07

240 42 121
                                    

HERON LAWFORD

Meus tornozelos ardem.

Posso apostar que essas cordas de merda estão deixando uma marca das feias.

Talvez se eu parasse de me mexer ajudaria, mas... Porra!

O que eu tenho na cabeça? Deveria ter ficado quieto, deveria ter deixado as coisas como deveriam ser: eu, um pescador em Hedda e a desgraçada daquela sardinha devia ir para Ivor ou qualquer outro lugar, desde que bem longe da minha presença.

Se ela estivesse aqui na minha frente, agorinha, iria escutar muitas coisas e depois eu partiria pra cima dela, torcendo pro elemento surpresa me permitir uma ferida, um pequeno ferimento, por ela ter desgraçado minha vida.

A plebe não faz caridade, mas nãããão eu tinha que fazer. Tinha que evitar que a garota fosse enviada para a morte certa e acabei enviando a mim.

Pra puta que pariu!

— Pare de resmungar, Heron! — A voz irritante e aguda de Aíbil adentrou o estabulo onde eu estou passando uma magnifica noite. . — Sabe fazer alguma outra coisa?

Me virei e a encarei, seus olhos cor de merda — no caso uma merda estranhamente verde — vasculhavam o lugar extremamente sujo, ela torce o nariz, mas para ao ver que a estou encarando.

— Você tá péssimo — resmunga.

— Você sempre está horrível — respondo. Vejo uma de suas sobrancelhas se erguer e seu nariz soltar ar.

— Você é um amor.

— Venho ver a desgraça que causou? Espero que seja a altura das atrocidades que tenha imaginado — baixo o olhar para meus pés, enquanto tento afrouxar um pouco a corda.

Não funciona, posso ver uma parte da minha pele vermelha.

Meu coração bate forte contra o peito, pela tamanha raiva que sinto.

— Não venha jogar a culpa para cima de mim, o que você queria ser? O herói? — Sua voz carrega um tom de ironia e, ao erguer meu olhar, pego-a revirando os olhos. — Não sou uma Melindrosa em apuros, Lawford. Sei me cuidar.

Quis passar as mãos no cabelo, mas elas também estão amarradas, então me limito a jogar a cabeça para trás, claramente impaciente.

— Não fale meu sobrenome.

— Não me trate como uma toupeira! — Retruca.

Uno minhas sobrancelhas em confusão.

— Uma o quê? — Pergunto, minha voz sai mais aguda do que o esperado.

Ela se joga em um dos cantos e encosta a palma de sua mão na testa.

— Vai me explicar por que fez isso? — Sua voz está cansada, foi quando notei as marcas em seu pescoço, elas são retas e extremamente roxas.

— Parece que alguém apanhou — acuso, me acalmando um pouco.

A mão esquerda da Pugnadora vai para o local do ferimento, seus olhos ficam vazios.

— Foi por isso — admito.

Perdi as contas de quantas vezes a vi repleta de marcas por não ser suficiente, por não ser uma Pugnadora extraordinária e adorada pela tutora.

Não que eu ligasse muito, Pugnadoras precisam ser treinadas e não há espaço para fraquezas, mas eu tenho dó, Aíbil sempre fica com as tarefas nojentas e é excluída de tudo. Lembra a mim mesmo e talvez seja por isso que me aproximei da garota extremamente esquisita e suja. Por piedade, afinal, insignificância atrai insignificância.

IDÁLIAOnde histórias criam vida. Descubra agora