Capítulo 44

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Depois de uma noite mal dormida e fria, eles atravessaram o continente até a costa de Breackfost, naquele momento segundo as constatações de Eliza, eles estavam a menos de 5 quilômetros da cidade e em menos de meia hora se não fossem parados no meio do caminho por inconveniências estariam no palácio logo. Mesmo com uma breve mensagem enviada por Hector a Rei Adrian à dois dias, ela sabia que aquilo não bastaria.

Foram andando na extensão de areia branca da praia que ligava a costa do mar que atravessava a grande cidade, quinze minutos depois eles estavam nos portões de Breackfost e cavalgaram até o palácio de cabeça erguida e não falaram com os estranhos na rua que paravam para encará-los estranhamente, Eliza enrijeceu ao sentir olhares sobre todos eles, mas sabia a quem realmente aqueles olhares eram direcionados, e pôde ter certeza disso quando estavam passando pelos portões do castelo e ouviu um murmúrio de dois soldados que estavam de guarda naquele dia;

-É ela –murmuravam, sem saber que ela ouvia cada palavra do que diziam, mesmo que tentassem com muito afinco falarem baixo, ela ouviria até o que não queria ouvir –a herdeira Cross foragida de seu reino –dizia o sentinela

-Acha mesmo que ela está com medo?

- Para mim parece outra coisa. Não consegues ver homem? A garota parece ser mais fria quanto aqueles do ápice do Império do Norte! –sibilou o outro a olhando de esguelha

Eliza engoliu em seco e se esforçou para não ficar boquiaberta ali mesmo, tratou de abafar seus sentidos de audição e seguir em frente.

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Eu estava olhando o pôr do sol daquelas grandes janelas de vidro que davam para o jardim florido do castelo não sabia mais quanto tempo tinha permanecido ali, pensando e reformulando meus planos dali para frente, agora que tudo estava feito, Adrian não tinha mais dividas com ela e nem ela com ele, estava livre para voltar para casa. O problema era que ao sabia mais se tinha um lar.

Mal tinha atravessado as enormes portas do palácio, se despediu rapidamente de Jason e Edward e foi direto para seus aposentos, e lá permaneceu o resto do dia, tomou seu banho e se vestiu com a ajuda das criadas que já estavam a sua espera no quarto com os rostos ansiosos e ao mesmo tempo apreensivos ao se depararem com ela ao chegar. Agora com os cabelos molhados e completamente sozinha sentada em sua cadeira perto das janelas que davam para uma pequena sacada, desfrutava de um pequeno lanche da tarde que lhe fora enviado minutos antes a mando de ninguém menos que Edward, que insistiu que ela comesse algo se não iria forçá-la, sentiu uma pontada esperançosa dentro de si ao pensar que a qualquer momento ele passaria por aquelas portas, mas seu coração se afrouxou no peito quando os minutos se passaram e ela soube que isso não aconteceria.

Adrian pediu para vê-la na hora do almoço, porém entendeu seu pedido de privacidade ao dizer que não queria sair do quarto naquele dia. Quando a noite chegou, estava completamente entediada enquanto lia o livro de ficção que tinha emprestado da biblioteca gigantesca que ficava no andar de baixo á duas semanas, quando terminou, decidiu finalmente sair de seu quarto por um breve momento para ir até lá pegar outro livro que lhe interessasse, com um leve dar de ombros colocou rapidamente seu robe turquesa e saiu pelos corredores escuros em direção ao lugar que mais amava.

Enquanto vasculhava prateleira por prateleira, percebi um leve movimento do lado de fora no corredor, pois assim que entrei havia fechado a porta para que ninguém notasse a minha presença ali, agora parecia que fora em vão, virei minha cabeça na direção do movimento e ergui as sobrancelhas em indagação silenciosa na direção da porta, então me sobressaltei quando em um segundo inesperado a porta se abriu e Adrian surgiu ali, vestindo uma calça de pijama sofisticada e uma camisa branca transparente que emoldurava seus músculos por baixo dela, segurei um suspirar. Ele estava andando a passos rápidos em direção a uma das prateleiras com um pequeno livro em mãos e um óculos de leitura emoldurava sua feição, e agora eu estava bem em sua direção, me virei e ele ergueu seus olhos castanhos para mim, parou no meio do caminho e franziu a testa.

-Que surpresa vê-la aqui Eliza –disse me lançando um meio sorriso e caminhou em minha direção a passos lentos porém precisos e prendi a respiração –estou começando a gostar desses nossos encontros noturnos –piscou me fazendo corar, porém com a pequena iluminação eu duvidava que ele sequer pudesse perceber

-É bom ver você Adrian –sussurrei e ousei encarar os seus olhos iluminados parcialmente pela noite lá fora, ele apenas me lançou um olhar de compreensão, e não me disse mais uma palavra antes de me puxar para um abraço apertado.

-Ah Eliza! Acho que nunca me preocupei tanto com alguém quanto me preocupei com você nos últimos dias –ele beijou minha testa antes de segurar meu rosto e me encarar –não sei por que duvidei de você.

-Obrigada –respondi –agora acho que não tem mais o que eu possa fazer –falei inexpressivamente, quando nos desvencilhamos, Adrian ficou sério.

-Quanto a Brian, acho que agora o que nos resta é esperar –ele trincou o maxilar e se virou para encarar além das janelas da biblioteca que davam para outra parte do jardim, e me encarou de esguelha. –você fez o impossível Elizabetth, acredite nisso.

Fiquei em silencio, enquanto o encarei de volta com a sobrancelha erguida, pensando o que lhe teriam contado no decorrer do dia, e outra indagação assombrou a minha mente naquele momento me causando um estremecimento.

-Espero que fique para o baile senhorita –disse o rei me cutucando os ombros em um gesto brincalhão, minha expressão ficou ainda mais sombria e o semblante de Adrian se tornou preocupado.

-Não sei se seria uma boa ideia –ressaltei, o encarando inexpressivamente, depois olhei ao redor. –este lugar é incrível!

-Você gosta mesmo de ler não é mesmo? –perguntou Adrian com um sorriso genuíno

Olhei para ele de esguelha.

-O que acha? –levantei as sobrancelhas ao encará-lo, ele riu e caminhou em direção as janelas ainda com seu pequeno livro na mão.

-Eu não gostava de ler nem um pouco na minha infância e começo da adolescência para lhe dizer a verdade, me sentia obrigado quando eu tinha que fazer os estudos constantemente –completou com um meio sorriso –passei a apreciar mais isso depois de adulto

-O que trás consigo? –perguntei hesitante e ao mesmo tempo curiosa com o pequeno livro em suas mãos, ele franziu a testa e levantou o objeto em suas mãos e me entregou.

Era um livro antigo, em sua capa dura de cor vermelha jazia um símbolo que eu poderia jurar que eu o conhecia, porém nada me veio a mente de lembrança, duas espadas cruzadas e um tipo de fogo prateado saia delas que se colidiam, meu coração pareceu vibrar quando vi aquilo, no titulo palavras misteriosas e intrigantes jaziam ali.

"Amor e sangue"

-É um livro sobre possíveis eventualidades do passado –explicou o rei apreensivo

-Se importaria se eu ficasse com ele?

-Nem um pouco –respondeu com um meio sorriso tranqüilizante –acho que isso pode ajudar a distraí-la. –ele semicerrou os olhos, como se lembrasse de algo –deveríamos fazer novos passeios princesa.

-Parece bom! E quanto ao baile...

-Apenas pense no assunto, isso pode ajudá-la se souber como agir para conseguir novos aliados e se apresentar a sociedade –respondeu com um dar de ombros –será daqui quase duas semanas, enquanto isso pode se organizar, escrever cartas para quem conhece de White Kingdom ou até mesmo ir visitar sua irmã ou permitir que venha até aqui. –com um piscar de olhos malicioso, ele se virou para a escrivaninha que ficava do outro lado da grande sala, e pegou um livro que jazia ali, então caminhou em direção a porta e antes de se virar para sair ele sorriu ao dizer –apenas descanse Eliza. –e se retirou.

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The Crown - Livro 1 (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora