[ NIALL ]Quando Paul – a pessoa abençoada que trabalha para a gravadora que estou agora – me ligou naquela quinta-feira para pedir que eu saísse mais uma vez com os produtores insuportáveis, eu até reclamei.
Ok, eu reclamei muito.
Mas, ei, ele pelo menos me deixou escolher o lugar... E eu fiz questão escolher a festa no local que eu mais conhecia, com mais lugares para se esconder.
Então, ter vindo para uma festa com pessoas que definitivamente chamaram os fotógrafos que estão lá fora apenas esperando para que eu saia junto a eles... Bom, talvez não tenha sido de todo ruim.
Porque eu achei um lugar longe de suas conversas banais. E aqui estava eu, bebendo a cerveja que peguei há uns dez minutos no bar, olhando para as pessoas que dançavam, andavam, ou simplesmente beijavam uma a boca de outras ao meu redor.
Talvez eu não tivesse só observando. Talvez eu estivesse lembrando do que aconteceu seis dias atrás. Talvez – e eu digo mesmo só talvez – eu ainda lembrasse do gosto que o beijo de Tara teve.
Quer dizer, como eu não poderia? Foi bom, foi muito bom. Mas...
Paro. Ou, pelo menos, meu raciocínio o faz.
Ela estava uns cinco metros na minha frente, próxima a entrada principal, andando em direção à direita do meu campo de visão. Era ela, tinha que ser.
Não. Não poderia ser. Porque da última vez que a vi, suas malas estavam prontas para deixar o país, não o continente.
Feche os olhos com força. Viro o líquido dentro da garrafa em minha mão, sentindo-o descer por minha garganta, ainda gelado. Só então, volto a abrir minhas pálpebras.
Ela continuava ali. Não na mesma posição, mas um pouco mais para a direita. A droga de seus cabelos loiros compridos reluziam conforme as luzes batiam nele.
Eu só podia estar louco. E, bem, loucura por loucura, e realmente acreditando que aquilo era só o efeito da bebida, pensei que seria melhor se eu me considerasse demente por falar com aqueles produtores. Respondo a mensagem que um deles tinha me mandado dez minutos atrás, falando onde eu estava.
Nesse ponto, as baboseiras sobre como ganhar mais dinheiro deles teriam que tirar de meu pensamento o porquê de achar que ela estava aqui, na Califórnia. Então, quando os três engravatados – no calor do verão, apenas deixando registrado – se aproximam, eu finjo animação e invento sobre como estava no banheiro e decidi parar por um momento.
O único detalhe que eu não levei em conta foi o de que eu provavelmente estaria errado. Exatamente o que aconteceu. Porque do mesmo jeito que fiquei a partir daquele momento, eu saí daquela festa.
Pensando em por que diabos Quinn Turrel estava em Los Angeles.
•°
Acho que a noite de sono que tive me ajudou um pouco. Ou, pelo menos, me convenceu de que eu realmente estava louco na madrugada anterior, e que ela não estava em Los Angeles.
Sigo até a cozinha, tentando achar alguma coisa para comer. Não fico surpreso quando não acho nada. Bufando, vejo que a única opção é voltar para o quarto, trocar-me, pegar a chave do carro, e mostrar a minha cara para o mercado que não vejo há quase um mês.
Eu poderia comprar alguma coisa pronta e simplesmente seguir com a minha vida, como todos os outros dias, mas eu queria mudar um pouco por essa semana, fazer algumas coisas em casa. Talvez fosse um sinal para inspiração voltando. Eu normalmente compunha a maioria das minhas coisas estando em casa, então encarei a incrível jornada ao supermercado como uma coisa boa.
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Seeing Blind || N.H.
FanfictionAo se conhecerem na calçada dos fundos de um bar, Tara e Niall não sabiam quem estava mais na pior: ela, por presenciar o cara que gostava beijando outras bocas; ou ele, que entendia que sua noite iria de mal a pior por conta das pessoas com quem vi...