03 de Dezembro de 2038 – 04:27 PM.
Em algum lugar de Detroit.
As pessoas que permaneceram em Detroit não ousavam por seus rostos para fora de casa, talvez por medo de congelarem seus narizes. Sejam eles orgânicos ou sintéticos. E em tempos de crise como este, aproveitadores surgiam de todos os cantos mais escusos da cidade. Relatos de roubos e outros delitos tornaram-se comuns nos últimos dias.
Desde os eventos ocorridos a três semanas, quase metade dos oficiais do Departamento de Polícia de Detroit haviam deixado a cidade com o intuito de proteger seus familiares e muitos dos androides da polícia também tinham ido embora, o que fez com que aqueles agentes que permaneceram, estivessem sobrecarregados, fazendo todo o possível para manter as coisas fluindo.
E aqui estava o velho Impala 77 em uma ronda pela cidade. Este não era o trabalho deles, mas alguém precisava fazê-lo.
No rádio, uma música punk/rock do início dos anos 2000 tocava em uma altura moderada. Hank cantarolando alguns trechos da música inteligível, enquanto Connor pesquisava algo no tablet.
— O que é isso? — A curiosidade de Hank havia levado a melhor sobre ele.
— Tenente? — o garoto ergue a cabeça confuso com a pergunta repentina.
— Você está mexendo nesse treco a uns 20 minutos. — Aponta para o tablet — O que você está lendo?
— Oh, sim. — Connor levanta o aparelho e o vira para que Hank pudesse vê-lo melhor. Seus olhos castanhos de cachorrinho espiando logo acima da tela.
— Sol & Mar? — dizia o título da matéria que o androide estava lendo. Hank franziu as sobrancelhas, reconhecendo aquele sentimento de déjà vu. — Está pesquisando roteiros de viagem?
— Dizem que a cidade do Rio de Janeiro é uma ótimo escolha nesta época do ano! — Connor parecia animado, seu LED rodopiando em um azul alegre, mas Hank apenas bufou resmungos. — Sol, praia, muitas festas e uma excelente culinária.
— Connor, eu já te disse que eu-- — mas o garoto androide o interrompe antes de terminar o seu sermão.
— Eu sei o que você disse, tenente. — Ele desliga o tablet e o joga para o banco de trás. Toda sua animação indo para o ralo. — Sei que você não está deixando a cidade, não importa o que eu diga. — O androide praticamente resmungou as últimas palavras. Ele cruza os braços e olha para a paisagem urbana que passava por eles. Ainda estava nevando.
— Ok, se não era pra tentar arrastar minha bunda pra fora dessa cidade, pra que é isso?
Connor apenas suspirou e ficou em silêncio por um instante, seu LED circulando em um amarelo vibrante antes de retornar ao azul típico. — Fui ativado a seis meses, — ele diz. — e até hoje, tudo o que vi foi apenas chuva e neve.
— Bem... Isso é coisa da estação. — O tenente comenta, ganhando sua atenção. — Não é como se fosse ficar essas bosta fria e úmida pra sempre! Acredite em mim, Detroit é um lugar legal na primavera. — Um sorrisinho desenhou-se em suas feições cansadas e Connor copiou o gesto. Ainda era um pouco travado e esquisito, mas o garoto estava começando a pegar o jeito.
— Eu só... Eu nunca saí dessa cidade. Gostaria de conhecer outros lugares.
— Olha, quando as coisas melhorarem... talvez nós possamos tirar umas férias e ir pra algum lugar bacana. — Sugere — Tive o suficiente de estresse nesse último mês, tô cansado dessa merda! — Connor ri.
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Eu, Amor (EM HIATO TEMPORÁRIO)
FanfictionOs androides venceram a batalha por Detroit, mas o preço de sua vitória foi alto. Dentre as vítimas, estava Simon, que sacrificou sua própria vida para salvar a de Markus. Sentindo-se culpado, Markus está disposto a fazer o que for preciso para traz...