Capítulo 6 - Um estranho

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Eu havia adormecido depois de deitar na minha nova cama. No dia seguinte, acordei com cheiro de comida de avião.

Desci as escadas e vi a minha tia na cozinha que ficava ao lado da sala.

— Bom dia, Mollie! A sua mãe está trabalhando agora, e eu estou fazendo panquecas. Se você quiser tomar um banho antes de comer... — disse Leslie quando me viu.

— Ah, claro. Onde fica o banheiro?

Leslie apontou para o banheiro, que por sua vez ficava atrás da sala de estar.

— Eu tomei a liberdade de desfazer as suas malas. Deixei uma toalha limpa pendurada em algum lugar do banheiro, depois que você tomar banho pode ir trocar de roupa.

— Certo, obrigada.

Depois de me despir, entrei embaixo do chuveiro e o liguei. Levei um grande susto quando a água fria caiu em meu corpo nu.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou a minha tia quando dei um grito.

— Essa água está muito fria! — gritei.

— A água do chuveiro é fria. Não tem água quente. Estamos no verão!

Droga! Eu odiava água fria.

A casa estava silenciosa. Subi as escadas com uma toalha rosa em volta do meu corpo e uma outra toalha no cabelo.

— AH! — gritei ao ver um homem descendo as escadas. — QUEM É VOCÊ?

Quando ele tentou correr, eu o impedi. Atitude errada, porque o sujeito caiu em cima de mim. E eu estava de toalha...

Ele corou e se levantou rapidamente. Será que era um ladrão? Tentei controlar as batidas desenfreadas do meu coração e corri para o meu quarto. Coloquei uma blusa azul com mangas, um short jeans e uma chinela. A cômoda possuía um espelho grande. Peguei a minha escova de cabelo e comecei a pentear o meu cabelo castanho com mechas rosas.

A tia Leslie estava dormindo no sofá e a mão estava pendurada com um cigarro preso entre os dedos.

Tirei o cigarro da mão dela e saí daquela casa. Eu estava com medo daquele cara aparecer de novo, e resolvi passear para conhecer a cidade. Aparentemente ele não tinha roubado nada.

Andei por várias ruas, todas iguais. Avistei um supermercado e entrei.

Eu não havia comido as panquecas da tia Leslie, então estava faminta. Para uma cidade pequena, aquele supermercado tinha uma grande variedade de comida. Por fim, peguei um saco de biscoitos e um refrigerante.

Meus olhos se arregalaram quando vi quem era o caixa. O homem que estava na casa da minha mãe mais cedo.

Você?! — falamos em uníssono.

— Quem é você e o que estava fazendo em minha casa? — perguntei.

— Eu estava levando uma encomenda para a mulher que mora lá. Não sabia que você estaria de... toalha. Afinal, quem é você?

— Eu que faço as perguntas aqui, mocinho. Que tipo de encomenda?

— Anne havia pedido 20 refrigerantes. Eu estava apenas levando.

— Por que ela iria pedir 20 refrigerantes?

— Sei lá. Eu só estava fazendo o meu trabalho. Vai me dizer seu nome ou não?

— Me chamo Mollie. Então aquilo não passou de um mal entendido. Esqueça o que viu.

— Impossível esquecer...

— Como é que é?

— Nada, nada... vai levar só isso?

Olhei para ele como quem dizia "o quê?". Ele apontou para os biscoitos e a lata de refrigerante.

— Ah, sim. Só isso.

— Custam 1,28 dólares.

Entreguei o dinheiro e olhei com estranheza para o rapaz. Que garoto mais... peculiar.

Ele era forte e grande. Não grande como um touro, mas grande o suficiente para levantar uma pessoa magra sem esforço algum. O cabelo era castanho claro, como o meu. E olhando bem, parecia o cabelo mais sedoso do mundo. De qualquer modo, ele era bonito.

Na frente do supermercado haviam algumas cadeiras com vista para a praia. Me sentei em uma delas e comi toda a porcaria que havia comprado. Fiquei pensando em meus amigos e o quanto os últimos dias tinham sido perturbados. Sem Internet eu não poderia ver o que eles estavam falando sobre o cartaz... argh. Eu tinha me esquecido do cartaz.

O garoto do supermercado espantou-me de meus devaneios.

— O que você quer? — perguntei.

Ele se sentou em uma cadeira próxima e olhou para a praia.

— Você não acha bonito? O mar, quero dizer. — Eu não entendia o motivo de ele estar puxando assunto comigo.

— Sei lá...

— Você deve ter uma opinião sobre isso.

— Vamos realmente falar sobre o mar? — olhei para ele com uma expressão de deboche.

— Sobre o que você quer falar, então? — ele finalmente me encarou e eu reparei em seus olhos azuis. Eram tão lindos, um azul vivo que eu nunca tinha visto.

— Ah, vamos começar por... qual seu nome?

Apenas por um VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora