A primeira flecha dos elfos
Nunca se pode esquecer a primeira vez
Que a mão leve solta a corda e corta a flecha o ar
E corta a flecha a pele e a pele fecha o olhar
Daquilo que um dia vivo desejou e fez
E morre tanto o peito a que se atravessou
Quanto a mão que antes, sem calo ou peso, somente amou
[A primeira flecha dos elfos; cantiga de Lenórien]
A dádiva da deusa da magia:
A magia é uma dádiva. Venha, deixa eu te dar um pouco.
Abre a boca, fecha os olhos, não grite, não deixa escorrer.
Vamos, faça beber, tudo, até o fim. Sente queimar, arder?
Aquilo que é você sai de mim, e será sempre como se sempre fora assim.
Agora solte os raios, as luzes, o arco-íris de emoção viva
Não vale chorar, agora é seu, e quero tudo o que me sirva
Sua angústia, seu amor, seu ódio, e seu horror
Sangrará a dádiva até se acostumar com a dor
...A magia é uma delícia. Mostre que gostou.
O círculo e o ponto da Natureza Selvagem
Allihanna: "Eu serei o círculo. O contínuo. O ciclo. As mil milhões de folhas que desenham o verde da floresta"
Megalokk: "Eu serei o ponto. Indivisível. Imensurável. Eu serei o deserto que reduziu tudo em areia".
Allihanna: "Então lutará comigo? Ou estará dentro de mim, compondo a continuidade sem fim?
Megalokk: "Então, lutará comigo? Ou estará dentro de mim, formando a transformação imensurável?
Allihanna: "Não me dá outra senão escolha lutar"
Megalokk: "Não me dá outra senão luta escolher"
Alihanna, as mãos estendidas à frente: "Será sempre assim?"
Megalokk, os olhos nos dela: "Assim sempre será"
A Elfa que não mostrou um riso
Não me peça para sorrir. Por favor. Nem tão pouco me peça para cantar. O último canto morreu em Lenórien. As vozes que hoje existem só existem para gritar e chorar, nada mais.
Pare. Não irei dançar contigo. Não importa a bebida, nem a fogueira, não aceito sua mão. Contudo, saiba que o seguirei pela rua, e pela mata, e pela masmorra escura. Meu movimento será de morte, e de vingança. É com isso que deseja dançar?
Chega. Não me chame de bela. Já não me basta o peso dos seus olhos em meu rosto, minhas orelhas, meu corpo...em todo o meu corpo. Não quero ainda ter que carregar o cuspe de suas palavras.
Aliás, por favor, não fale de qualquer arte. Não consegue enxergar alegria que não possa ser tomada. Confunde amor e desejo com uma caixa de pregos.
Sai. Me deixe. Não quero a hipócrita bondade de Valkaria. Não quero a falsa proteção dos minotauros. E não quero mais sua mão em meus cabelos. E seu olhar em minha cintura. Sou a última flecha da aljava. Não tensione a mão do arco
(O nobre se afasta, irritadiço, deixando a solitária na fogueira do acampamento. Pela manhã, ela já estaria em algemas, vendida aos minotauros. Uma pena, ia dar para ela uma vida digna; se ela fosse menos prepotente, teria sido feliz. Mas o que fazer? Elfos são arrogantes mesmo)
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Universo Tormenta
FantasíaColetânea sempre crescente de contos, artigos e guias meus sobre o universo de Tormenta - maior cenário de fantasia medieval brasileiro.