Naquela manhã, quando bati na porta da senhorita Seojun, ela sorriu e acenou, me convidando a entrar.
— Yunho, você fez um ótimo trabalho convencendo o Mingi a aceitar o projeto — falou enquanto sorria e segurava minhas mãos num aperto animado. — Foi muito gentil da sua parte. Já que quem deveria fazer isso somos nós.
— Espera, ele disse que eu o fiz mudar de ideia?
— Sim, ele passou aqui mais cedo dizendo que o convenceu.
Estranho. Ele me disse que havia conversado com os amigos e que eles o tinham convencido a participar, falando do currículo e também das notas dele.
— Inclusive, acho que vocês dois deveriam começar logo a planejar tudo o quanto antes. Julho parece longe mas aposto que o tempo vai passar num piscar de olhos — sorriu. — Aliás, eu estou à disposição dos dois para qualquer coisa. Tudo que precisarem em relação ao trabalho, podem me procurar.
— Obrigada. Então... — Passei uma mão atrás da cabeça, envergonhado em pedir algo tão em cima da hora — Será que a senhora poderia pedir a ele para me encontrar na rádio?
— Claro, só preciso terminar de escrever a pauta de ontem e já procuro por ele — disse enquanto arrumava a mesa.
— Não precisa se apressar por nossa causa, pode falar quando tiver um tempo. Eu só vou entrar lá depois das aulas mesmo.
— Tudo bem. Vamos? — disse pegando o planejamento de aula. Seguimos juntos até a classe, conversando sobre quais desenhos e estratégias poderíamos usar para fazer daquele o projeto modelo desse ano, e claro, convencer Mingi de que toda aquela "baboseira" realmente existia.
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Yunho estava tendo sonhos estranhos, dores de cabeça e calafrios a alguns dias. Já havia ido passar a noite no dormitório de Hongjoong mais duas vezes, e isto estava fazendo o ruivo ficar preocupado e ansioso. Afinal, esses sintomas são os mesmos que o mais alto havia dito antes, sabe? Os que aparecem quando você está perto do seu soulmate. Mas nem cogitou perguntar a ele sobre. Yunho já havia passado por momentos bem ruins pensando nisso, e quando finalmente aceitou que não tinha um soulmate, Hongjoong chegaria e jogaria esta bomba em cima dele de novo? Não mesmo. Não tinha nem um pingo de coragem de abalar o amigo assim novamente.
Esse é um assunto complicado na vida dos meninos, eles amavam conversar sobre todas essas superstições, mas nada de relacionar elas ao maior. Ele já havia se acostumado com os 99% de chance de não haver nada no universo que esteja realmente predestinado a ele, mas tocar no assunto fazia o coração dele doer.O fato era que Yunho já havia pensado que Mingi poderia ser a sua alma gêmea. Mas depois de conversar com seus pais e avós, e ver que nenhum deles havia de fato achado o seu, se convenceu de que não teria um também, e estava "bem" com isso. Então o moreno simplesmente tentava trancar esse pensamento sobre Mingi num canto escuro de sua mente e o deixar ali. Intocável. Quanto menos pensasse sobre, melhor seria.
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Depois da última aula, quando soou o sinal, saí da sala socando meus livros na mochila lateral e seguindo em direção à rádio. Infelizmente hoje é dia de colocar a playlist dos alunos, e eu havia prometido a Jongho que colocaria a que ele me deu, a tipo, três meses.
— Ei — disse enquanto me aproximava da porta, vendo os três deitados debaixo da cerejeira adjacente à porta, me esperando.
— Hola, hombre! — disse Hongjoong, acenando alegre, se levantando e fazendo uma reverência exagerada.
— Vocês estão animados demais, o que aconteceu? — falei enquanto abria a porta, os convidando a entrar.
— Hoje você vai tocar minha playlist, é motivo de animação — disse Jongho.
— Yunho, é a maior playlist de hétero que existe — Seonghwa ria enquanto se ajeitava em cima da bancada.
— Ei, eu sou hétero, tenho licença para essas coisas.
— Eu também sou hétero, mas minhas músicas são ótimas — Joong disse, se encaixando entre as pernas de Seonghwa, no balcão, que quase de imediato, começou um carinho nos cabelos ruivos do menor.
— Ele tem razão — eu disse. Abrindo o spotify e selecionando a playlist que o menor havia me mandado. — Cara, que tipo de músicas são essas? Só tem Drake aqui.
Seonghwa de Hongjoong se esticaram para conseguir olhar também.
— Nossa, Jongho, não tem justificativa para isso, sinceramente — Seong disse rindo.
— Vão se foder — se levantou, dando tapas em nós três. — Yunho, você prometeu que ia tocar.
— Tá bom, hétero, eu toco — ergui as mãos em rendição, rindo.
Os três me ajudaram a arrumar toda a rádio enquanto conversávamos sobre assuntos da faculdade. Jongho e Seonghwa haviam entregado o trabalho conjunto deles e, depois de tanto brigarem, conseguiram um 10. Hongjoong comentou também que queria fazer moda depois de música, e Seong passou os próximos 15 minutos tentando animar e convencer — mais ainda — o menor a tentar mesmo o curso.
Fomos interrompidos pelo barulho do sino sendo tocado, indicando que alguém havia entrado.— Yunho?
Era ele.
Me levantei, indo para a entrada a passos rápidos, o cumprimentando com uma reverência simples, o vendo fazer o mesmo e sorrir pela atitude, afinal, estávamos "sozinhos" ali, não precisava daquilo, mas eu estava nervoso.
— Você me chamou? — sorriu. — Que legal, não sabia que trabalhava aqui.
— Tenho que pagar a faculdade de algum jeito né — sorri, me sentando na banqueta e arrastando uma para que ele também se sentasse.
— Então, como vamos fazer isso?
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Do you believe in love? | Yungi
RomanceOnde Mingi, cético, jura não acreditar em almas gêmeas, até esbarrar em Yunho, o calouro de artes do bloco 7.