Hormônios

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Can passou o domingo todo no quarto planejando.

Sabia que no dia seguinte Tin aparecia para lhe pegar em casa para levar para escola e queria já ter um plano traçado até lá, seu coração ficava mais leve ao lembrar daquele dia em que recebera a pulseirinha de namoro deles. Contudo tinha um trabalho gigante a ser realizado e não podia apenas se dar ao luxo de revivenciar todos os momentos lindos que viveram. Tinha que salvar sua filha e seu marido e para isso tinha que fazer tudo o que pudesse para arrumar as coisas muito antes do que aconteceu da outra vez.

E Jiliard se mostrou muito útil de fato.

— Não quero te desanimar, mas isso que quer fazer, é bem insano e veja que sou eu dizendo isso. Tem noção do que vai ter que fazer, mestre?

O espelho cruzou os braços e Can assentiu. Sim, ele tinha consciência disso por isso deu um tempo em seu planejamento e olhou para a versão rosada de Seok e pediu baixo:

— Mostre meus filhos, Jiliard. Comece pela Yim.

Ele suspirou e sumiu da superfície deixando o espelho ser uma tela de Tv e ali, Yim que não tinha mais de dois anos, surgiu nitidamente. Ela brincava com uma boneca sozinha em seu quarto e cantarolava algo desconexo.

Sentiu lágrimas vir aos seus olhos.

Sua filha estava à bairros de distância de si e não podia ir abraçá-la. Contudo ela estava bem, viva, segura, brincando. E ele faria o possível e impossível para mantê-la segura para sempre do mundo cruel. Dessa vez iria criá-la diferente, ia deixá-la desabrochar como o Pete, sem responsabilidade pesada alguma sobre os ombros.

Dessa vez ele não ia ser o escudo só do Tin, ia de ser o escudo impenetrável de toda a sua família.

— Agora o Phu.

A imagem mudou e Can se aproximou mais do espelho para ver seu filho, no auge dos seus quase oito anos, jogando videogame sozinho no seu quarto também. Suspirou, seus filhos foram crianças solitárias e talvez aquilo fosse uma parte do problema... E ele podia mudar isso.

— Saint.

Disse mais firme e então viu um garotinho brincando de correr pelo laboratório do asqueroso do Marcus enquanto ele próprio dormia em um sofá em sono profundo. Kae nem Pong nasceram ainda naquele ponto do tempo. E Can tinha uma importante decisão sobre aquele fato. Se libertasse Saint agora, os irmãos jamais nasceriam. Se não fizesse, Marcus ainda ficaria livre para fazer as monstruosidades que marcou a ferro e sangue a OMMP por décadas...

O espelho voltou a refletir a si mesmo e Jiliard dentro dele, com a mesma face pensativa que sabia que exibia. Aquela decisão precisava ser tomada, mas seriam dois filhos que perderia... Como podia tomar aquela decisão?

— Sei que pode ser difícil de ouvir isso, mestre, mas talvez, os dois clones menores seriam poupados de muita coisa, se não nascessem...

Can deu as costas ao espelho e estremeceu um pouco. Pensava o mesmo, mas por dentro sangrava pelos filhos que nunca veria outra vez.

— Os documentos da ilha do rei?

— Estão na sua gaveta de meias. Laine lhe deu, assim como me deu a você. Somos um conjunto. Sua Graça, está pensando hein...?

— Não sei ainda, não sei ainda.

Disse esfregando os cabelos e parando de falar ao ouvir os passos da irmã no corredor. Lay... Queria esmagá-la nos braços e dizer que a amava por todos os próximos dias, mas sabia que fazer tal coisa só a perturbaria no fim. Iria corrigir seu erro com ela também, aquilo ao menos era mais fácil de consertar.

Minha Seme EmpoderadaOnde histórias criam vida. Descubra agora