Capítulo 13

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  Não fazia ideia de que horas eram, pensara Eliza ao se dar conta dos pequenos filetes de luz que entravam através das grandes cortinas nas janelas. Voltou a fechar os olhos, praguejou baixinho ao esfregar os olhos e as têmporas, como se de alguma forma fosse evitar a dor de cabeça devastadora que estava sentindo.
Era como se tivessem tentado abrir a mente dela e dado marteladas ali para abri -la.Parecia uma completa loucura, mas no momento da dor se pensam loucuras.
Não se lembrava muito da noite anterior, apenas de ter discutido com Jane, céus, ela discutira com Jane, desafiara não só o rei, como também todos os outros que estavam ali e maldiziam sobre ela, por causa de seu erro. Achando que não se importava, ou que poderia ser uma impostora. Aquilo a tinha devastado, não sabia por qual motivo, na verdade, não sabia porque, estava perdida em seu próprio poço vazio sem fim. Ela se sentia vazia, essa era a sua resposta.
          Sua memória apenas se sentia anestesiada de certa forma, ela chorou por sabe-se lá quanto tempo, apenas sabia que não foi pouco, ficara do fim da tarde, até tarde da noite ajoelhada no chão mergulhada em sua dor.Mas se lembrava de uma par de olhos azuis profundos que carregavam poder, mas de repente se tornou em uma escuridão crescente e em um piscar de olhos eram olhos brilhantes como um diamante negro. Aquilo era intimidador e ao mesmo tempo familiar. Se lembrava da sensação de mãos fortes e masculinas a pegando, tirando-a do chão e levando -a para a cama na noite anterior, era tudo meio confuso e desfocado em sua mente, não sabia se aquilo era um sonho ou se fora real. Mas que alguém a tinha pegado e a colocado na cama, tinha. Porque ela acordou na cama. Estranho. Provavelmente aquilo devia ser um sonho, Joseph deveria tê-la colocado na cama, ou algum outro rapaz da criadagem do Palácio.

Respirando fundo, ela se senta na cama e sente horrível, até parece que tinha bebido alguma coisa. Revirou os olhos.
Ela teria que agir rápido,precisava resgatar a sua irmã, não sabia como, ou qual a possibilidade, mas algo dentro de si dizia que Emma corria perigo, e que ela teria de agir logo.
Ao tomar banho e vestir um vestido de chiffon azul claro, Eliza estava sentada em sua penteadeira, enquanto em silêncio, Lianna arrumava seus cabelos. Não tinha lhe dirigido uma palavra desde que chegara, e aquilo a deixava desconfortável.
- Lianna? - falou por fim
- Sim? - perguntou Lianna receosa
- Você concorda?
- Com o que exatamente,vossa alteza?
- Com todos eles- parou de falar por um instante, respirando fundo, ao sentir sua garganta começar a queimar - sobre... sobre eu ter abandonado meu povo quando mais precisava. - digo olhando-a pelo reflexo do espelho.
- Para ser sincera? Acho que eles não sabem o que estão dizendo. Acho que a senhorita não teve escolha sobre tudo que aconteceu, sobre ficar longe, acredito que se vossa alteza tivesse escolha, não teria exitado em vir em nosso socorro. - ela encontra meu olhar no espelho ao terminar meu cabelo, que estava preso em um coque baixo em formato de flor elegante, ao ponderar um pouco
- Obrigada por isso Lianna! - me virei para ela e apertei a sua mão- Você é uma ótima amiga.- eu disse, mas por dentro eu não sabia se eu realmente teria vindo. Naquele momento eu estava me sentindo perdida, e eu não sabia o que faria.
Dando um risinho ao aceitar meus agradecimentos, Lianna se dirige a mim novamente
- Fiquei sabendo esta manhã que a parede bifurcada da muralha oculta foi selada misteriosamente. Mas suponho que tenha dedo seu aí não é mesmo? - perguntou Lianna com um olhar travesso pra mim
- Sim -confessei cautelosamente, uau... Não achava que as coisas seriam descobertas tão facilmente, provavelmente apenas Trivya, Lianna, Susy, e Jane desconfiariam de que tenha sido eu a selar a muralha novamente, apesar de parecer impossível tal feito. Ninguém mais sabia da magia que habitava em mim, e eu também achava melhor assim. Parecia que meus poderes estavam aumentando, sentia seu rugido ecoando por toda a parte do meu corpo, minhas veias estremeciam cada vez mais constantemente, e eu nao sabia se aquilo era bom. Foi o que senti no dia anterior, na hora em que estava falando com o rei, aquela onda de poder, rugindo para se soltar de alguma forma, pedindo libertação, mas, naquele momento minha cabeça explodia com uma dor lancinante, era incrível que eu não tenha desabado na frente de Brian. Desde então aquela sensação do poder, aumentando, se expandindo talvez, não parou mais.
- Como fez isso? - perguntou Lianna, com uma expressão boquiaberta - quando foi isso na verdade ? - completou ela rindo
Apenas olho pra ela erguendo minhas sobrancelhas em uma indagação silenciosa
- Não! Nao vai me dizer que... - de repente ela arregala os olhos ao assimilar  - O rei!!! Você o usou como uma distração enquanto usava sua magia para fechar a muralha! Impossível - de repente ela se senta na cama, estupefata - aquilo tudo não se passou de uma distração, enquanto você usava seu poder, para que Brian não percebesse. Como conseguiu fazer isso? Sem querer ofende-la, mas, você ainda não sabia controlar seus poderes. Então como isso seria possível?
- Eu não sei Lianna! - me levanto e vou até a janela mais próxima, olhando para as extremidades da imensidão dos jardins do Palácio- estou tão confusa quanto pode imaginar - levanto o canto dos lábios em um meio sorriso irônico - bom, preciso descer e avisar Susy e os outros de minha partida.
Com um olhar confuso e triste, Lianna se levanta e vai a porta, mas ao pegar na maçaneta, ela se vira ao me perguntar
-É isso então?- ela diz com uma sombra de tristeza passando em seu rosto - depois de tudo, vai ir embora novamente?
Ignoro seu comentário. Ao ver que eu não iria responder,ela assente para si mesma, como se para se conformar do que tinha presenciado. Então ela saiu, fechando a porta atrás de si.

The Crown - Livro 1 (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora