Capítulo 8

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De todos nós, desde a adolescência, Tony sempre foi mais festeiro. É um fato inegável, é quase uma característica primária. É como se gostar de festas e ter um instinto de salvar pessoas fossem as coisas que o faziam Anthony Vanserra.

Ser majoritariamente chamado pelo apelido também.

De todo modo... Sabendo disso, era de se esperar que Tony fosse quem organizava nossos encontros. Especialmente porque com sua rotina sempre atarefada, ele via os horários que podia para depois avisar a gente, o que na maioria das vezes funcionava, então ninguém reclamava.

Isso aconteceu de novo hoje. Pelo horário que mandou mensagem, eu não duvido nada de que ele ficou sabendo que não seria escalado para o plantão de hoje e logo nos avisou. O convite também veio com uma mensagem bem clara:

"É a única sexta-feira à noite que eu não tenho nada esse mês, não me façam ir para cama cedo."

Suspiro. Com a ideia de diversão enviada logo em seguida por Will, a noite seria – no mínimo – interessante.

- E você está hesitando por que exatamente?

- Talvez porque eu ainda seja profissional e tenho trabalho para fazer? Ou porque eu possivelmente vou precisar vir aqui amanhã para ajudar no vídeo de divulgação da nova coluna de um amigo, e não queria chegar aqui com uma ressaca.

Termina de fechar os arquivos que estava vendo no computador. Salvo todos, mando os e-mails que precisava para os fotógrafos e o representante de relações públicas que ficaram de me dar uma resposta, e começo a juntar minhas coisas. Quer dizer, faço isso tentando equilibrar o celular entre o ombro e a orelha, para que minha ligação com Niall não seja interrompida.

- Para de graça, Courton. - irônico, começa. - Você está ansiosa por hoje, sei que sim.

- É, eu estou. - solto um riso. - Eu te falei sobre o jogo, certo? O que William  sugeriu? Quer dizer, ele sugeriu... Imagina se, sei lá, por um acaso, eu me dê bem? Mas e se eu também me der muito mal...

- Tara, para! - ouço Niall rindo do outro lado da linha. - Você já me falou sobre o jogo e eu já te falei que vou estar lá para garantir a sua sorte, relaxa. Você me ajuda dando diversão, e eu ajudo te aproximando dele, lembra? Vai dar tudo certo.

- Estou confiando em você, Horan. - brinco. - Não me decepcione.

- Vai dar certo, Tara, não se preocupe.

•°

Como eu já tinha visto no grupo de mensagens que temos mais cedo, Marie havia sugerido sua casa.

O prédio de minha amiga não era tão longe do meu, então consigo ter um pouquinho mais de tempo para me trocar e ir até lá, depois que saio do trabalho. Acabo escolhendo uma roupa simples, como todos os dias em que nós saímos: calça jeans escura, uma regata verde água e por cima, uma blusa preta com detalhes no mesmo tom esverdeado. Deixo o cabelo, que hoje não estava no seu melhor estilo ondulado, preso em uma trança lateral.

Marie sabia que seria perda de tempo pedir para todos tocarem a campainha, especialmente Clara – que com 26 anos, ainda adora irritar a todos tocando várias vezes –, então ela apenas deixou a porta encostada, para que quando saíssemos do elevador em seu andar, entrássemos mais facilmente.

Quando faço isso, encontro quase todos os meus amigos já lá. Cumprimento Marie e Sophie primeiro, que estavam no sofá visível logo quando se abre a porta (lê-se interrompo a sessão de carinhos entre a dona da casa e a francesa, porque tenho intimidade suficiente com elas para fazer isso). Ao seguir até o quarto de Marie para deixar minha bolsa, encontro também Tony, com quem, de fato, tenho uma conversa.

Seeing Blind || N.H.Onde histórias criam vida. Descubra agora