A conversa com Brian flui tão facilmente que quase não percebo os primeiros raios de sol que atravessam os vidros das janelas daquele andar.Ele conta-me sobre tudo o que passou até o transplante que aconteceria essa semana, e fico sabendo que ele tem uma namorada, Diana, que chegaria daqui a algumas horas para ficar com ele pelo dia. Acho que estava o incomodando com minha conversa, mas ele negou.
– Tá brincado? Tudo o que minha família e meus amigos falam comigo desde que fui internado é sobre meu rim. O velho, o novo, a cirurgia, a falta que eu faço no dia a dia. Cuidar de sua confusão é o melhor presente que eu ganho.
Também contei para Brian o que estava acontecendo comigo. Mesmo quando sua enfermeira o chama, e ele volta para o quarto, e começo a andar pelo corredor de volta para o quarto de Niall, lembro do que o jovem me disse.
"Desculpe se eu estiver errado. É que quando se passa tanto tempo um hospital, e principalmente no meu caso, sem muita coisa para fazer, você acaba reparando nas pessoas. Em como elas reagem com certas notícias, em como se você se esforçar pra conversar com elas, assuntos muito bons surgem. Eu tenho mania de tentar ajudar as pessoas, e não vai ser diferente com você.
" Acho que você se culpa. Por duas grandes coisas. A primeira, é por seu amigo ter descoberto seus sentimentos por ele. Dentro dessa situação, você se sente culpada por não ter falado com seus amigos antes, e também por não ter tido coragem. A segunda, é por ter brigado com seu amigo que sofreu acidente. Por tudo que você me falou, parece que se culpa por ter brigado com ele, e pelo acidente em si.
"Tara, você só vai se sentir melhor quando resolver isso. Mas eu particularmente acho que sabe por qual situação começar. Eu não tenho dúvida que você passou a noite inteira falando comigo para fugir do seu amigo. Para com isso. Você mesma me disse que não contou porque não queria perder a amizade; então não deixe que a perca agora. Fale com ele. Depois, resolver toda situação com seu amigo internado.
"A gente não controla o que sente, nem o que faz tanto para mostrar como esconder o que sentimos. Mas tudo veio a tona já, está em suas mãos continuar fugindo, ou lidar com essa situação de uma vez."
Alex passou por mim com uma cara de sono. Quase trombamos; ele sorri.
– Onde estava? Não te vi durante a noite, pensei que fosse voltar para o quarto.
Respiro fundo. - Acabei conversando com alguém. Eu acho que também precisava desse tempo antes de vê-lo daquele jeito de novo.
Alex coloca a mão em meu ombro. Sorrio.
– Não sei se já pode receber visitas hoje... - murmuro.
– Niall pode sim. Já comeu alguma coisa?
Nego.
– Por que não faz assim? Vai para o quarto, e eu pego algo para você. - sugere. - Preciso de desculpas para não ficar no serviço do chefe da neuro agora cedo.
Ele pisca, seguindo para a lanchonete, e sorrio. Ressin havia me falado o número exato do quarto de Horan, então logo sigo para lá.
Ainda sinto a respiração vacilar. Ele, entretanto, parecia menos inchado. Seus curativos provavelmente foram refeitos antes que eu chegasse, pois pareciam novos, e seus pertences estavam no quarto.
Sento-me na poltrona, que mais parecia um sofá, ao seu lado. O quarto ainda possuía uma outra poltrona menor, do lado de onde eu estava; a única diferença sendo as rodas que possibilitavam o movimento dessa segunda. Seguindo mais para perto de sua cama, havia o suporte de soro conectado ao seu braço esquerdo, e o prontuário estava em cima da pequena mesinha do outro lado do quarto.
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Seeing Blind || N.H.
FanfictionAo se conhecerem na calçada dos fundos de um bar, Tara e Niall não sabiam quem estava mais na pior: ela, por presenciar o cara que gostava beijando outras bocas; ou ele, que entendia que sua noite iria de mal a pior por conta das pessoas com quem vi...