Capítulo 10

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A casa de Yunho tinha uma decoração bem característica, com as paredes bem coloridas e as cores dos móveis contrastando harmonicamente. Mingi andava olhando cada detalhe pequeno, as mãos enfiadas dentro dos bolsos e um Yunho meio sem saber o que fazer parado no encosto da porta, encarando o outro explorar sua própria residência. Sentia-se exposto, de certa forma. Quer dizer, suas pinturas que mais sentia vergonha estavam bem à mostra, além dos quadrinhos com referência a astrologia em cada canto possível.
Além das plantas. De diversas espécies e tamanhos.

A casa de Yunho cheirava bem, não tinha aquele perfume industrial de aromatizantes.

- Você vai ficar aí? Parado? - Mingi ergueu as sobrancelhas para o proprietário. Yunho deu um sorriso tímido, constrangido.

- Estou vendo minha casa de um ângulo diferente daqui.

- E é desse ângulo que você vai me ensinar astrologia? - Perguntou, sentando-se no chão e deixando a mochila ao seu lado. - Não me leve a mal, mas acho que isso não vá funcionar desse jeito, você não consegue nem chegar perto de mim e-

- Você é leonino?

Mingi franziu o cenho.

- Como é?

- Você é bem impulsivo, fala sem pensar e é meio egocêntrico. - Yunho deu um sorrisinho, os braços bem cruzados enquanto via o silêncio do outro. Aproximou-se para sentar em sua frente, separados pela mesinha de centro. Dobrou os braços sobre a mesma, apoiando as mãos ao queixo. - Bem inflexível e orgulhoso também. Definitivamente você é leonino.

- E se eu for?

O mais velho riu da reação, achando divertido as características do signo se mostrarem tão claras ao longo das respostas de Mingi. Apontou o dedo para seu rosto, um sorriso convencido nos lábios.

- Viu só? Orgulhoso.

Mingi revirou os olhos.

- Já entendi, Yunho, os leoninos são uns merdas. Ok.

- Não é isso. - Ele sorriu, trocando a mão de apoio. - Leoninos também têm qualidades incríveis! São pessoas muito otimistas, por exemplo, autoconfiantes e com uma autoestima indestrutível. Além disso, você quer seguir carreira solo, não quer?

- Ahn... Sim. - O Song desviou o olhar por um segundo antes de voltar a encarar o sorriso do mais velho. Passou os dedos pelos fios tingidos de verde na própria cabeça.

- São coisas que você pode usar ao seu favor. - Deu de ombros. - Graças ao seu sol em leão, você se torna mais ambicioso, e você já é engraçado e bonito, então...

- Me acha bonito?

Yunho ficou em silêncio por um segundo, tornando-se tímido pelo elogio que deixou escapar. Tampou as bochechas com as palmas, sentindo o quentinho característico e ele, provavelmente, enrubescer pela vergonha. Mingi tinha um sorriso gentil nos lábios, divertindo-se com a timidez alheia.

Yunho era muito fofo quando queria. E Song, até agora, achava que ele sempre queria.

- Eu... Desculpe, você... - O rapaz gesticulava com as mãos em um ato claramente nervoso. - Q-Quer comer alguma coisa? Acho que vou fazer um lanche para a gente.

E saiu antes mesmo que Mingi pudesse responder, deixando o mais novo rindo baixinho na sala.

Song aproveitou para olhar em volta, reparando nas decorações pela segunda vez no dia. Muitas referências a astrologia ele não entendia, mas, no fundo, esperava compreendê-las algum dia. Era interessante, não podia negar. Yunho fora capaz de decifrar características suas apenas com base em seu signo; tinha um charme naquilo, sim.

O leonino encarou as pinturas sem moldura penduradas, havia um pouco de tudo. Desenhos impressionistas, abstratos ou do mais puro paisagismo. Sua grande maioria eram pinturas do céu, pores do sol e nasceres do mesmo. Encontrou uma um pouco escondida atrás da mesa de canto.

Era o retrato de uma linda cachoeira com cores opostas as reais; o céu em um tom de lilás puro, um lindo amarelo na água e tons de rosa e azul formavam a vegetação. Já sonhara com algo parecido. No sonho, estava segurando as mãos de um garoto que andava a sua frente, ouvia risadas e, também, os passos por entre a vegetação alta, e flores coloridas, criando um som totalmente coerente com o local e estranhamente calmante.

Completamente apaixonado pelo que seus olhos viam, não pôde deixar de comentar:

- Yunho, quem pintou esse? Eu já sonhei com esse lugar uma vez.

Jeong colocou a cabeça castanha para fora da cozinha para enxergar do que Mingi estava falando e seus olhos quase saltaram para fora quando viu o quadro que terminara de pintar na madrugada anterior. Como Song poderia ter sonhado com o lugar que Yunho havia criado em sua cabeça? Aquela era a cachoeira amarela, o local para onde Yunho viajava sempre que se sentia saturado de sua vida estudantil. Onde se imaginava deitado no gramado alto, com os olhos fechados e pontas dos dedos afundados na água da cachoeira, apenas ouvindo o som da correnteza e inalando o cheiro das diversas flores ao redor. De certa forma, imaginar tudo aquilo o dava parte da paz que precisava.

- É tão bonito... - Mingi admirava a pintura com um brilho nos olhos, acariciando-a delicadamente com as pontas dos dedos.

- Esse e... O restante da casa toda... Eu que pintei. - Yunho pigarreou e coçou a cabeça, se recostando no batente da porta e segurando com força seu braço.

- Terminei esse ontem à noite, você é o primeiro a ver. Se chama cachoeira amarela, não é lá muito criativo, mas eu gosto. - Disse enquanto trazia os pratos com os lanches prontos para a mesa, indiretamente chamando Mingi para se sentar também.

Song piscou os olhos admirados para o mais velho.

- Você é muito bom. - Disse, com uma honestidade assustadora. - Seu trabalho é lindo, Yunho.

O outro deu de ombros e encarou as próprias mãos, tímido pelo elogio e completamente assustado com a situação.

- Se gostou tanto, é seu. - Disse segurando as mãos, ainda tentando conter a euforia que sentia só de pensar na possibilidade de realmente estar acontecendo o que ele pensava.

- Tem certeza? Não precisa.

- Tenho, pode ficar. Já nem tenho mais onde pendurá-lo mesmo, ele ia ficar aí, atrás da mesa.

Mingi sorriu e voltou a encarar a pintura, apaixonado pelo presente.

- Vou cuidar muito bem dele.

pra quem ficou curioso, eu imagino o apartamento do yunho assim

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