Mingi pegou as chaves e o celular antes de sair de seu apartamento, estava bem desanimado, não tinha ânimo algum em aprender algo que não acreditava. Jurava de pé junto que era baboseira e que você é de tal jeito pois cresceu assim e aquela é a sua personalidade, e não por quê os planetas estavam alinhados de tal forma que fez com que todo o seu mundo fosse moldado a partir daquilo.
Besteira.
Saiu dali e caminhou a passos cansados até o bloco de biologia para procurar a floricultura. Não sabia pra quê Yunho queria flores, afinal, comprar flores para por em apartamento é perda de dinheiro, mas foi mesmo assim, lhe parecia interessante a ideia de ver como o mais alto via o mundo, já que os dois acreditavam em coisas totalmente diferentes.
Apesar de não conhecer Yunho, Mingi sentia que já o conhecia de algum lugar, tanto que não chegou a ficar desconfortável — não do modo convencional — em momento algum até agora, e sentia também que se dariam muito bem.
Virando a esquina, viu um garoto alto, com os cabelos castanhos arrumadinhos, blusa branca e calça jeans muito concentrado em cheirar uma flor amarela, logo levando a mão ao nariz e balançando a cabeça em negação, o que fez com que seus fios se mexessem juntos num movimento extremamente fofo, fazendo Mingi rir.
— Está tudo bem aí? — disse sorrindo, enquanto chegava perto de Yunho, fazendo com que o outro risse também.
— Que cheiro forte, sente — entregou à flor ao mais baixo, que logo afastou ela, esfregando o indicador no nariz para afastar o cheiro.— Credo — a pôs no lugar de antes, no meio das outras e esfregou as mãos, num movimento ansioso. — Ahn, pra quê você quer flores? a gente mora em apartamento, elas vão morrer.
— Não, eu não vou comprar — sorriu, cheirando outra. — Também preciso fazer um trabalho, mas sobre flores — esticou para que Mingi também a cheirasse. — Gostou? — perguntou, aguardando o garoto de cabelos verdes sentir o aroma, que logo acenou em concordância. — Então vai ser essa. Vou pagar, já volto — sorriu.
Mingi notou Yunho voltando a pôs o celular no bolso, sorrindo para o moreno.
— Vamos? — passou pelo menor, começando a andar em direção ao alojamento do pessoal de artes, o que demoraria alguns bons minutos, fazendo com que Mingi ficasse entretido demais pensando em algo para falar ao maior porque morria de medo do tal silêncio constrangedor, mas foi pego de surpresa quando ouviu o outro falar:
— Crenças — disse baixo, mantendo o olhar nos pés enquanto andavam.
— Ahn? — Mingi perguntou, desviando o olhar para o maior.
— Fazer algo mesmo sabendo que não vai dar em nada. A gente faz por acreditar — olhou para o menor, ajeitando os cabelos atrás da orelha.
— Parece bobeira.
— Por que você não acredita? Sabe, o amor é um tipo de crença.
— Não. Eu acredito no amor, só não nessa coisa toda de "soulmates" — fez aspas com os dedos, virando-se para Yunho e o observando, esperando a aprovação do maior para continuar. — Não acho que exista a sua metade da laranja, sabe? — Acenou em concordância. — Acho que existe sim alguém que você vai amar e vai ser difícil ver uma vida sem ela, mas não que você foi, de alguma forma super astrológica e universalmente mágica, destinado a ela — disse gesticulando exageradamente, dando ênfase ao pensamento. — Vocês só se encontraram e acabou que deu certo. Mas, ai... não sei direito — balançou as mãos na frente do corpo, frustrado por não conseguir se expressar direito, fazendo Yunho rir.
— Tudo bem, eu acho que entendi. Mas, você já ouviu falar no Akai ito?
— O fio vermelho do destino? Besteira.
— Não é besteira! — se virou, dando um soquinho no braço esquerdo de Mingi. — Olha, você acredita no amor, certo?
— Certo.
— Você ama seus amigos, certo?
— Certo.
— Então, essa lenda diz que um fio vermelho se conecta aos dedos de quem está destinado a se conhecer. Mas isso não quer dizer que ele seja somente para ligações amorosas. Quem é seu melhor amigo?
— Yeosang.
— Você pode estar ligado à ele. Pode ser que sejam almas gêmeas — disse puxando a chave na mochila para abrir a porta.
— Bobeira! Não rola Yunho, já acreditei nisso um dia e me fudi bonito, prefiro deixar como está — gesticulava enquanto via o moreno se arrastar pela porta, rindo do nervosismo do menor, indo para o lado e dando espaço para que ele passasse.
— Olha — fechou a porta e jogou as chaves em cima da mesa. — Eu te ensino tudo o que quiser, mas tem uma condição.
— Qual? — pôs sua mochila em cima da mesa enquanto observava o lugar, sentindo uma sensação de aconchego. Uma sensação de já conhecer aquilo tudo.
— Você vai acreditar, eu vou te fazer acreditar.
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Do you believe in love? | Yungi
RomanceOnde Mingi, cético, jura não acreditar em almas gêmeas, até esbarrar em Yunho, o calouro de artes do bloco 7.