Capítulo 05

133 27 31
                                    

_É sério é o que acabei de dizer!_ Repetiu Clarissa sem poder não rir da surpresa com que Milena lhe olhava, Ana fingia estar muito concentrada no que estava a fazer, vasculhava um enorme baú em busca do vestido azul celeste para o piquenique de f...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

_É sério é o que acabei de dizer!_ Repetiu Clarissa sem poder não rir da surpresa com que Milena lhe olhava, Ana fingia estar muito concentrada no que estava a fazer, vasculhava um enorme baú em busca do vestido azul celeste para o piquenique de fim de tarde a acontecer dai a duas horas.

Um verdadeiro milagre havia se operado no dia anterior, depois de apresentar Clarissa e Estevão o outro grande feito de Gregário havia sido promover se não um completo entendimento, pelo menos uma trégua no ânimo de Ulisses Valverde em relação a seu vizinho, haviam tido uma conversa civilizada sobre finanças e do quanto a chuva estava escassa já naquela época do ano, depois Miguel Estevão havia, acredite se quiser, voltado para casa de carona na carruagem do velho Ulisses, ele ainda não tinha a sua própria. Ana era muito inocente para perceber a conversa cheia de espinhos que os dois travaram até chegar a Planaltina, ou sua atenção havia se direcionado unicamente para os cabelos negros e encaracolados do homem sentado a sua frente. Ulisses havia empenhado esforços hercúleos para manter diálogo com o vizinho depois que Gregário lhe direcionou uma chuva de elogios e suas intenções se tornaram claras aos seus olhos, Gregário queria trazer Estevão para o bom lado da força, para o lado que lhe pertencia por natureza, o lado da alta sociedade e devia admitir embora não gostasse disso, que apesar da petulância o rapaz era muito bom no que dizia, finalmente havia encontrado alguém páreo na arte do diálogo, por que saber dialogar é uma arte. Podia ser bom afinal, se Gregário conseguisse o feito de doma-lo podiam contar com um bom aliado, era nisso que pensava ao se esforçar para ignorar o ânimo afetado e orgulhoso de Estevão na noite anterior.

_Ana!_ A voz de Milena a fez se sobressaltar e voltar em si novamente_ em que estava pensando? Estamos te chamando á épocas!¬_ Ela reclamou franzindo a testa.

_Eu... Não sei, eu estava... Estava pensando.

_Eu não acredito que estava pensando Ana! Você tem cérebro?!_ Exclamou Clarissa fazendo Milena rir, Ana levantou-se pondo um chapéu de laço azul na cabeça.

_O que acham?

_Esta fabulosa._ Milena parecia verdadeira, Clarissa lhe mediu de alto a baixo e repuxou o canto da boca como se não quisesse desapontar a amiga.

_Não acha que esta um tanto quanto exagerada? Digo, para um piquenique de fim de tarde?_ Ela indagou fazendo Ana olhar para si mesma. Estava exagerado.

_Por que não coloca o outro_ Milena sugeriu apontando para um vestido mais comum e florido que ela havia deixado sobre a cama.

_Vamos com isso, uma ajuda a outra._ Clarissa disse levantando-se e agarrando o vestido de sobre a cama.

Em dias de muito calor, como estava aquele dia em especial, os moradores do Vale do pampa desciam todos para refrescarem-se as margens do lago do Ibiúna, o lago era na verdade um grande poço de águas claras preenchido pelas águas do rio Ibiúna que desviava seu curso para ali, era uma fissura na corrente das águas que serpenteava por entre as montanhas além, as árvores em volta e a água tornava o ambiente um paraíso a parte para onde todos corriam para se refugiar do calor, os Valverde não precisavam andar muito para chegar até lá, eram bastante privilegiados de dividir o lago Ibiúna com o vizinho, o recém chegado senhor Estevão. Amélia, a caçula de Ulisses dava pulinhos de contentamento ao ver a água brilhar sob o sol, seu desejo era simplesmente soltar-se das mãos do pai e correr para deliciar-se com as outras crianças na água, mas Ulisses a segurava firme, no verão passado havia acontecido uma tragédia, não queria que a filha fosse a próxima vítima. Ana, Clarissa e Milena adiantaram-se, Marlene suspirou contrariada, as meninas haviam trazido uma toalha para sentarem-se a sós, os filhos não são mais os mesmos depois que crescem, pensou ela procurando por Amélia que agora livre corria em direção as outras crianças que brincavam na água, e então pediu aos céus que ela não crescesse tão depressa.

Os Estevãos (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora