bem cansado.

Coloquei o meu pijama e deitei em minha cama. Fiquei olhando para o biquíni azul que Cam havia comprado.
 


  
  
 

***
 

 
 

No dia seguinte, resolvi que iria tirar as mechas do meu cabelo. Pedi para que Leslie comprasse os produtos necessários. Depois de um tempo, lá estava eu. A velha e bonita Mollie Hans. Sem mechas rosas. Mas eu não me sentia velha, apesar de tudo. Me sentia como uma garota descolada curtindo as férias de verão em uma cidadezinha sem graça com um cara bonito. Muito clichê.

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Nota da autora:

Agradecimentos especiais ao site WikiHow sobre as formas de nadar.
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