Tin caminhava naquela escuridão com o sentimento pesado de exaustão e uma fraqueza sufocante. Can ficava cada mais vez mais longe e por mais que ele gritasse o nome do seu Cantaloupe, era como gritar com paredes. Aliás as paredes apareciam e desapareciam como uma nevoa ora espessa, ora intocável. Tudo era confuso e cheio de dor, uma dor que gritava, choramingava pelos cantos, e queimava a sua pele.
Algumas sombras ainda mais escuras naquele sonho que não terminava se arrastavam pelos seus pés chorando para que ele acabasse com aquilo e outras o empurravam para onde Can sempre desaparecia. E ele desaparecia.
Para o seu desespero... Desespero...
Então ele ofegou terminando por cair de joelhos naquele chão escuro e congelante. Seu peito ardia, tudo ardia, sua garganta estava seca e algo em sua cabeça resmungava que era o excesso de uísque. Outra parte, porém, lhe dizia que tudo aquilo era porque não cedia ao orgulho.
Então pés nus pararam a sua frente e de repente um rosto de um garoto angelical surgiu diante dos seus olhos. Olhos negros, cabelos negros caindo nos olhos, pele pálida e para seu assombro no lugar da mão direita, uma longa espada grossa continuava como se fosse uma extensão do membro.
Ele o olhou fixo e então se ergueu lhe estendendo a mão sem a arma sinistra:
— Vamos, um profano não desiste nunca, está em nossa alma amaldiçoada, a persistência insana. O amor da sua alma está a sua espera, e ele sempre estará à sua espera, está se preocupando com as coisas erradas.
— Ele está estranho, aquele não é o meu Cantaloupe.
— O que importa as diferenças por fora se a alma é a mesma? Você devia saber melhor, passou vidas e mais vidas tentando ter o seu 'feliz para sempre' com ele. Aprenda uma coisa, Profano – Tin olhou nos olhos do garoto e ele lhe olhava como Tin sempre olhou a tudo, de cima para baixo, mas naquele segundo aquilo não lhe ofendeu. Era como estar diante de um espelho por mais sinistro que parecesse – Seu coração se sente como uma pedra gelada porque somos frios, somos flores venenosas e belas que florescem na neve. E por sermos essa alma sem lugar em nenhum lugar, amamos com a fidelidade que outros nem cogitam entender. Você não está sozinho como acredita, não mais. Nós te encontramos e um profano protege o outro. Você tem sorte, minha ama tem o coração mais quente que o de uma estrela pulsante. Você vai ficar bem. Agora acorde e não volte para cá até que tenha que voltar. Você tem mais de sessenta anos com o seu Cantaloupe, aproveite.
Tin sentiu seu corpo convulsionar, mas agarrou o garoto, se levantou e o olhou nos olhos quase colocando nariz com nariz:
— Quem é você!?
Ele sorriu cínico:
— Aí está o profano que vim encontrar – Ele deu um tapa na sua mão e Tin quase o socou pela dor que a mão pesada lhe causou. Maldito – Se quer saber quem sou eu, abra a porcaria dos seus olhos, tome vergonha nessa cara, começa a aceitar as coisas ao seu redor para ontem e então peça para Jiliard te contar a história dos profanos. Proteja suas rainhas logo de uma vez e pare de drama. Nem com o mundo acabando várias vezes, o alfa mais fraco fez drama como você. Estou te perdoando dessa vez porque minha ama me pediu para ser dócil - Ali Tin viu os olhos dele brilharem demoníacos e então ele se afastou dois passos – Nos veremos em outro momento, e caso esse momento chegue, lembre-se, a magia está voltando para o seu mundo. É hora de acreditar.
Tin sentiu o chão ruir e caiu de um solavanco só.
Can foi levado a uma sala reservada onde viu o relógio caro, carteira e celular do Tin sobre a mesinha de centro, ali apenas um segurança e o que julgava ser o tal subgerente, lhe esperavam tensos.
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Minha Seme Empoderada
FanfictionEla era a mulher mais poderosa do reino atual, o rei lhe queria como sucessora, contudo ela só desejava encontrar um amor que valesse a pena e ser feliz junto da sua imensa família. Jamais imaginou que os amores da sua vida viriam em pacotes tão fof...