Epílogo

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O som seria ensurdecedor se cada célula de meu corpo não estivesse amando aquilo.

No meio de dezenas de milhares de outras vozes, eu cantava junto as musicas de Niall — antigas, e as que conheci antes de ganharem forma como canções do novo álbum.

Eu mal podia acreditar que ele realmente estava ali. No palco, apenas alguns metros de distância do camarote onde deixou-me junto à todos os nossos amigos. Metros. Não quilômetros ou oceanos nos separando.

Os meses foram complicados, não há como negar isso. Muitas de nossas brigas tomaram o lugar de sentimentos como saudade e frustração pelos horários que não batiam.

Mas o irlandês fazia o que amava. E eu também. Se um dos dois tivesse aberto mão disso pela oportunidade de meses juntos, seríamos infelizes.

Foi esse pensamento — e as chamadas por FaceTime, os presentes mandados a distância, a visita no meio do ano... — que me manteve positiva sobre o tempo em relacionamento à distância.

Mas agora, nada disso importava mais. Era o último show de sua turnê, na Califórnia. Los Angeles. Como prometido, Horan realmente deu ingressos para nós, num camarote maravilhoso que eu nunca pensei em visitar.

Clara dançava animadamente com Tony num dos cantos, enquanto Marie e Sophie aproveitavam a comida oferecida para saciar a fome que reclamavam desde que chegamos.

Will, conversando com uma garota que também tinha ingresso no camarote, sorri quando balança a cabeça para mim. É, o papo estava bom ali.

Jade e Alex estavam ao meu lado, curtindo a música agitada que Niall cantava agora.

Para ser sincera, eu ainda não havia falado com o moreno. Ele tinha pedido para que eu chegasse a tempo para o soundcheck, mais cedo, porém uma confusão que já durava meses na revista fez com que eu e Clara ficássemos presas lá até bem pouco antes do show.

O olhar dele subia algumas vezes. Ao falar com a plateia, ao se movimentar pelo palco — buscando-me, na área do mezanino separada que formava o camarote. Estava escuro, era difícil Niall realmente me ver, mas em algumas vezes que acenei, ele sorriu mais abertamente. Eu também.

Alguns fãs tinham falado comigo ao verem que cheguei. Eles já sabiam sobre Niall e eu, mas nunca demos muitos detalhes. Sempre haverá aqueles que tentam ser invasivos demais, mas até agora a maioria deles foi muito respeitosa comigo, coisa que retribui.

Deixo de vaguear quando a música se acaba, e os gritos frenéticos voltam a ecoar.

Horan ri, fascinado. Era sempre a mesma felicidade por cantar para aquelas pessoas.

– Obrigado. – ainda dentre risadas, ele continua. - Vocês já sabem de cor até as novas, uh? Estou orgulhoso, às vezes até eu esqueço.

Risadas também são ouvidas pela plateia.

– Essa próxima música, se me permitem a pequena descrição, é meio antiga. - o moreno anda pelo palco, acenando para alguns fãs. - Eu a escrevi tentando passar uma mensagem que, para mim, era de amor próprio, de certa maneira. Sempre foi muito especial, mas ano passado, ela tomou outro significado.

Ele para. No canto do palco, olha para cima. Para mim. Não sei se realmente enxerga o que faço, mas sorrio, murmurando um 'eu te amo'.

– Ano passado... - ele muda o tom de voz, quase como lembrando a si mesmo de falar. - Eu sai com alguns amigos, no verão, e nessa noite específica, uma delas não estava se sentindo muito bem. - Niall, agora, toma um gole de água da garrafa que mantinha por perto. - Não era bem falta de amor próprio, era... Era mais para um momento de dúvida do seu valor.

Seeing Blind || N.H.Onde histórias criam vida. Descubra agora