Capítulo 28 - Você de novo?

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Querida Mollie,

  É divertido escrever cartas, não é? Eu também estou muito ansioso para te ver novamente. SAUDADES DEMAIS!!!!! Letras maiúsculas te transmitem o que quero passar?
  Jessy foi embora com o ex-namorado, pelo que soube de Alice. Eu continuo surfando! E pensando em você com a minha tatuagem no pulso. Eu penso em você todo tempo. Se esses caras de Seattle implicarem com você, me fale. Juro que bato neles! Acho que você não precisa de alguém para te defender, não é?
  Sabe qual curso combina com você? Design. Espero ansiosamente para te ver.
  Com muito amor,
             Cameron Hall.

Essa carta me deixou feliz, porém um tanto quanto sentimental. Não suportava passar tanto tempo longe dele. Antes que eu pudesse pensar mais, meu pai chegou com uma mulher loira em casa. Seu semblante denunciou tudo.

— Mollie, espere! — gritou ele enquanto eu corria para casa.

Parei na porta e me virei em sua direção.

— Leslie me contou de sua traição. Não que você não possa sair com outras mulheres, já que você é solteiro. Mas você precisa me avisar!

— Eu preciso te avisar? Eu sou seu pai!

De repente, percebi que nada disso importava. Era a vida dele. Apenas suspirei.

— Tem razão. Eu vou me trocar.

Quando entrei, percebi que todas as nossas coisas estavam de volta aos seus devidos lugares. Papai havia vendido tudo aquilo semana passada.

— Eu ia te falar. Gwen conseguiu recuperar tudo! — meu pai entrou, sorrindo.

— Gwen? Aquela mulher loira? — perguntei.

— Sim. Prazer, me chamo Gwen Roberts. E em breve, Hans. — Ela soltou uma risadinha.

— Eu perdi algo? — questionei.

— Vamos nos casar! — meu pai anunciou.

Casar?! Como? Há alguns dias atrás meu pai fez uma tentativa de suicídio e ela não estava lá. Ela nunca esteve presente em nenhum momento de nossas vidas.

Eu não tinha mais forças para questionar toda aquela bagunça, então apenas disse:

— Parabéns aos noivos! A festa é quando?

— Em Outubro. Íamos esperar ano que vem, mas para que adiar o amor? Ele já bateu na porta! — meu pai sorria de orelha a orelha.

A única coisa que tinha batido, era a cabeça dele. Mas eu estava realmente feliz por todos os nossos pertences estarem ali.

Gwen era alta, magra e tinha uma postura impecável. Bem diferente do meu pai, que era musculoso. Anos de academia...

A semana que se estendeu foi entediante. Peter não falou comigo, o que foi um alívio. Sentia falta da amizade de Paula, Peter e Charles antes de ser mandada para Ocean City. Porém, se eu não fosse para aquela cidadezinha de Maryland, talvez nunca teria conhecido Cameron. Cameron... Pelo menos eu ainda tinha Debby.

Fitei minha tatuagem por um tempo. Me sentia tão triste... Meu telefone tocou.

— Alô?

— Mollie!!! Você precisa vir para essa festa A-G-O-R-A! Não quero discussões, vista-se e venha para cá. Estou mandando o endereço.

— M-mas... — Antes que eu pudesse inventar qualquer desculpa que fosse me livrar daquilo, Debby desligou.

Abri meu closet e me deparei com meu lindo vestido vermelho aberto nas costas e de alças finas. Eu amava aquele vestido.

Demorei uma hora para me arrumar. Havia alisado o cabelo e feito uma maquiagem linda. E então fui.

Uma péssima decisão. Rapidamente me lembrei das festas que eu costumava ir com os meus antigos melhores amigos quando cheguei lá. Música alta, pessoas dançando e outras vomitando, um cheiro forte de bebida alcoólica. Eu poderia ter ido embora dali e inventado algo para persuadir minha amiga, mas ali estava ela.

Debby usava um vestido azul escuro muito curto e super decotado. Os lindos cabelos armados estavam presos em um rabo de cavalo baixo com algumas mechas soltas na frente e chamavam toda a atenção.

— Mollie! Antigamente uma festa não era uma festa sem você, garota. Mas a gente superou isso no verão. — Seu hálito de bebida era insuportável.

— Velha Hans! Ou devo dizer, nova? Você está linda! — ouvi a voz irritante de Adam.

Adam era um garoto que apesar de tentar se enturmar, não conseguia. Todos achavam ele irritante, mas ele não se importava. Era babaca com todas as meninas, principalmente as novatas do colégio.

— Adam! Quanto tempo. Não senti sua falta. — Brinquei, apesar de estar falando a verdade.

— Ha-ha. Ainda solteira?

Vi um feixe de cabelos encaracolados entrando na casa da anfitriã. Era Peter, eu sabia.

— Não. Não estou solteira. Aliás, pode me dar licença? Preciso ir ao banheiro.

Estava tentando achar o banheiro, quando alguém segurou a minha mão. Fui puxada para um canto da sala de estar enorme.

— Quê? Quem? — tentei enxergar no escuro. Não precisei de muito esforço. — Peter... você de novo?

— Não fale assim comigo, lindinha.

— Não se atreva a me chamar de lindinha. — O encarei, com raiva. Quando tentei sair, Peter me segurou e eu paralisei.

— Calma, eu só vou falar uma coisa e você pode ir. — Ele respirou fundo. — Mollie, acho que deveríamos voltar a ser um casal.

Tentei sustentar o seu olhar.

Tsc tsc.

— Antes de você falar algo, pense bem: somos ricos, bonitos e fomos feitos um para o outro!

— Agora me escute você! — gritei. — Você tem namorada, que aliás já era sua antes mesmo de terminar comigo. Você pode ser bonito por fora, mas é podre por dentro. E por último: eu tenho um namorado. Por favor, nunca mais me procure, porque eu não quero saber de você nem pintado de ouro! — Soltei sua mão e saí o mais rápido que pude.

Não conseguia achar Debby, então sentei no sofá, a sua espera. E de repente, vi Adam olhando para os lados e entrando em um quarto. Me senti incomodada com algo e o segui, silenciosamente.

A princípio, achei que era algo típico de Adam com uma garota. Mas não me parecia certo.

— Colabore, Debby! Eu peguei uma bebida para você.

— Eu não quero mais bebida! — disse ela, resmungando.

— Já foi uma merda ter que me esforçar para tirar esse vestido apertado.

Tirar?! Claro, era só Debby sendo Debby. Me lembrei do dia em que ela estava com um garoto e eu me intrometi pensando que era algo sério, e ela ficou muito irritada. Foram semanas sem falar comigo.

Já ia saindo da porta, quando escutei:

— Eu não quero! Sai de cima de mim.

— Você não tem que querer nada. Eu mando aqui.

Apenas por um VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora