08 de dezembro de 2038 – 11:42 AM.
Residência de Carl Manfred.
Enquanto os policiais trabalhavam na análise e processamento da cena, Simon manteve-se longe, espiando tudo do segundo andar por detrás das grades do mezanino, e sempre dava um jeito de se esconder quando alguém olhava para cima.
Simon havia sido reativado a apenas dois dias e, a cada hora que se passava, mais perguntas surgiam. Qual era a situação entre humanos e androides? O que estava acontecendo na cidade? Seu povo havia encontrado um novo lar? E a questão mais importante de todas: Por que Markus o trouxe de volta? Simon, como sempre, não o questionou. Ele esperava que o líder abordasse o assunto por si mesmo, mas... parece que isso não vai acontecer.
Depois que Connor, seu amigo humano e os outros agentes foram embora, a equipe de limpeza de cenas do crime chegou para finalizar o trabalho. Quando eles também partiram, o sol já havia se erguido por detrás das nuvens a muito tempo.
Jimmy descobriu que a cafeteria favorita de Carl havia reaberto, e o pintor decidiu que seria melhor tomar seu café da manhã lá do que em uma sala cheirando a alvejante! Então, sem Carl e Jimmy em casa, Markus e Simon estavam definitivamente sozinhos.
Markus finalmente sobe as escadas e encontra Simon no mesmo lugar em que havia o visto pela última vez. Ele estava sentado no chão, encostado contra a estante de livros e com uma edição antiga de capa dura nas mãos. Ele estava tão absorto em sua leitura que quase não percebe Markus se aproximando, e quando o faz, recebe o outro androide com um sorriso tênue.
Markus senta-se ao seu lado com um suspiro, ergue uma sobrancelha e move a mão esquerda para ver a capa do livro que Simon estava lendo.
— Vejo que você encontrou um dos meus livros.
— Você leu "O Hobbit"!? — Simon soava incrédulo, mas divertido.
— O que? — Markus aponta para si mesmo — Não pareço o tipo de pessoa que se interessa por histórias de anões, tesouros e dragões?
— Não. — Simon responde rindo, e Markus sente como se pudesse ouvir aquele som para sempre. Sem dúvidas, tornou seu dia um pouco melhor.
— Você tem razão. — Markus ri junto — Mas nem tudo é o que parece.
— Sim, sim... você tem razão.
— Em que capítulo você está?
— Ainda estou no início da história... — Responde, lembrando-se de colocar um pedacinho de papel ofício para marcar a página antes de fechar o livro — Adivinhas no Escuro.
Depois disso, os dois ficam em silêncio por um longo momento. Apenas ouvindo o suave e quase imperceptível zumbido de seus sistemas de resfriamento e os eventuais sons da casa antiga. Simon detestava ser aquele que precisava estourar a frágil bolha de paz. Afinal, depois do que aconteceu hoje, ele não poderia deixar isso passar.
— Markus... eu sei que você não quer me preocupar sobre isso, mas... O que está acontecendo?
Simon olha para Markus esperando por respostas, mas o líder divergente permanece em silêncio e de olhos fechados. Markus estava acordado, ele sabia disso, e havia ouvido sua pergunta, mas então por que não respondia? Simon estava pronto para retornar ao seu livro quando Markus finalmente começa a falar.
— Queria dar-lhe apenas boas notícias, mas elas são poucas e quase insignificantes em relação ao completo caos em que estamos vivendo.
— O que quer dizer? — Simon coloca o livro de lado novamente e abraça os joelhos.
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Eu, Amor (EM HIATO TEMPORÁRIO)
Hayran KurguOs androides venceram a batalha por Detroit, mas o preço de sua vitória foi alto. Dentre as vítimas, estava Simon, que sacrificou sua própria vida para salvar a de Markus. Sentindo-se culpado, Markus está disposto a fazer o que for preciso para traz...