Capítulo 25

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Eu tinha sido levada mais e mais para cima, foram tantas voltas que fizeram minha cabeça girar, subimos tantas escadas que já tinha perdido minhas contas, e para a minha surpresa, eu tinha sido levada até um quarto, apesar da minha fraqueza logo em que eu tinha saído da minha cela, naquele momento eu estava muito bem desperta, com o receio do que iriam fazer comigo, mas fiquei desconfiada conforme prosseguíamos.

-É melhor permanecer aqui em seu quarto senhorita, até que segunda ordem seja dada -disse o que me segurava ao me colocar no chão com delicadeza e o outro abriu a porta no mesmo instante dando passagem para mim -assim que acordar espere pela criadagem que virá em seu auxílio -

-Aproveite para descansar, se banhar e dormir devidamente -disse o outro dando um sorriso cauteloso para mim e indicando a porta, então os dois se olharam, fazendo algum tipo de comunicação silenciosa -alguns guardas virão para montar guarda em sua porta, e criadas virão trazer sua refeição daqui à alguns instantes, tenha uma boa noite - então os dois se viraram para mim e fizeram uma reverência ao sair sem dizer mais nada, me deixando ali naquele corredor parcialmente iluminado por candelabros dourados fixados nas paredes.

Olhei para o quarto, cuja porta estava aberta, convidando-me para entrar, eu não sabia se aquilo era uma armadilha, mas meu cansaço e exaustão falaram mais alto, então eu entrei e me surpreendi com a beleza daquele lugar.

Assim que entrei, tinha uma pequena sala de estar à minha frente, com uma lareira na parede esquerda, os sofás eram da mais pura delicadeza, mesmo a noite, a iluminação da lua que entrava suavemente pelas enormes janelas me davam uma visão suficiente para que eu conseguisse distinguir o tom creme dos sofás maiores e os dois pequenos perto da lareira com pequenas florzinhas, um cheiro de jasmins e frutas cítricas entraram pelo meu nariz, a pequena diferença do cheiro que eu sentira nos últimos dias os fez arderem por um momento, mas conforme eu ia adentrando mais ao quarto, fechando a porta atrás de mim, acostumei-me com aquele aroma e aquilo relaxou um pouco a tensão e medo que tomavam conta de mim.

Observei pelas enormes janelas de vidro que iam quase do chão ao teto do meu mais novo quarto, e a extensão do palácio a minha frente, do lindo jardim que estava abaixo, cheio de labirintos de árvores podadas e flores exóticas se espalhavam por todo o lugar. Bem mais a frente, quase como um pingo na noite estrelada, a cidade refletia suas luzes, mas pelo que me pareceu, se eu quisesse chegar até lá de onde estava, poderiam ser quilômetros de distância, me virei, e na minha direita tinha outra porta anexada e que estava meio aberta, me movi até lá, e ao abrir para entrar, eu estava em um quarto, a cama dossel bem grande e confortável, majestoso na verdade, o quarto era iluminado por uma fraca luz acesa que vinha de um dos abajures do lado da cama com lençóis e cobertas tão brancos e impecáveis que eu tinha receio de deitar-me nelas e sujá-las. Aquele pensamento me fez olhar para mim mesma, eu estava definitivamente um trapo, minhas roupas estavam sujas e grudentas, minhas calças meio rasgadas e meu rosto macilento, senti nojo de mim mesma, então fui até uma outra porta que estava do outro lado do quarto, que era um enorme banheiro que também tinha uma enorme janela que ia do chão ao teto, dando vista para os jardins floridos, do lado direito, havia uma banheira também com cor de bronze de tamanho médio, e para meu alívio e felicidade interna, já estava cheia com uma água aquecida e com essências do lado, caso eu queira me perfumar, no mesmo instante eu já havia tirado meus trapos e os jogado no chão ao lado da porta e entrei na banheira redonda, me afundando e mergulhando a cabeça naquela água..

Ri comigo mesma da situação, eu poderia muito bem me acostumar com aquilo, com todo aquele luxo, mas era fácil e bom demais para mim, me fazia lembrar de que momentos antes eu estava dentro de uma prisão no palácio. Por que será tinham me levado até naquele quarto? Aquela era uma pergunta que eu não deixara de fazer mentalmente desde que me deixaram ali, seria possível que o rei tenha pensado melhor? Só me restava aproveitar o máximo que eu podia daquele momento, pois eu já não sabia o que me aguardava no dia seguinte, fiquei ali me banhando e me deliciando com o momento que me foi proporcionado até perder a noção do tempo, e quando para mim, eu estava suficientemente limpa dos fios de cabelo até os pés, me obriguei a sair daquela banheira na qual a água já tinha ficado fria há muito tempo. Enrolada em uma toalha, fui até uma cômoda perto da cama, e remexi nas gavetas que tinha dos mais variados pijamas e camisolas, balancei a cabeça afastando mais possíveis perguntas, e peguei um que me pareceu ser o mais confortável, uma blusa de mangas curtas de seda salmão e uma calça que ia até os tornozelos da mesma cor que era um conjunto com a blusa. Quando voltei a sala de estar, acabei reparando na enorme bandeja que fora deixado na mesinha de refeição perto da sacada, como tinham entrado ali tão silenciosamente sem com que eu me desse conta eu não fazia ideia.

The Crown - Livro 1 (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora