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Desculpem pela demora na att, precisei me afastar no fim de semana, mas as postagens permanecem previstas para todos os sábados. É isso, aproveitem o capítulo :)

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CELESTE TROLLOPE

Não tenho certeza do que me fez agir.

Talvez tenha sido porque sua aparência, apesar da enorme camada de sujeira, me lembre a mim mesma ou por causa da determinação em seus olhos por algo que obviamente não vale a pena.

Eu o vi desde o primeiro momento, havia algo suspeito no modo como analisava toda a cena e em como sussurrava com pessoas a sua volta, mas principalmente: havia ódio explícito em cada gesto quando via ou ouvia a infanta, ele sequer se importava em disfarçar.

Um claro suicida imprudente.

Provavelmente crê ser o grande herói de seus conterrâneos, talvez esteja interessado no que pode obter se tornando o salvador de seu lorde — muitos já ganharam cargos importantes por tais feitos.

Mas sua mente estava tão alheia a situação que não percebeu arqueiros espalhados estrategicamente nas janelas de todo o pequeno centro, prontos para atirar em qualquer um que colocasse os pés em cima do palco a minha frente. Diga o que quiser, mas Elara não é estúpida ao ponto de sair e deixar seus prisioneiros mais importantes tão expostos.

— O que você fez? — Há incredulidade em sua voz, seus olhos não se desviam da cena perturbadora, da morte em sua forma mais pura e cruel.

Todo o alvoroço causado pelos camponeses cessou no momento em que as brasas arderam, altas e fortes. Alguns choram, outros estão com seus rostos virados na direção contrária, mas há aqueles que olham a cena com pura frustração.

— Te livrei de se juntar aqueles que já foram condenados — me esforço ao máximo para manter minha voz calma e reconfortante, ignorando a pequena dor que lateja onde fui agarrada.

O cheiro de carnificina faz meu nariz se contorcer.

Seus frígidos olhos azuis se focam nos meus e a raiva se manifesta em meio as pequenas lágrimas solitárias brigando para cair — provocadas pelo ocorrido ou pelo ferimento que lhe causei, não sei ao certo.

Sua orelha direita ainda está sangrando.

O homem faz um movimento bruto em minha direção, pronto para acabar com minha vida num golpe só, mas outro corpo se coloca entre nós e derruba o desconhecido num piscar de olhos.

— Você está bem, Trollope? — Athos prende o outro homem no chão com o peso do próprio corpo, mas os olhos cinzentos estão voltados para mim.

Assinto ligeiramente.

O desconhecido congela repentinamente e cessa suas tentativas de sair do aperto de Ivey.

— Solte-o — peço, surpreendendo Athos que me olha como se fosse louca e talvez eu realmente seja.

— Ele tentou te machucar — recorda-me, agindo como se por algum segundo eu tivesse esquecido. — Eu o vi te tocar.

— Eu sei, como acha que ele conseguiu o ferimento no ouvido? — Questiono, indicando o machucado em si. — Provavelmente foi pago para arriscar a própria vida, mas não o salvei de uma morte por flechas para você terminar o trabalho depois.

— Se Elara souber que está ajudando traidores...

— Ela não vai — afirmo, me ajoelhando ao seu lado. — Não é mesmo, Ivey?

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