Dizem que quem é vivo sempre aparece! Desculpem a demora estou tendo diversos contratempos, mas não se preocupem: desistir dessa história jamais será uma opção.
ELARA RITHELE
Lar.
Desde pequena fui instruída a chamar tudo o que meus olhos alcançam de meu. Ensinada de que não importa onde meus pés pisem, desde que seja em território idáliano, é meu lar e, portanto, não devo abaixar a cabeça para ninguém e muito menos me sentir deslocada ou diminuída, o que significa que não há um grão de terra onde eu não me sinta bem.
Mas não há em todo o reino um lugar que detém tanto meu apreço quanto a capital.
Talvez seja pelo fato de ter passado a maior parte da minha vida aqui e em Ivor — o distrito destinado aos guerreiros —, mas voltar para cá sempre é mais prazeroso.
Ver as duas intocáveis torres homenageando a deusa Selena e o deus Lohan na única entrada da cidade que é envolta por enormes e impenetráveis muralhas sempre traz uma sensação de calmaria, mesmo que o cenário a minha volta seja exatamente o oposto.
Como de costume, todos param para celebrar a minha chegada.
Cada soldado, servo e pessoa influente que me acompanhou nesta rápida missão é tratado como um deus, mas nenhum chega a ter uma adoração como a minha.
Os súditos formam um enorme corredor, desde a entrada até o castelo, quase brigando para me ver. Gritam, saúdam, erguem objetos aleatórios e, claro, me reverenciam. Quando viro-me para olhar qualquer um deles, vão a loucura e tentam me contar suas histórias e a admiração que tem por mim.
É mágico. É único. É de encher o ego de qualquer um.
Até a mais insignificante das baratas se sentiria nos ares frente a isso.
— Nem parece que estamos em estado de luto — rumoreja Celeste. Ela está montada ao meu lado esquerdo, admira o que vê, mas não o bastante para segurar suas costumeiras críticas.
— Eles superam rápido demais — respondo numa voz contida.
Por mais que ame toda essa adoração cultivada desde meu nascimento, sei como o povo é suscetível. Eles querem o mais forte os comandando, mas assim que este se mostra minimamente fraco, é descartado com a mesma facilidade que fora amado.
Não se pode deixar ludibriar, é preciso estar constantemente alerta.
Assim que ultrapasso os portões do castelo, avisto Elis Immers e suas pugnadoras — as que deixei para trás — esperando para me receber. Há novatas entre elas, possíveis prodígios que faço questão de acompanhar.
Apesar de visitar ocasionalmente Ivor e treinar por lá, não me juntei a eles ainda e por escolha própria. O local é o último estágio e maior sonho de qualquer Pugnadora normal, mas não é meu foco atualmente, já que meus planos não podem ser executados de lá. E não irei até ter certeza absoluta de que tudo deu certo — e esse é um dos diversos motivos que me fazem permanecer na capital.
Então ainda participo dos treinamentos do castelo mesmo tendo idade o suficiente para me livrar deles e ir para o verdadeiro exército.
— Seja bem vinda de volta, majestade — cumprimenta Immers, curvando-se ligeiramente. As Pugnadoras atrás dela fazem o mesmo.
Apenas assinto, ao passo que paro o cavalo e desço.
— Imagino que tenha conseguido o que queria em Bjorn — Elis continua puxando assunto, algo costumeiro, geralmente feito para me bajular.

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IDÁLIA
Fantasy"O fogo está se espalhando, lento e impiedosamente, e nós ressurgimos das cinzas". Você é o que nasce, como o mundo te verá é definido antes mesmo de seu primeiro suspiro e não há nada a ser feito para mudar tal fato. Em Idália as pessoas são dividi...