Amor e dever

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 Can colocou a cabeça em uma das mãos apoiando o cotovelando no travesseiro e viu Tin dormir profundamente. Um dos seus grandes arrependimentos do passado foi não ter aproveitado direito aqueles momentos. Porque não entendia bem seus sentimentos, porque era teimoso, genioso e também porque não fazia ideia do quão importante aqueles pequenos e preciosos momentos seriam depois.

Tin, desde que o conheceu, não parava; sempre frenético entre uma situação e outra e depois que foi vítima das maçãs podres dos guardiões então... Seu marido passou a dormir ainda menos. Contudo agora, ali, depois de fazerem amor enlouquecidamente, ele caiu no sono, sem perceber, porque Can sabia bem como fazê-lo exausto, ainda que tenha disfarçado bem em virgem inexperiente.

Afinal seu corpo era virgem até ali e ainda desengonçado sobre alguns aspectos. Queria tocá-lo, mas sabia que ele acordaria devido ao sono leve e por isso não fez.

Se contentou em olhar Tin, lindo e jovem, com tantas tristezas e desejos nunca verbalizados que agora Can poderia suprir. Ele tinha sido o herói da história deles e com isso perdido tempo em uma vingança que tinha marcado a todos. Agora ele tinha a segunda chance de contornar aquilo, de dar a família que Tin sempre quis sem todas as angústias que viriam junto.

Ele podia fazer do marido uma pessoa feliz e realizada, mas sem as marcas mais cruéis. Afinal nada do que Tin passou mudou muito em quem ele era. Suas lições de vida vieram antes do seu namoro e com ele Tin só conseguiu a família que ansiava. Então, podia de fato ser o escudo completo do marido gênio.

Can podia fazer isso e ele faria, porque amava Tin com todas as suas forças e seria o que o marido precisava, ainda que ele não soubesse disso.

— Eu vou te proteger e te amar com tudo de mim, amor, eu juro e ninguém mais te fará infeliz ou magoado. Seus inimigos cairão mesmo antes de saberem o que lhes atingiu – Sorriu feliz, aquela era a sua oportunidade de dizer o que devido a vida louca deles, nunca teve a oportunidade de falar com todas as letras - Eu sinto muito por eu ter sido um idiota teimoso e ter te feito chorar quando disse que deveríamos ser apenas amigos – Sussurrou com carinho, sempre quis disser aquilo, mas nunca houve oportunidade real, agora diria ainda que Tin não pudesse ouvir – Acho que te amei desde aquele dia em que você salvou o Gucci. Eu estava com medo só, mas esse medo sumiu quando acordei com você naquele sábado. Minhas birras eram pura birra de teimosia mesmo, mas eu te amo a bem mais tempo do que imagina. Um dia seremos uma família linda, você, eu, Pete e Ae, mas até lá, eu vou cuidar de vocês e cuidar para que ninguém mais te magoe e nem aos dois. Eu queria que você soubesse algumas coisas, mas eu não posso contar, porém o que eu não puder falar, eu farei. Eu farei o possível e o impossível para que possa sorrir e ser feliz todos os dias das nossas vidas, essa é a minha promessa, Tin Phiravich e usando uma das suas frases, eu cuido bem do que é meu.

Can queria beijá-lo, mas apenas mandou um beijinho sem som no ar mesmo e suspirou um pouco traquinas indevidamente. Eles tinham perdido não só algumas aulas, mas a manhã inteira. Aquilo não era nada bom, mas tinha sido ao mesmo tempo maravilhoso. Sua alma precisava do Tin e a falta de contato o dilacerava, ao menos agora, o cheiro dele, a pele dele próxima a sua lhe trazia calma e clareza mental.

E ele podia pensar melhor.

Então olhou ao redor e quis rir.

Tin odiava motéis e por isso estavam em um hotel de luxo, mas longe do campus. Ele tinha resmungado que a sua primeira vez não ia acontecer em um lugar desconfortável e quase jogou na cara dele que as preliminares do dois da última vez foram em sua mini cama. Mas claro que não poderia dizer tal coisa.

Tinha que acordar o Tin e tentarem pegar as aulas da tarde, mas sentia dor no coração de despertá-lo. Ele precisava tanto dormir melhor...

— Tão compenetrado, nem parece o garoto que eu conheço.

Minha Seme EmpoderadaOnde histórias criam vida. Descubra agora