Fêmea

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Can se deitou sobre as telhas olhando para o céu estrelado e suspirou.

Vinte e quatro horas. Lá se foram mais vinte e quatro horas.

Na madrugada passada ele tinha convencido a Ro em sonhos que ela deveria vir para Bangkok e não ir para o seu futuro marido. Ela tinha uma pet para cuidar, uma irmãzinha e entre convencimentos, meias verdades e um pouco de insistência, a convenceu de vir. O encontro com a mãe da Mari foi mais incisivo e com pouco convencimento ele lhe fez acreditar que era um anjo e que levaria Mari para um lugar melhor.

Xiao roubou a pequena pet da cama e a colocou para dormir no quarto da sua nova moradia, por enquanto.

Teve tempo apenas de voltar correndo para o apartamento do Pete antes do dia nascer e todos acordarem. E como calculou, todos atrasados para a Faculdade, por isso não houve tempo de conversa e entre estranhamento de Tin e Ae e poucos de seus olhares para Tin e Pete, eles chegaram na escola em um silêncio pesado.

Can foi para a primeira aula e faltou a segunda, indo para o trabalho da sua mãe de taxi e por fim tendo a conversa que sabia ser difícil, mas extremamente necessária.

Sua mãe, como esperava, primeiro levou na brincadeira e quando viu que ele falava sério, lhe deu uma bronca imensa:

"— Monastério, Can, o que você bebeu? Isso não faz sentido, nem religioso você é!

— Eu preciso de um tempo mãe e quero ir para a igreja, aquele é meu lugar, eu demorei para lhe dizer por que queria ter certeza dos meus sentimentos e agora eu tenho. Por favor, confie em mim, por favor...

— Can..."

E demorou muito tempo e teve de dar tudo de si para convencê-la, afinal sua mãe tinha olhos afiados, contudo o sentimento era real. Seu lugar não era mais entre o mundo comum. Contudo ainda não era a hora da sua mãe saber a verdade.

Mas sua mãe só se convenceu mesmo quando M5 apareceu como combinaram, disfarçada de freira comum e mostrou as documentações reais do Vaticano.

"— Eu vou cuidar dele, senhora. A igreja é o lugar do seu filho, Santa Mio convocou esse garoto e ela nunca erra."

Em seguida Can voltou para a faculdade e trancou seu curso.

Só então foi até o prédio do IC e chamou o Tin para conversar.

— Can, você está matando aulas agora?

Can sorriu se sentando no banquinho do jardim do Campus e batendo no espaço ao lado para seu marido se sentar. Sabia que seria outra conversa densa e inevitável:

— Sente, Tin, precisamos conversar.

— Aqui não, vamos para o meu carro.

E foi assim que terminou sentado ao lado do Tin no estacionamento e com ele com cara de vingador furioso depois que disse que ia deixar a faculdade e se mudar para uma igreja quase fora da cidade.

— Se for por causa do seu súbito desejo de ter mais do que eu na sua cama, como se isso fosse necessário, virar monge é o caminho oposto da poligamia e...

Can beijou o marido com carinho e então sussurrou suave quase nariz com nariz:

— Eu te amo Tin, te amo de tal forma que você não conseguiria dimensionar e eu estou fazendo tudo isso pela nossa família.

— Não sei o que aquela coisa te mostrou do futuro, mas nada justifica essa sua atitude irracional e...

— Tin, confia em mim – Can tocou com a mão direita sobre o coração do marido e disse mais solene – Confia em mim, por favor.

Minha Seme EmpoderadaOnde histórias criam vida. Descubra agora