Capítulo 1

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Yunho acordou sentindo seu celular vibrar abaixo de si e praguejou até seus tataravós por ter ido dormir tarde num domingo, sabendo que teria que acordar cedo para a aula de segunda.

Abriu as cortinas do quarto, piscando repetidas vezes até se acostumar com a claridade do cômodo e resolver finalmente olhar as mensagens.

Joongie
Yunho
07:25

Joongie
Yunho acorda!!!!
07:26

Joongie
A GENTE TEM AULA E VOCÊ TÁ ATRASADO CARALHO VEM LOGO
07:30

07:52. A aula começa às 08:00.

— Puta merda — gritou enquanto se levantava apressado, tropeçando entre seus cobertores no chão e nas próprias pernas. — Eu estou muito fodido, que inferno. — Reclamava mais para si mesmo do que para qualquer um.

— O portfólio — correu até a sala, juntando todos os desenhos dentro de sua pasta A3 e pondo em cima da mesa, junto de sua mochila e os tênis que calçaria agorinha, logo depois de buscar uma roupa decente, afinal, ainda se encontrava somente de shorts de dormir.

As pessoas da faculdade que o perdoem, mas não havia tempo para banho hoje.

Recolheu todas as suas coisas, pegando as chaves em cima do sofá e dando pulinhos desesperados enquanto procurava a chave certa.

— Porra, pra quê tantas chaves? — Abriu a porta apressadamente quando encontrou a correta e recolheu todas as suas coisas, indo correndo para a sala de aula.

07:59.

O alojamento dos estudantes de artes ficava a uma quadra do prédio principal, o que, na maioria dos dias era perfeito para o moreno, que adorava olhar tudo enquanto caminhava calmamente observando todas as flores, pessoas e árvores.

Mas hoje era um dia atípico.

Yunho respirava pesadamente enquanto tratava de correr, puxar a alça da mochila que insistia em cair pelo seu ombro, enfiar de volta à pasta o desenho que deslisava para fora a cada novo passo que dava e cuidar para não esbarrar em ninguém.

Mas hoje era um dia atípico.

— Me desculpa! — Disse logo depois de esbarrar nos ombros de alguém.

Infelizmente não conseguiu ver o rosto, mas concluiu que pedir desculpas enquanto continuava correndo daria a entender que ele não estava com tempo para um pedido mais educado no momento.

Sala 421. Finalmente.

— Você está horrível — comentou Hongjoong, vendo o amigo jogar os materiais na prancheta e lhe lançar o maior olhar raivoso que conseguia, mas estava cansado demais até para isso.

— Obrigado, me esforcei muito — ironizou, se sentando e tentando normalizar a respiração, só então reparando que a professora não havia chego ainda. — Cadê a SooHi?

Hongjoong não respondeu, apenas deu de ombros e continuou olhando para seu caderno de partituras. Então, tratou de abrir sua pasta e se ficar de pé na frente da mesa, arrumando todos os desenhos em seu portfólio por data, já que agora teria tempo.

Amém.

— Você veio correndo pelo campus com isso? — O menor apontou para a pasta, rindo, afinal, a pasta era enorme e seu amigo, desastrado, então já imaginava o que poderia ter acontecido.

— Sim — gesticulou irritado. — E para piorar, eu esbarrei em um garoto e nem tive tempo de pedir desculpas que nem gente. Só gritei um "me desculpa!" e corri — soltou os desenhos em cima da mesa só para empurrar a cadeira do amigo, que ria desesperadamente, para longe.

Sabia que Yunho era educado o bastante para ficar sentido em não ter sido politicamente correto com alguém desconhecido.

— E daí, porra? — Joong disse, pondo a mão sobre a barriga, que doía pela risada excessiva. — Daqui a pouco ele nem vai se lembrar disso, só deve ter achado você estranho. O que não é totalmente mentira.

— Vai se foder — levantou o braço e ameaçou bater no amigo com um dos desenhos, sendo interrompido pela professora que acabara de entrar na sala.

— Bom dia, Yunho — lhe lançou um olhar desconfiado e risonho, observando a tentativa falha do maior de fingir que não iria realmente bater no amigo, que estava encolhido com os braços acima da cabeça, também rindo.

— Bom dia, professora — sorriu envergonhado, logo se virando o menor. — Deu sorte, baixinho — abaixou o braço enquanto ria e voltou a se sentar ao lado de Hongjoong, prestando atenção ao que a mulher de cabelos loiros dizia.

Hoje ela iria recolher os portfólios que havia passado há 1 mês. Era para os alunos desenharem coisas em que acreditavam. Qualquer coisa. Objetos, forças, amores. Não importava, ela só deixou claro que queria sentir o que os alunos sentiam, queria entender os artistas que formaria ali.

Yunho trabalhou em cima dos temas astrologia e astronomia, enquanto Hongjoong focou em todo um tema complexo que envolvia sons, sentidos e o fato abstrato do sentir. Sinestesia.

Yunho sempre foi do tipo que gosta de aprender e ensinar, então, sempre foi muito aberto a coisas novas, e consequentemente, seus amigos também. Influenciou todos, assim como foi influenciado. Seonghwa o ensinou sobre moda, Jongho sobre fotografia, Hongjoong sobre artesanato e música, e Yunho ensinou a todos sobre astrologia, e sobre toda a teoria de almas gêmeas. Ele acreditava piamente nisso tudo.

Era importante.

— Ei — chamou Joong, ouvindo um murmúrio em resposta — Quando eu esbarrei naquele menino, eu senti um arrepio estranho.

— Como assim? — se virou para o mais alto, apoiando o queixo nas mãos.

— Sei lá, tipo um choque.

— Vai ver foi porquê você estava correndo — explicou. — Seu corpo estava quente, sabe?

— É, vai ver foi isso — disse pensativo, se virando de volta para frente.

Tinha algo a mais, isso nunca havia acontecido antes. Não era aquilo da física, onde dois corpos estão em temperaturas diferentes e, ao se encostarem, acontece um mínimo choque.

Era diferente.

Do you believe in love? | YungiOnde histórias criam vida. Descubra agora