Capítulo 23 - Um acordo

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Semanas se passaram desde todos os ocorridos. Cameron e eu não poderíamos estar mais felizes. Minha relação com a minha mãe estava boa. Tia Leslie não parava em casa porque todos os dias ia se encontrar com caras ricos e bonitos que eu não conseguia acreditar que existiam em Ocean City. Todo o tempo que eu tinha procurava passar com Cam. Certos dias ele ia para a minha casa, e em outros eu ia para a dele.

Naquela tarde fui até a casa de Zack e Cam. A única pessoa que estava lá era Alice, a namorada de Zack.

— Entre, por favor. — Insistia ela.

— Não, tudo bem. Vou esperar Cam na praia.

— Eu insisto. Vamos conversar.

A oferta era tentadora já que eu não tinha nenhuma amiga no momento. Apenas Debby, eu acho. Aceitei o convite e entrei.

A típica casa de dois jovens garotos era cercada por cuecas sujas e muita bagunça. Mas a casa deles era diferente. Não sei se Zack era organizado, ou se Alice organizara tudo. De uma coisa eu sei: Cam era organizado.

Sentei no sofá e tentei me sentir confortável enquanto esperava por Cameron. Alice sentou ao meu lado e me entregou uma xícara de café.

— Então, como vão as coisas com Hall? — perguntou ela.

— Estão ótimas, obrigada. — Sorri.

— Que bom... — Alice tomou um gole de seu café e interrompeu o silêncio com um barulho de choro. Ela estava chorando, na minha frente.

— O que aconteceu? — perguntei, preocupada.

Ela respirou de forma exagerada.

— Zack está me traindo.

Durante 1 minuto não consegui falar nada.

— Tem... tem certeza, querida? — achei melhor confirmar.

— Sim, eu o vi beijando uma garota ruiva diversas vezes. — Ela começou a chorar mais ainda.

Jessyca. Quantas garotas ruivas existem naquela cidade? Como ela podia? Como ele podia?

Eu tinha que dizer algo sábio para Alice, algo que uma pessoa madura faria. Mas pensei no quanto Zack era estúpido.

— Alice, que se dane! Eu aprendi uma coisa muito valiosa: se ele não entender, não é o rapaz certo para você. — Ela tinha enxugado as lágrimas e prestava muita atenção em mim. — Você merece muito mais, é uma mulher tão bonita...

— Eu sou uma gorda feia! — gritou ela.

— Não, você é linda! Zack não presta, vá lá e acabe com ele. Mostre o quanto você é bonita e forte. Um dia ele vai perceber que perdeu um mulherão... e aí vai ser tarde.

Ela sorriu e concordou com a cabeça. Passei a tarde tomando café com Alice. As palavras que eu disse para ela me ensinaram algo de certa forma. Não precisamos de ninguém para nos mantermos lindas e fortes. A velha Mollie Hans pensava que sem Peter não seria nada. Hoje ela está um pouco melhor. Cameron, uma pessoa maravilhosa, passou essa segurança a ela. A nova Mollie Hans.
  
  

  ***
  

— Você quer cachorro-quente? — Cameron havia me encontrado na mesma lanchonete em que estivemos tempos atrás. Era inevitável comer cachorro-quente e não lembrar do feriado de 4 de Julho.

— Sim. — Eu usava o mesmo vestido florido que usara em nosso primeiro beijo. Cam estava com uma camisa branca e bermuda azul.

Ele pediu quatro cachorros-quentes. Dois pra ele, e dois para mim. De frente para ele, assim eu me encontrava. Olhar para Cam fazia o tempo passar mais devagar, seu rosto firme, suas pintinhas pequenas no rosto, suas covinhas, seus olhos azuis, seu cheiro de brisa do mar... esses eram detalhes que eu queria guardar para sempre. Não sei se ele pensava em mim dessa forma, meus cabelos castanhos, meu rosto suave, meus olhos cor de mel... tudo em mim era tão simples comparado a Cameron.

Eu não sabia exatamente o que ele sentia pelo jeito que me olhava. Que me olha. Às vezes os olhos de Cam me transmitem calma, outras vezes me transmitem euforia, como se eu pudesse ser qualquer coisa e fazer qualquer coisa.

Naquele momento seu olhar me transmitia calma. O que era bom.

Devorei os dois cachorros-quentes em dois minutos.

— Uau! Como você consegue? — ele ainda estava comendo o primeiro cachorro-quente.

— Acho que é um dom. — Brinquei.

— Certo. — Ele deu de ombros. — Ei, sua boca está suja de mostarda.

— Quê?

— Aqui. — Ele apontava para um lugar, e eu limpava em outro.

Então Cam ficou irritado e ele mesmo limpou os cantos da minha boca sujos de mostarda.

— Isso poderia até ser fofo... se a minha mão não estivesse suja de mostarda. — Disse ele limpando o dedo no guardanapo.

Sorri. E de repente o meu sorriso sumiu. Havia lembrado de algo que eu estava evitando por dias.

— O verão está acabando. — Disse, por fim.

— Não está não. Não estamos nem em Setembro ainda.

— Faltam poucos dias para Setembro chegar.

— Certo. E no que você está pensando?

— Eu irei voltar para a escola e você para o trabalho. É o meu último ano no colegial... como vamos manter contato? Eu não quero ficar tanto tempo sem você. — Senti meu peito começar a pesar.

Ele pensou um pouco e depois respondeu:

— Cartas. Podemos mandar cartas um para o outro. Além do mais, você pode me visitar ou eu posso te visitar.

— Temos um acordo?

— Temos um acordo. — Céus, eu morreria por causa daquelas covinhas.

Apenas por um VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora