Estar com Cameron Hall era como estar no paraíso. Você se esquecia de todos os seus problemas e tudo parecia possível. Setembro já havia chegado e eu estava preocupada. Mas acima de tudo, muito feliz por ter Cam do meu lado naquele momento. Estávamos deitados na areia da praia. O Sol parecia tão distante e fraco, não estava com vontade de brilhar.
Nossos dedos estavam entrelaçados e as tatuagens combinavam perfeitamente. Registrei aquele momento em minha cabeça. Aromas, paisagens... tudo. Eu usava um de meus vestidos, um rosa claro que havia comprado recentemente com a minha tia Leslie. Cameron estava sem camisa e usava uma bermuda azul. Ela me parecia familiar.
— Acho que o Sol está triste. — Falei enquanto olhava o imenso mar azul a nossa frente.
— Eu tenho um palpite. — Cam se levantou um pouco para me olhar.
— Qual?
— Ele está com saudades da lua. Você já ouviu uma lenda que diz que a lua e o Sol são apaixonados? — Fiz que não com a cabeça — Bem, tem uma lenda que diz o Sol e a Lua eram totalmente apaixonados. Eles queriam ficar juntos, mas não podiam. Então, Deus criou o eclipse que ocorre eventualmente. Assim, eles poderiam se encontrar nessas ocasiões.
— Que lindo... — sussurrei.
— Sim. E sabe o que é mais lindo ainda? — continuei encarando-o, esperando a resposta — Você.
Cobri o rosto com as mãos, envergonhada.
— Para! — falei, rindo.
Ele afastou minhas mãos do rosto.
— É verdade, Mollie. Você sabe disso.
Então Cam me abraçou e me beijou na testa. Ele definitivamente ficaria marcado para sempre em minha vida e eu não queria perdê-lo.
***
Eu estava sonhando que iria fazer mais uma tatuagem com Cameron. Então o homem do estúdio começou a me empurrar e disse:
— Mollie! Mollie!
O toque parecia real. Eu sentia a sua mão em meus ombros. E quando me dei conta e abri os olhos, vi minha mãe cutucando. Ela parecia preocupada, o rosto estava molhado.
— O que aconteceu? — perguntei enquanto tentava abrir os olhos.
— Seu pai... ele... ele.
Ela não conseguia falar.
— O que foi, mãe? Por favor, diga. — Sentei na cama.
— Ele tentou se matar.
Meu pai o quê? Minhas mãos começaram a suar e eu me sentia tonta, como se estivesse prestes a desmaiar. Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e comecei a me desesperar.
— Ele está bem? O que houve? — tentei manter a calma e respirar normalmente.
— Ele tomou muitos medicamentos e foi levado ao hospital. Não sabemos o estado dele ainda, os médicos estão tentando fazer uma reanimação. — Explicou ela entre lágrimas.
Eu poderia perguntar como ela sabia de tudo isso em pouco tempo. Mas não importava. Nada importava.
— Eu... eu preciso ir até ele. — Disse.
— Não, não têm voos a essa hora. O melhor é dormir e... esperar até amanhã para tomarmos uma decisão. Por favor, tente dormir. — Ela disse isso e saiu do quarto.
Minhas mãos estavam tremendo. Eu não poderia dormir enquanto meu pai corria risco de vida.
Essa era a melhor decisão para aquele momento. Sem pensar duas vezes, atravessei a sala e observei minha mãe sentada no sofá, chorando e tomando um chá. Andei sem fazer barulho e abri a porta com todo o cuidado possível. Não podia ficar ali sem fazer nada.
Corri o mais rápido que pude, forcei os músculos a continuarem até chegar na casa de Cameron. Bati na porta desesperadamente e ele abriu. Estava de cueca e com os olhos quase fechados de sono.
— Mollie, o que houve? — ele passou as mãos pelo cabelo bagunçado.
— Meu pai... ele tentou se matar e eu preciso fazer alguma coisa. Ele é importante no mundo dos negócios, com certeza devem haver informações sobre o que está acontecendo com ele na Internet. Por favor, me ajude.
— Calma... Antes de tudo você precisa se acalmar, Mollie.
Respirei fundo.
— Vou me vestir e volto em um minuto. Vamos saber o que aconteceu, eu prometo. — Ele correu para dentro da casa e voltou em menos de um minuto.
Cam segurou minha mão e corremos em direção ao supermercado. Era difícil correr usando calça jeans. Mas eu estava tentando.
Entramos no supermercado.
— Certo, cadê o seu celular?
Abri a bolsa que tinha arrumado em uma incrível rapidez que nem mesmo eu sabia que tinha, e peguei meu celular.
Conectei com a Internet novamente e ignorei todas as mil mensagens das redes sociais.
Jefferson Hans: tentativa de suicídio
Pesquisei no Google e obtive resultados em poucos segundos. A Internet era rápida.
Abri o site mais recente sobre o assunto e engoli as palavras que estavam na tela.
Nesta madrugada, 12 de Setembro, o empresário Jefferson Hans, 42, de Seattle, Washington, fez uma tentativa de suicídio. A intoxicação exógena ocorreu por meio do consumo de medicamentos de forma exagerada. Hans se encontra bem após uma reanimação no Hospital...
Respirei aliviada por ele estar bem.
... Jefferson tem uma filha que se encontra em outra cidade no momento. Não havia ninguém na casa quando ele tentou se matar. Os médicos afirmam que está tudo sob controle. Agora vamos analisar os possíveis motivos dessa tentativa de suicídio...
Comecei a chorar de alívio. Papai estava bem. Não totalmente bem. Mas estava a salvo. Deixei o celular cair e Cam me abraçou.
— Vai ficar tudo bem. — Dizia ele enquanto me envolvia em um abraço. Seu queixo estava apoiado em cima da minha cabeça e ele passava a mão em meus braços. — Vai ficar tudo bem.
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Apenas por um Verão
RomansaMollie Hans só se preocupava com uma coisa: a viagem para Ibiza nas férias de verão. Ela havia planejado isso com os seus melhores amigos. Bem, se é que pessoas que falam pelas costas e se importam mais com as aparências podem ser chamadas de "melho...