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ELARA RITHELE

Tenho vontade de revirar os olhos, mas me limito a pressionar mais o seu pescoço.

— Não está me ouvindo, querida? — Pressiono-a, a voz tão afiada quanto uma faca.

Posso imaginar mil e uma maneiras de matá-la, aqui e agora, sem quaisquer considerações, fazer sua essência se perder e apodrecer no vácuo por toda a eternidade. Seria prazeroso e aplacaria minha irritação por hora, mas não o farei se essa porca puta cooperar.

Estou lhe dando uma chance. Sendo benevolente e tudo mais, qual é a dificuldade dela em entender?

A prostituta a minha frente tenta puxar desesperadamente o ar, posso ver seus lábios começarem a perder a coloração rosada, seus olhos indo de um lado ao outro, em puro desespero, na procura de alguma salvação.

Aperto um pouco mais.

A animação corre por minhas veias, se ela pensa que estou blefando, está muito enganada. Sua vida é descartável, puro lixo e se não pudesse me oferecer uma informação tão valiosa já teria dado um fim a essa vergonhosa existência.

Sua mão direita se ergue e pressiona meus ombros, tentando inutilmente me afastar, viro meu rosto e encaro a terrivelmente frágil mão e deixo um sorriso escapar.

Ela não pode fugir de mim. Ninguém pode.

Soluços escampam da sua boca, ainda desesperadamente em busca de ar, as lágrimas escorrem por suas bochechas.

Afrouxo o aperto.

— Acredito que queira falar um pouco agora, não? — Questiono enquanto mexo um pouco os dedos para observar a marca dos mesmos contra sua pele, aquilo deixará uma marca e isso me agrada, quero que todas as vezes ao fechar os olhos ou se olhar no espelho ela se lembre do quão insignificante é comparada a mim, o quanto ela não tem qualquer controle sobre si mesma, eu quero que ela chore, quero que tenha pesadelos comigo e que nunca, nunca, nem por um segundo, seja capaz de esquecer.

Ainda com as lágrimas rolando, a meretriz balança a cabeça veementemente, concordando em falar.

Retiro minhas mãos totalmente de seu pescoço e as repouso próximas a minhas adagas, pronta para qualquer movimento brusco que a mulher preste.

— Você tem dez segundos, fale ou eu corto sua garganta — ameaço, encarando-a fundo. Se olhares pudessem matar, nesse momento ela estaria morta.

As mãos da Melindrosa estão em seu pescoço, massageando o local, tentando aliviar a pressão ali aplicada.

Ela desvia o olhar.

— Um — digo, a voz transparecendo impaciência.

Vejo-a escorregar até o chão, o peito subindo e descendo, seus olhos denunciando a confusão em sua mente.

Ela está morrendo de medo.

Dou um passo para trás e, respirando fundo, me agacho.

— Dois — anuncio, dessa vez mais rápido.

Pego uma das adagas e aponto na direção do pescoço ferido.

Seus olhos piscam fervosamente.

— Eles, eles... — As palavras parecem entaladas em sua garganta.

— Três.

E então seu rosto aparenta se aliviar, a respiração continua pesada, mas seus olhos já não vagam e as lágrimas cessam.

Fico tentada a franzir as sobrancelhas em confusão, mas mantenho o semblante firme.

— Quatro.

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