08 de Dezembro de 2038 – 05:00 AM.
Residência de Hank Anderson.
O sol nem havia surgido no horizonte nublado quando Connor despertou. Seus olhos logo fixaram-se na imagem inesperada de Nove dormindo. Até onde sabia, o androide mais novo costumava passar a noite toda acordado em vigilância, então vê-lo em êxtase era uma surpresa. Connor podia sentir um sorriso desenhando-se em seu próprio rosto.
Sumo também acordou, mas estava cheio de preguiça e apenas abanou o rabo de onde estava, ainda deitado no colo de Nove. Connor pressionou o dedo indicador nos lábios, sinalizando para que o cão permanecesse em silêncio para não acordar o androide. Mas isso não foi necessário, pois o vira-lata simplesmente bufou e voltou a dormir. Sumo era realmente um preguiçoso.
Connor ficou observando Nove por um tempo, ele parecia... sereno. O LED girando lentamente em um amarelo esmaecido, era a única indicação de que ele ainda estava vivo. Não haviam movimentos nem respiração, era uma máquina em suspenção. Mas ainda assim, seu semblante era sereno.
Então uma ideia passou por sua cabeça. Um impulso: ele queria toca-lo. Eles eram tão parecidos... Será que suas peles se sentiam da mesma forma ao toque? Assim que estendeu a mão para tocar o outro androide, Connor recebe uma mensagem do departamento de polícia. E pelo visto, Nove também tinha recebido a mensagem, pois seu LED tornou-se mais vibrante e seus olhos azuis abriram-se instantaneamente. Ele olha para Connor e seus olhos se encontram, por alguns segundos, eles apenas se encaram, e então o RK900 quebra o silêncio:
— Um caso novo surgiu.
— Vou acordar o tenente. — Connor levantou-se do sofá, tomando cuidado para não pisar em Sumo no processo. Nove o observou ir enquanto ligava para o detetive Reed.
*** *** ***
Distrito de Delray – 05:20 AM.
Congelando. Era assim que Connor se sentia. Desde que saíram de casa, um alerta azul acompanhado de um termômetro havia aparecido em sua interface mental, alertando-o sobre o risco de congelamento. Connor tinha certeza de que o mesmo estava acontecendo com Nove, mas o androide permanecia em silêncio. Aguentando firme.
O vento impetuoso assobiava por entre as janelas quebradas das casas abandonadas, fazendo parecer que estavam em um cenário de filme de terror. Delray era um lugar decadente a muito tempo, bem antes de toda essa história de androides começar, e mesmo com a revitalização e reconstrução da cidade, Delray nunca consegui recuperar-se do abandono. Mesmo assim, algumas pessoas ainda vivem por aqui. As pessoas que não tem mais para onde ir, acabam buscando abrigo ou alguma forma de conforto nesta área esquecida de Detroit. Era algo realmente deprimente de se ver.
As luzes das viaturas da polícia e drones de vigilância indicavam o local: McMillan School. Um colégio abandonado a muito, muito tempo. O lugar havia sido isolado pela polícia, faixas holográficas por toda a parte, para manter os poucos curiosos longe. Como era de se esperar, Joss Douglas, do Canal 16, também estava presente, e assim que os três saíram do carro, ele não perdeu tempo em cerca-los para fazer suas perguntas.
— Tenente Anderson! Joss Douglas para o Canal 16. — apresenta-se, animado como sempre — Ouvimos alguns rumores sobre desaparecimentos de divergentes na cidade, você acha que o que aconteceu aqui tem alguma coisa a ver com isso?
— Eu não tenho autorização para falar sobre o caso. — Hank simplesmente passa, ignorando o repórter. Connor e Nove fazem o mesmo.
Assim que atravessam a faixa de isolamento, eles encontram Gavin encostado em uma árvore. Os braços cruzados fortemente em frente ao peito, em uma tentativa de manter-se aquecido, suas roupas grossas e um pouco grandes demais o faziam parecer ainda menor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu, Amor (EM HIATO TEMPORÁRIO)
FanfictionOs androides venceram a batalha por Detroit, mas o preço de sua vitória foi alto. Dentre as vítimas, estava Simon, que sacrificou sua própria vida para salvar a de Markus. Sentindo-se culpado, Markus está disposto a fazer o que for preciso para traz...