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ELARA RITHELE

Seus olhos estão determinados.

Ela muda ansiosamente o peso do corpo de uma perna para a outra, denunciando sua agitação. A espada posicionada na altura da cintura e atrás do corpo.

A loira tentará me atacar com tudo.

Já consigo prever seu braço pegando impulso e partindo à toda na minha direção, convicta de que me atingirá pela lateral.

Essa será a sua ruína.

A previsibilidade.

Ou talvez a burrice de deixar o lado esquerdo desprotegido.

De qualquer jeito ela já está predestinada ao fracasso.

Sorrio, provocando-a.

Ao ver seus olhos arderem de raiva, me pergunto se essa novata realmente pensa ter alguma chance contra mim.

Aquilo não é uma faca para segurar de maneira tão desleixada. Ainda haverá um longo caminho de aprendizagem para a doce principiante.

— Sabem as regras — diz Elis Immers se posicionando no centro da roda formada por todas as Pugnadoras. — Quando ouvirem o som, comecem — ela então saiu de dentro do círculo e se juntou as discípulas, me proporcionando, novamente, uma visão perfeita da minha oponente.

Seus cabelos loiros são longos demais, a postura relaxada, consigo ver seu ego inflado aguardando ansiosamente pela vitória que não virá.

Pela ousadia estampada em seu rosto e o leve sorriso provocativo tive a certeza de que ela está a imaginar todas as formas possíveis de derrotar e humilhar a princesa de Idália. Pobre coitada, sairá daqui com alguns bons ferimentos para aprender a respeitar e temer uma Pugnadora mais experiente.

Mesmo não sendo uma luta pra valer, irei acabar com ela por puro capricho.

Todas estão em silêncio.

Posicionei minhas duas mãos ao redor do cabo da espada brilhante e arrumei os meus pés, firmando-os no chão.

Não a matar, essa é a regra mais importante e a única que, a contragosto, sempre respeito.

Um sino estridente soa, dando permissão para o meu massacre.

Estupidamente ela vem em minha direção, correndo e quase tropeçando nos próprios pés, com a espada erguida em uma mão e gritando como um selvagem qualquer, minha vontade é de revirar os olhos diante de tanta imbecilidade.

Ao se aproximar a loira se apressa em fazer um único e previsível movimento com a mão direita, tentando fincar a arma no meu ombro.

Bloqueio-a no mesmo instante e a idiota afrouxa a mão.

Me movimentando para a esquerda atinjo minha perna em seu tornozelo, a garota vacila para frente e acerto meu cotovelo em seu rosto.

A loira vai ao chão e eu tomo sua espada.

Fácil como tirar doce de criança, talvez até mais.

Eu não posso matá-la, mas com certeza posso me divertir.

Sorrio para a Pugnadorazinha jogada ao chão, ainda sem entender o que a atingiu.

Aponto a lâmina para o seu belo rostinho, uma pequena cicatriz não fará mal algum, muito pelo contrário, lhe dará um ensinamento de vida.

— ELARA! — reviro os olhos e praguejo ao escutar a não-tão-doce voz de Désirée Yule. Dando uma última olhada no rosto assustado da minha jovem adversária, largo as armas e me viro para a velha com o meu melhor sorriso.

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