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*Maratona 2/5

SURI IVEY

— Eles invadiram o castelo, sequestraram minha filha e você não fez merda nenhuma! — Desirée está em pé do outro lado da mesa, batendo a mão enluvada contra a madeira e com as veias da testa saltadas. — Todos esses guardas plantados nos corredores não servem para nada.

Encarei-a, a cabeça levemente tombada, contendo veementemente um riso amargo.

— Se veio pedir favores, deveria fazer uso de um melhor palavreado — sugiro, a voz calma, aproveitando cada segundo do desespero de uma tão grandiosa Pugnadora.

A vi respirar fundo, recolher as mãos cerradas em punho e, por fim, se sentar na cadeira a minha frente. Os olhos escuros me fitam com toda a força do seu ódio.

— É tudo um jogo para você, não é, majestade? — Acusa, a tensão atravessando todo seu corpo ereto. — Então vamos jogar.

Sorrio.

— Não seja boba, Desirée, Aileen é como uma filha para mim — repouso a mão direita no peito para enfatizar minhas palavras. — Estamos procurando-a, tanto quanto a casa Yule — asseguro, mesmo sabendo que é mentira.

Sim, é preocupante terem invadido o castelo, mas temos que focar em reforçar a segurança e não procurar a garota que a essa altura já deve estar morta. A mesma Melindrosa que iria permitir que os abutres de sua família interferissem mais ainda na política do país, de qualquer maneira, jamais permitiria que se cassasse com o herdeiro (mesmo sendo esse o acordo).

Elara partiu para o seu conto de fadas distorcido e levou guardas demais consigo, nos deixando desfalcados, mas de qualquer maneira, enviei alguns homens na procura do corpo da Melindrosa, apenas para aplacar a fúria da mulher a minha frente que sempre volta exigindo mais.

— Guarde suas mentiras para alguém que creia nelas — a velha se aproxima o máximo que pode e, lentamente, diz: — Se não enviar cem homens e Pugnadoras para as tropas Yule hoje, pararemos de enviar mantimentos para o castelo e retiraremos totalmente nosso apoio.

Me ajeitei ligeiramente na cadeira.

— Não seja tão drástica.

— Está na beira do precipício, com inimigos ocultos nas sombras, quanto tempo acha que sobreviveria sem o apoio de uma das famílias mais poderosas de toda Idália? — Sorrio abertamente. Mais tempo do que possa imaginar.

— Em honra dos longos anos de paz e amizade entre nós, irei desconsiderar suas ofensas e ceder os guardas, daqui dois dias, com um preço, obviamente.

— Quer me fazer pagar por um erro seu? — Ela se ergue gloriosamente de sua cadeira, me olhando como se fosse louca.

— Tudo tem um preço, Desirée, pensei que estaria disposta a pagar por sua amada filha, mesmo a garota sendo uma Melindrosa.

— Não — responde, duramente. — Não iremos lhe dar nenhum centavo.

— E quem disse que eu quero dinheiro, querida?

Desirée respira fundo, impaciente.

— Diga. O. Que. Quer. — Exige entredentes.

— É de conhecimento público quem será o novo rei — começo, cortês, como se não falasse de algo importante. — Kael vem se preparando a anos desde que Elara mostrou total aversão ao cargo.

Esperei que concordasse cautelosamente antes de prosseguir:

— Acredito que não seria justo caso ela interfira agora, movida pela raiva, e proponha a disputa.

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