A espada e escudo do rei

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— Can?

A voz de Dessa soou suave e ele sorriu um pouco, só um pouco diante da tensão da amiga. Entendia a preocupação, ansiedade, nervoso dela.

O mundo pelo qual lutaram, um mundo onde não haveria mais pets sob um jugo violento e doloroso, se mostrou falho. De onde veio Mark e seus irmãos, poderia existir outros, outros pets encarcerados contra a própria vontade, mutilados, pets em outras prisões domésticas que eles, por mais esforços que fizeram, não alcançaram.

A dúvida corroía a todos e era uma imensa sombra sobre seu mundo, seus amigos e seus aliados agora e diante daquele quadro, onde nem mesmo tudo o que possuíam ou detinham de poder, era suficiente, ele encontrou apenas uma resposta, uma única, contudo para empreendê-la, teria de fazer algo que deixaria seus maridos assustados, talvez horrorizados...

Deu espaço para a amiga no alto do cume onde via toda a floresta e o castelo mais abaixo e levou ambas as mãos as costas:

— Como foi a reunião com o Tin, Dess?

— As medidas que o rei tomou foram rápidas e sábias, mas ainda... Yim levou quatro pets com ela, Can. Foi uma atitude perigosa em dias perigosos.

— A princesa é plenamente capaz de cuidar dos seus próprios pets. Yim mataria sem piscar por eles. Eles estão seguros, muito mais seguros com ela lá, do que sem ela.

A amiga chegou ao seu lado suspirando irritada e Can ampliou o sorriso. Amava Dessa como ela era, uma pet de atitude que ainda assim amava ser o quer era. E por isso mesmo devia estar sendo bem difícil estar pessoalmente ali.

— Você se sente deslocada, deveria ter vindo antes respirar ao meu lado.

— Eu tinha um dever a cumprir – Ela rebateu e então o olhou de canto – Cada ano que passa mais introspectivo você fica, não sei se gosto dessa mudança.

— Eu estou onde eu deveria estar, como eu deveria estar. Não se preocupe comigo, eu estou feliz – Can se voltou para ela e pegou suas mãos com delicadeza – Pare de pensar que Tin me oprime, porque isso é uma inverdade.

— Ele se protege as suas custas.

— E assim deve ser, eu protejo o corpo que contém a mente que nos governa. Foi para isso que vim a esse mundo, e para amar os meus maridos e cuidá-los para sempre.

— Tão exagerado – Ela resmungou e então, por fim sorriu um pouco – Enfim, ao menos essa situação serviu para fazer Beibei feliz, ela está elétrica por estar com as amiguinhas e... - Can a abraçou forte. Em breve, talvez, não tocaria na amiga novamente por muitos anos. Dessa era sua amiga, e ele a amava – Can...?

— Você é a pet que o nosso mundo escolheu como líder, Dess, nunca se esqueça disso.

— Porque está falando assim e...?

— Quando chegar a hora, fique do lado que seu coração sabe que deve ficar. Ele vai precisar da sua força de espírito.

— Can, sério, o que você está...?

Can a calou dando um beijo na testa dela com toda a intensidade que tinha em sua alma. Ia mesmo sentir falta dela... Então a afastou sabendo que Dessa estava completamente atordoada. Sorriu o mais pacífico que foi capaz.

— Não perturbe sua mente com isso, eu só quis dizer que te amo porque senti vontade. Não brigue comigo.

— Seu idiota! Você me assustou! - Ela deu um tapa em seu braço e então respirou fundo – Droga, Can, não se faz isso com as pessoas.

Minha Seme EmpoderadaOnde histórias criam vida. Descubra agora