Capítulo13

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_Achei que estaria aqui_ Salete disse se virando para Estevão atrás dela, a surpresa estampada em seu rosto logo deu lugar a uma expressão incompreensiva para ela, algo próximo ao enfado._ Me lembro de que era do seu feitio.

_Era._ Salete meneou a cabeça, aquele não era o Estevão de quem se lembrava, não era aquela criatura impassível e dura que ela via agora, não que fosse de se esperar que ele continuasse para sempre o mesmo.

_Estevão... Precisamos conversar, tudo bem? Colocar as coisas em seus devidos lugares.

_As coisas já estão.

_Sim as coisas já estão, mas não tão arrumadas assim. É nosso dever esclarecer isso de uma vez por todas.

_Certo. E o que temos a dizer?_ ele indagou cruzando o braço fazendo-a falhar em seus argumentos, Salete respirou fundo, era a chance de sua vida para pôr  tudo em pratos limpos, não iria desperdiça-la.

_Estevão, eu sinto muito pelos rumos que as coisas tomaram, mas eu não lamento_ ela disse fixando o olhar em seu rosto, Estevão a encarou de volta e assim ela pode perceber o quão forte necessária aquelas palavras se faziam, podia ver isso conforme o rosto dele ficava sombrio a cada palavra dita._ se eu pudesse voltar ao passado, não mudaria nada, nada do que aconteceu depois._ Estevão acenou positivamente._ As coisas não... Não dariam certo. Não para...

_Já entendi e concordo._ ele disse pausadamente._ Agora se não se importa, devo me retirar...

_Estevão, eu ainda não acabei...

_Mas eu sim e para mim basta._ Ele disse com impaciência, Salete franziu a testa com pesar e o deixou ir, só então a pungência em seu peito voltou, como se estivesse dormente até então. Pela vidraça Salete o observou se distanciar, aquele definitivamente não era o Estevão que ela conhecera e ele jamais iria voltar por que ninguém ainda havia descoberto como voltar no tempo, Salete soluçou levando a mão ao peito sentindo um buraco se instalando ali, havia aprendido a conviver e a disfarçar os seus sentimentos; o tempo é traiçoeiro, mas também pode ser um bom amigo. Uma mão em seu ombro a fez saltar enquanto o seu coração disparava.

_Estas a chorar?_ Fernão parecia apreensivo e preocupado, Salete limpou o rosto com as mãos e olhou para ele preocupada.

_A quanto tempo esta aqui?

_Cheguei agora, o que aconteceu, meu amor? É a gravidez?_ Ele indagou pondo a mão em seu queixo, Ana apontou no alto da escada, e então se atentou para eles.

_Sim, estou... Estou emotiva, um tanto emotiva.

_Esta tudo bem?_ Quis saber ela parecendo preocupada.

_Há  sim Ana_ Fernão agora parecia aliviado_ Coisas de mulheres grávidas, vá se acostumando com a ideia._ Ana franziu a testa. Fernão conduziu  Salete até o sofá.

_Precisa de algo?_ Ana indagou parando frente a ela, Salete sorriu sem jeito, se sentia um Judas Iscariotes naquele momento.
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Estevão cavalgou até Rancho Fundo, no caminho não pensou em nada, pela primeira vez a sua cabeça estava vazia, mas não de um jeito bom, estava vazia e fria como uma casa abandonada, se os Santana não retornasse de uma vez por todas de onde jamais deveriam ter saído, iria enlouquecer, pensava nisso quando deu de frente com Ulisses Valverde que chegava a Planaltina, Ulisses parou o cavalo ao lado de Estevão e o encarou em silencio, Estevão respirou fundo, estava sem ânimo  para brigar naquela manhã.

_Genrinho._ ele disse com um meio sorriso diabólico nos lábios, uma chama se acendeu dentro de Estevão lhe devolvendo o bom ânimo, então ele já sabia?

Os Estevãos (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora