The Crown - Livro 1 (Em revisão)

Capítulo 42

Edward

Eu abri os olhos que estavam turvos e embaçados com a pequena claridade que entrava pela tenda. Tenda. Isso queria dizer que tínhamos voltado, arregalei os olhos, onde será que estavam todos? Era de manhã se eu estava enxergando bem, mas ainda muito cedo, a luz começava a surgir nos céus vagarosamente, estava tudo silencioso e frio de uma forma estranha. Eliza. Levantei rapidamente com o pensamento e senti uma pontada aguda de dor no peito e na perna, ousei olhar para os locais onde eu sentira dor e xinguei alto. Minha coxa esquerda estava com um corte profundo e o osso estava quebrado, percebi, ele estava recolocado no lugar, alguém provavelmente tentara voltá-lo para estancar o sangue e a dor que eu sentiria, ajudou por um lado, mas ainda assim doía muito, meu peito estava enfaixado e percebi que havia muito sangue ali também, um corte profundo jazia ali por baixo quando espiei.

Tentei me levantar, e ignorar a dor que se alastrava por meu corpo inteiro, principalmente nos ferimentos mais fundos, mas eu precisava saber onde estava Eliza, eu me lembro de Jason me carregando juntamente com Hector até a tenda, me lembro de ver o mar, mas tudo girando de forma confusa, e de um par de olhos castanhos brilhantes inundados de poder e sede de justiça me encarando com ternura. Então tudo cai como uma avalanche em cima de mim, o grande poder que foi libertado da princesa Elizabetth, a força e poder infinitas que vi através de seus lindos olhos, sua dança de luta contra os soldados inimigos, aquilo me deixou sobressaltado, a forma como ela lutou, como ela segurou aquela lâmina, e ela não sabia de nada, não possuía nenhum treinamento, pelo que achava que sabia. Caí de volta na cama com a dor que aumentou ainda mais nas coxas.

Vozes preocupadas ecoaram do lado de fora, tentei ajustar a magia para me permitir ouvir de forma aguçada e melhor, mas como já segurava a dor do ferimento para que eu não voltasse a desmaiar, estava frágil e esgotada, mas mesmo assim usei o pequeno resquício que possuía, e ouvi as vozes de Jason e Hector.

-Precisamos levá-lo para a aldeia -era Jason, com a voz embargada e preocupada. Estava conversando com alguém, discutindo nosso destino a partir de agora, mas minha preocupação de agora não era eu, por mais incrível que parecia, era Eliza,sempre seria ela. Onde é que estava? O que é que tinha acontecido?

-É muito arriscado -pronunciou Hector sonolento

-Mas ele esta ferido, se esperarmos mais tempo, só os deuses sabem o que pode acontecer com ele -grunhiu o espião consternado contra o vento forte para Hector

-Se formos para a aldeia, seja lá o que for -pronunciou uma voz feminina com frieza, e meu peito pareceu arfar de alivio, e alguma coisa a mais que não pude distinguir, era ela, Eliza estava viva e parecia bem, mas algo estava errado, e eu não pude distinguir o que era, Eliza era uma caixinha de surpresas, havia momentos em que não conseguia disfarçar suas emoções, mas havia outros - estremeço -em que ela os escondia de uma forma que eu jamais já havia presenciado. Sempre consegui o que queria, decifrar as pessoas e ter o que desejo, mas Elizabetth, ela era diferente de tudo e todos, e eu gostava dela por aquilo. -não vamos até lá por isso, não podemos perder tempo, aqui ou em qualquer outro lugar. -concluíu a princesa, tirando-me de meus devaneios, e de repente tudo tinha ficado silencioso, com pequenos sibilos distantes, como se eles estivessem com medo, com medo dela, essa é minha garota.

E antes que eu pudesse ajustar mais a minha audição, a lona que fechava a minha tenda se abriu, a luz inundando mais o interior de onde eu estava, e um belo rosto com maçãs e lábios rosados, seus lindos olhos castanhos profundos e brilhantes me encararam intrigados, ela estava ali, diante de mim, meu coração pareceu retumbar descontroladamente no peito de alivio por estar ali, viva, seu cabelo castanho meio ondulado na altura das costas oscilava com o vento que entrava, eu senti mais de uma vez uma vontade imensa de passar os dedos sobre eles, que aparentavam serem tão macios e sedosos, ela era tão atraente que eu me perguntava se sequer tinha noção disso.