Capítulo 20: Fantasmas e Memórias.

221 15 31
                                    

Dois dias antes...

15 de Dezembro de 2038 – 09:00 PM.

Detroit; Residência de Elijah Kamski.

O laboratório estava parcialmente escuro, apenas os monitores e algumas luminárias espalhadas serviam para impedir que o lugar mergulhasse no breu total. Não havia o tic-tac dos ponteiros do relógio, nem música, mas você poderia ouvir o cientista trabalhando. O som inconfundível de ferramentas e metal.

Naquele mesmo dia mais cedo, Elijah recebeu a informação do DPD de que eles finalmente haviam encontrado sua querida Chloe, mas infelizmente, algum maníaco a havia desativado. Por mais que os detetives insistissem que ela agora era prova do crime, Kamski não lhes deu ouvidos e a levou de volta para onde ela realmente pertencia: para casa.

Depois disso, desde que voltaram para casa, Kamski se trancou em seu laboratório/oficina e, como o pai da robótica moderna, o homem fazia o seu melhor para restaurar sua obra prima. Mas seja quem for, eles não haviam apenas conseguido desativa-la permanentemente, não... eles a destruíram!

Seu perfeito e belo corpo foi profanado. Elijah encarava as peças metálicas que não faziam parte de seu projeto original; eram brutas e pesadas, não compatíveis com o software de pele sintética que ele tinha desenvolvido. Quem quer que tenha criado esses biocomponentes, estava pensado em algo realmente resistente mas não se importava com a estética. "São máquinas e ele quer que todo mundo veja isso", Elijah pensou consigo mesmo, e de repente ergue uma sobrancelha, como se lembrasse de algo. Ou alguém...

Ele olha para Chloe, os buracos de tiros de calibre 12 que haviam atravessado o seu peito, levando com eles biocomponentes extremamente importantes. Ele fechou os olhos dela, pois assim pareceria que ela estava apenas em estase... sonhando em um dia viajar para o Ártico e ver as Auroras Boreais dançando sobre o gelo.

— O que fizeram com você, bela flor? — Elijah sussurra, olhando para o rosto sem vida e o anel de LED agora cinza e frio.

Como o próprio criador, Elijah Kamski sabia que era impossível reativa-la. Chloe estava danificada além do reparo. O que não havia sido danificado pelas mãos humanas, a natureza tratou de fazer o trabalho muito bem. Porém, ainda havia algo que o cientista podia fazer. Ele faria alguma coisa e ajudaria a polícia a descobrir quem estava por trás de tudo isso e, a única forma de fazer tal coisa, seria acessando ás memórias de Chloe.

Segundo o que o RK900 – Nove – o disse na cena do crime, e o que ele mesmo constatou, a CPU da RT600 estava aparentemente intacta. Era perceptível que não havia sofrido nenhum dano externo, mas isso não significava grade coisa. Eles tinham que torcer para que os dados não tivessem sido corrompidos por um malware ou algo do tipo, e que o frio não tenha danificado muito as conexões cibernéticas. E só havia uma forma de descobrir.

Elijah pegou suas ferramentas, e começou a trabalhar cuidadosamente em abrir o crânio da androide. Lá dentro, um globo um pouco maior do que uma bola de tênis repousava. Era metálico, levemente translucido e parecia brilhar suavemente na baixa luminosidade. Um cérebro positrônico não pesava mais do que alguns gramas, uma coisinha frágil e delicada, porém, possuía o poder de processamento mais potente do que qualquer computador existente, podendo executar exaflops de processamento e armazenar milhares de dados.

Com as mãos enluvadas, Kamski delicadamente pega o cérebro e o transfere para uma pequena plataforma que havia sobre sua mesa de trabalho. Era como uma caixa de vidro, cuja a base era conectada as seus computadores. Dessa forma, ele poderia fazer as leituras das linhas de software e dos arquivos de memória da mesma forma que faria se pudesse conectar os cabos ao corpo.

Eu, Amor (EM HIATO TEMPORÁRIO)Onde histórias criam vida. Descubra agora