The Crown - Livro 1 (Em revisão)

Capítulo 38

Eu não dormira aquela noite. Passara o resto do tempo que eu tinha para maquinar e analisar novamente cada passo do plano, Hector me mostrara nos mapas os tipos de navios da frota de Brian, cada entrada, saída, todo o espaço dentro e fora, analisamos varias formas de entrada e saída, tanto se as coisas dessem certo, ou até mesmo tão errado que precisaríamos nos atirar ao mar. Mas eu os prometi que voltaríamos vivos dali, independente do que acontecesse, se tudo desse errado, eu daria um jeito de tira-los dali com vida, sã e salvos. Respirei fundo e esfreguei as têmporas, ao olhar para a noite lá fora que já terminava.

Duas horas depois o sol começava a nascer no céu, e eu já vestira minha túnica preta com couro de luta resistente por baixo, cortesia de Jason, um dos espiões que nos acompanhariam em nossa jornada de hoje, eu dispensei as criadas que me ajudavam em praticamente tudo em meu quarto e com minhas vestimentas naquele dia, dizendo que não queria ser incomodada e que era provável que eu sairia bem cedo para ir à cidade, foi uma tarefa completamente difícil. Combinamos de estar no saguão do palácio ás sete em ponto, antes que os empregados começassem a perambular pelas partes de baixo, Hector me informara que os criados focavam mais o seu serviço no último andar primeiro, então, eles demorariam um pouco mais para começarem a transitarem lá embaixo e começarem a especular sobre o que fazíamos ali àquela hora. Mas, em todo caso, se algo, ou alguém nos visse ali, nossas respostas seriam de que iríamos nos encontrar com mercadores perto das aldeias do mediterrâneo, até Adrian já estava por dentro e confirmaria por nós.

Às 6;45 eu já estava descendo as escadas principais que davam para o saguão, Hector e Jason já estavam a minha espera.

-Onde estão os outros? -perguntei como cumprimento assim que cheguei mais perto, eu estava levando uma pequena bolsa com mais uma troca de roupas e mantimentos.

-Carl e Brigs estão lá fora com os cavalos aguardando -respondeu Jason acenando, Hector enrijeceu ao seu lado, Jason lhe lançou um olhar cauteloso e se voltou em minha direção -o outro, encontraremos na metade do caminho.

-E o terceiro? -semicerrei os olhos em sua direção, ele abriu a boca, mas foi interrompido por uma voz que dificilmente eu esqueceria.

-Estou aqui -falou uma voz atrás de mim, vindo do corredor direito. Quando me virei, Edward estava ali vindo a passadas largas em nossa direção, e eu arregalei os olhos.

-O que está fazendo aqui?

-Estou indo com vocês! -respondeu Edward sarcasticamente, e soltando uma lufada de ar impaciente, achei que fosse mais uma de suas piadas, mas ele estava vestido com um couro de combate diferenciado, na cor preta, e por cima vestia um casaco pesado da mesma cor, em sua cintura havia uma espada grande e grossa embainhada ali, e um boldrié com inúmeras facas ornamentadas guardadas. Eu também tinha um, mas haviam muito menos, eu carregava o arco e a aljava cheia de flechas em minhas costas, em minha cintura estava embainhadas duas facas de tamanho considerável, grandes até, e outras menores em outras partes do corpo de uma forma que ficassem escondidas, garanti isso, mais uma dica dos comandantes de batalha que estavam comigo naquele momento.

Adrian apareceu pelo mesmo corredor, seu rosto estava pálido e olheiras abaixo de seus olhos despontavam, indicando que ele mal dormira à noite, nossos olhares se encontraram, e eu o observei se aproximar. Edward emitiu um grunhido baixo atrás de mim, mas eu permaneci encarando Adrian, porque eu era uma das únicas pessoas ali que realmente sabia e entendia o porque de sua feição estar daquela maneira, agora, eu enxergava a alma do rei, cheia de pesar e frustração. Alguém que carregava uma dor nas costas à dez longos anos torturantes. Me virei para assentir aos soldados que estavam ali comigo para partirmos sem demora, ao entender meu recado, eles reverenciaram o rei e saíram pela porta da frente, restando somente Edward eu e Adrian, o primeiro nos olhou uma última vez antes de sair pela porta da frente batendo os pés nervoso. Eu me demorei na porta.